Entenda por que a ação da Gol subiu 1.874% na estreia do novo ticker na Bolsa

As ações da Gol (GOLL3; GOLL4) passaram a ser negociadas sob os tickers GOLL53 (ordinárias) e GOLL54 (preferenciais)

Felipe Moreira

Avião da Gol decola do Aeroporto Internacional de Brasília -
27/05/2024
(Foto: REUTERS/Adriano Machado)
Avião da Gol decola do Aeroporto Internacional de Brasília - 27/05/2024 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

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Com o objetivo de evitar movimentos especulativos após o aumento de capital de aproximadamente R$ 12 bilhões, decorrente do encerramento do processo de recuperação judicial — que resultou na emissão de 8,2 trilhões de ações ordinárias e 968,8 bilhões de ações preferenciais — as ações da Gol (GOLL3; GOLL4) foram agrupadas em lotes de 1.000 unidades.

Com isso, os papéis passaram a ser negociados sob os tickers GOLL53 (ordinárias) e GOLL54 (preferenciais). As ações GOLL54 dispararam 1.874,04%, chegando a R$ 200,01.

Ao contrário da cotação próxima de R$ 1 até então, os papéis foram oferecidos a preços simbólicos: R$ 0,0002857142 por ação ordinária e R$ 0,01 por ação preferencial, resultando em uma diluição de 99,8% para os acionistas atuais.

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Com esse movimento, a Abra passou a deter, direta ou indiretamente, aproximadamente 80% do patrimônio da Gol.

Com a nova precificação, a B3 interveio para evitar movimentos especulativos. Assim, os tickers antigos (GOLL3 e GOLL4) foram substituídos por GOLL53 e GOLL54, e os papéis passaram a ser negociados apenas em lotes de 1.000 unidades.

“Se fosse permitido negociar por unidade, a ação ficaria travada em R$ 0,01, e qualquer variação positiva daria uma falsa impressão de ganho. Isso abriria espaço para manipulação e especulação”, afirma Welliam Wang, gestor da AZ Quest.

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A decisão da B3 teve como principal objetivo proteger os investidores, especialmente os de varejo, que devem ser os mais afetados pela mudança.

Isso ganha ainda mais relevância diante do perfil acionário da Gol, que hoje é amplamente pulverizado, com mais de 100 mil CPFs entre os detentores de papéis da companhia.

Nesse contexto, o cenário pode remeter ao caso das Lojas Americanas (AMER3), quando uma grande parcela de investidores pessoa física sofreu perdas significativas após o colapso das ações. “A história pode se repetir — e não faz tanto tempo que ela aconteceu”, alerta Wang.

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De acordo com a B3, a negociação das ações no mercado fracionário, ou seja, em quantidades inferiores a 1.000 unidades, será permitida.