“Governos nunca viram o Bitcoin como uma ameaça”, diz Fernando Ulrich

Pioneiro de Bitcoin no Brasil, Ulrich ainda afirma que a criptomoeda não pode ser considerada uma proteção contra inflação

Rodrigo Tolotti

Publicidade

Apesar de toda discussão sobre regulação e o impacto das criptomoedas, especialmente o Bitcoin (BTC), no sistema financeiro, os governos ao redor do mundo não enxergam esses ativos como uma ameaça, segundo a avaliação de Fernando Ulrich, head de educação na Liberta Investimentos e pioneiro sobre cripto no Brasil.

“A única vez que isso ocorreu [governos se sentirem ameaçados pelas criptos] foi quando o Facebook anunciou a Libra”, disse ele durante a Expert XP citando o projeto já descontinuado da rede social de ter sua própria moeda digital.

Segundo ele, bancos centrais ao redor do mundo, principalmente de países emergentes como o Brasil, se sentiram ameaçados com a possibilidade dessa cripto do Facebook poder se tornar uma moeda rapidamente.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Criada com lastro em uma cesta de moedas fiduciárias – incluindo dólar, euro, iene, entre outras -, a Libra acabou sofrendo muitas críticas e perseguição de reguladores e governos, levando inclusive Mark Zuckerberg a depor no Congresso americano antes da empresa abandonar o projeto.

Ulrich avalia que foi com o anúncio da Libra que os BCs começaram a correr atrás do desenvolvimento de suas próprias moedas digitais, hoje conhecidas como CBDCs (Central Bank Digital Currency, na sigla em inglês).

“Dizem que essa é uma resposta dos governos às criptomoedas como o Bitcoin, mas eu digo que não é o caso porque elas [CBDCs] são centralizadas, podem ser monitoradas, controladas. Eu acho que essa é a pior forma de dinheiro possível”, avalia Ulrich.

Continua depois da publicidade

“Quando a gente tiver apenas as moedas digitais dos banco centrais e não mais o dinheiro em papel, eu acho que é quando o Bitcoin e outras criptomoedas serão notadas e as pessoas vão entender porque elas são necessárias”, disse.

Bitcoin e a inflação

Durante o painel, que contou ainda com a participação de William Knottenbelt, head da área internacional do CME Group, os especialistas avaliaram ainda a tese de que o Bitcoin pode ser considerado um ativo de proteção contra a inflação.

Muitos especialistas avaliam que a maior criptomoeda do mundo, por não ter correlação com governos e não sofrer com a atuação de bancos centrais, além de ter uma oferta limitada a 21 milhões de moedas emitidas, não recebe impacto inflacionário e pode ser uma proteção contra isso.

“Ainda é cedo para dizer que o Bitcoin é uma proteção contra inflação”, avaliou Knottenbelt, citando que é a primeira vez que a moeda digital passa por um cenário de alta inflação, já que a última vez que um cenário assim ocorreu nos Estados Unidos foi nos anos 1980.

“O tempo vai dizer. O mercado ainda está na primeira infância, e não passamos por nenhum ciclo de inflação alta”, disse.

Ulrich concordou com a avaliação, mas ressaltou que acredita que o Bitcoin ainda vai será uma proteção contra inflação quando se aproximar do limite de sua emissão de moedas. “Pode levar 50, 100, 500 anos para que o Bitcoin alcance uma condição plena de proteção inflacionária”, disse.

El Salvador não fez certo

Durante o painel, Ulrich ainda afirmou que não concorda com a abordagem tomada por El Salvador com sua abordagem de adotar o Bitcoin como moeda oficial do país.

Para ele, os governos deveriam eliminar as barreiras para que as pessoas utilizem criptomoedas caso queiram e não tornar seu uso obrigatório. “Não acho que obrigar a população a usar Bitcoin é o caminho”, conclui ele.

Até onde as criptomoedas vão chegar? Qual a melhor forma de comprá-las? Nós preparamos uma aula gratuita com o passo a passo. Clique aqui para assistir e receber a newsletter de criptoativos do InfoMoney

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.