GPA (PCAR3): “recado” da empresa pode fomentar novas investidas pelo Éxito? No que ficar de olho em meio à volatilidade da ação

Mais uma vez, GPA recusou a oferta de magnata colombiano pela sua subsidiária, evidenciando condições para que uma futura oferta fosse aceita

Lara Rizério

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Novamente, a oferta feita pelo magnata colombiano Jaime Gilinski pelo Éxito não convenceu o GPA (PCAR3).

Na véspera, a varejista brasileira informou que seu seu Conselho de Administração recusou a segunda oferta feita por Jaime Gilinski em 18 de julho para adquirir uma participação de 51% no Éxito por US$ 586 milhões.

Cabe destacar que as ofertas têm contribuído para a volatilidade das ações: às vésperas da segunda proposta ser anunciada, na terça-feira, os ativos PCAR3 saltaram na reta final do pregão (+4,80%), para caírem forte na sessão seguinte (-4,62%) e registrarem uma leve recuperação na quarta. Já nesta sexta, o dia é de ganhos de cerca de 1% para os papéis, também seguindo o dia positivo do mercado em geral.

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A decisão do conselho de recusar a proposta foi unânime, com base no fato de que o valor proposto não atendia aos parâmetros financeiros adequados e, portanto, não era do melhor interesse do GPA e de seus acionistas. A lista inicial era semelhante aos motivos apresentados para a recusa da primeira oferta feita em 28 de junho.

Além disso, a empresa listou oito requisitos mínimos necessários para que o conselho do GPA considere futuras ofertas, uma vez que o processo de cisão está em andamento.

São elas: (i) pagamento de prêmio de controle; (ii) acordo que inclua não solicitação de quaisquer obrigações de indenização a acionistas do Éxito não exigidas legalmente; (iii) taxa de desmembramento, que será depositada em uma conta de custódia; (iv) comprovação de evidências para o financiamento da aquisição; (v) um cronograma claro e detalhado para a execução da transação;(vi) estudo prévio sobre o processo de análise antitruste;(vii) plano de negócios para o Éxito após a transação; (viii) compromisso de apoiar as decisões futuras do GPA em relação à sua participação remanescente no Éxito, incluindo possíveis mudanças nos termos atuais da cisão ou outras alternativas para monetizar a participação remanescente do GPA no Éxito.

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De acordo com o fato relevante, o processo de cisão continuará a evoluir conforme previamente anunciado ao mercado; dessa forma, a segregação do Éxito deverá ser concluída nas próximas semanas.

O Bradesco BBI, à primeira vista, apontou, contudo, ter tido uma visão positiva sobre a segunda oferta de Jaime Gilinski.

Em nota anterior, os analistas do banco mencionaram que o GPA Brasil tem uma estrutura de capital desequilibrada e, embora a margem bruta esteja se recuperando lentamente, a empresa ainda tem um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) negativo em 12 meses.

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“No entanto, o GPA decidiu detalhar as oito exigências listadas, o que nos esclareceu sobre as negociações em andamento. Dada a disputa histórica entre Gilinski e a GEA pelo Grupo Nutresa durante 2021-2023, vemos alguns dos termos como requisitos mínimos razoáveis para uma M&A [fusão e aquisição] de US$ 600 milhões”, avaliam os analistas do BBI.

De modo geral, aponta, a segunda oferta de Gilinski mostra uma forte disposição desse investidor estratégico em adquirir o Grupo Éxito.

“Em nossa opinião, é provável que o processo de licitação continue nas próximas semanas até que o spin-off seja concluído”, avaliam os analistas do banco.

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Em suma, o BBI mantém a opinião de que a segregação das operações do GPA Brasil e do Grupo Éxito poderia gerar valor, uma vez que ambos os ativos combinados são negociados a 3,2 vezes o EV/Ebitda (soma do valor de mercado das ações com a dívida líquida/Ebitda) estimado para 2024, um desconto de 45% em relação às empresas brasileiras de varejo de alimentos sob a sua cobertura.

Já para a Guide Investimentos, o impacto é visto como positivo. A visão da casa é de que a oferta não refletia um preço adequado para a aquisição do controle da operação do Éxito, logo, vê a recusa da oferta como positiva.

“Além disso, acreditamos que a especificação das condições necessárias para o cancelamento do spin-off e aquisição do controle do Éxito pode fomentar a demanda pelo ativo por outros investidores estratégicos (Cencosud, InRetail e Callejas), o que seria benéfico para a companhia”, aponta a casa de research.

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O Goldman Sachs, por sua vez, reforça que a cisão do Éxito do GPA prossegue, mantendo recomendação neutra para os ativos PCAR3, com preço-alvo de R$ 20.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.