Goldman recomenda venda para ações do Banco Inter em meio a desafios para monetização; papéis caem 2%

Há boas perspectivas de crescimento, mas ainda há desafios para que o banco justifique seu valuation, apontam os analistas em relatório

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Goldman Sachs se juntou ao Morgan Stanley no time dos mais pessimistas com o Banco Inter (BIDI4) e iniciou a cobertura para os ativos preferenciais da companhia com recomendação de venda.

O preço-alvo para os ativos preferenciais é de R$ 11, o que representa uma queda de 27% frente o fechamento de sexta-feira e fazendo com que os papéis BIDI4 fechassem em baixa de 2,21%. Na mínima do dia, as ações chegaram a cair 3,64%, a R$ 14,82.

Os analistas Tito Labarta, Jonathan Uriel Schajnovetz e Ashok Sivamohan, do Goldman, adotam visão mais cautelosa por conta dos resultados mais fracos do terceiro trimestre de 2019 levantando dúvidas sobre a capacidade de monetização da sua base de clientes em um ambiente de rápido crescimento.

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“Embora tenhamos boas perspectivas de crescimento para o banco, acreditamos que o desafio será monetizar efetivamente a base de clientes para justificar o valuation“, apontam em relatório.

Para o Goldman, dois aspectos devem ser observados com bastante atenção. Em primeiro lugar, está o Net Promoter Score (NPS) do banco, que mede a satisfação e lealdade dos clientes. Embora ainda esteja em 67, o valor tem caído desde o primeiro trimestre de 2019 (quando estava em 71).

Em segundo lugar, está o Custo de Aquisição de Clientes (CAC), que subiu por volta de 20% no último trimestre e fechou a R$ 22,37.

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Já a relação entre o preço da ação sobre o lucro esperada para 2020 é de 66,2 vezes, bem acima da média de 11,1 vezes dos seus pares, mostrando que a ação está cara.

Os analistas avaliam, contudo, que o banco possui cerca de R$ 1 bilhão em excesso de capital e uma base de clientes que pode triplicar para 4,1 milhões no fim do ano e quase dobrar novamente em 2020, para 7,6 milhões.

“Dito isto, o banco tem muito trabalho a fazer para monetizar sua base com taxas médias por cliente de apenas cerca de R$ 50. Esperamos que os empréstimos cresçam 45% este ano e 41% em 2020, colocando o banco no caminho para que o seu [Retorno sobre o Patrimônio Líquido] ROE mais que dobre e chegue a 14,6% em 2022, ante 7,2% esperados em 2020”, afirmam. Contudo, os analistas apontam que isto está mais do que precificado na ação.

Os analistas de mercado em geral, contudo, têm uma opinião dividida sobre o papel. De acordo com compilação feita pela Bloomberg das recomendações de analistas que cobrem os papéis, enquanto três recomendam venda, três sugerem manutenção e uma casa de análise, o BTG Pactual, recomenda compra para os ativos.

O BTG avalia que a empresa continua mostrando um bom momentum em termos de expansão e ativação da base de clientes, que deve continuar nos próximos trimestres. Além disso, os analistas avaliam que, com a chegada do SuperApp, pode haver continuidade da atração de ainda mais clientes e expansão das oportunidades de receita. “A monetização ainda não ocorreu, uma tendência que deve mudar apenas no próximo ano. Com tudo isso dito, recomendamos compra para as ações”, afirmam.

Resultados negativos

Vale ressaltar que, na quinta-feira, as ações BIDI4 chegaram a ter queda de até 5,69% após o banco divulgar os dados do terceiro trimestre, justamente pela visão de que o banco segue com ótima capacidade de atrair clientes, mas a monetização ainda segue lenta.

O banco Inter registrou lucro líquido de R$ 11,8 milhões no trimestre, queda de 38% na base anual, com um ROE de 3%, enquanto o Ebitda do terceiro trimestre somou R$ 3,6 milhões, um incremento de 1,4%. Já a margem Ebitda atingiu 0,7%, uma queda de 0,1 ponto porcentual.

A empresa atingiu a marca de 3,3 milhões de contas digitais, alta de 211% na comparação anual, com mais de 12 mil novas contas por dia útil em setembro de 2019. As receitas totais somaram R$ 297,3 milhões, crescimento de 37,8%.

Após os resultados, o Morgan Stanley cortou as estimativas para o lucro por ação de 2019 de R$ 0,14 para R$ 0,10, reiterando recomendação underweight (exposição abaixo da média do mercado) para os ativos.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.