Gestores temem guerra comercial “pela rapidez com que pode escalar”, diz analista XP

Fabiano Cintra, head de análise de fundo da casa, afirma, no entanto, que apesar do quadro, há ainda muita confiança na resiliência da economia americana

Augusto Diniz

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A XP realizou uma pesquisa com 11 gestoras globais com atuação no Brasil sobre as condições do mercado. Fabiano Cintra, head de análise de fundo da XP, fez uma avaliação do levantamento feito pela casa durante o programa Morning Call da XP, nesta quinta (5).

“A primeira mensagem é que a gestoras percebem que realmente existe muita incerteza global no momento, mas tem temas mais sensíveis que geram preocupação maior devido a rapidez com que a situação pode escalar”, disse.

Os três principais pontos comuns de preocupação das gestoras, dois se relacionam diretamente com os Estados Unidos.

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Tarifaço

“Um deles é o desenrolar da guerra tarifária e comercial, até onde isso pode desaguar e que pode acontecer como consequência”, comentou. Novas tarifas de importação adotadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, são o epicentro da guerra comercial.

O segundo ponto de preocupação é a reaceleração da inflação global. “Com isso, há uma consequente redução do crescimento nesse cenário”, disse.

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“O terceiro aspecto é a sustentabilidade da dívida americana e o quanto isso pode impactar de fato na trajetória de juros nos Estados Unidos”, apontou o analista.

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“O risco fiscal dos Estados Unidos voltou com força para o centro do debate global, com déficit crescente, custos elevados de refinanciamento dessa dívida e, acima de tudo, uma falta de visibilidade do que o governo americano fará, de fato, para mudar a trajetória da dívida pública”, pontuou.

Crescimento tímido

Avaliando outros dados da pesquisa, Fabiano Contra comentou que mais de 90% das gestoras acreditam que haverá um crescimento global mais tímido, porém sem recessão global.

“Sem dúvida, a gente tem prêmio de risco mais alto, volatilidade elevada e crescimento mais tímido, mas sem implicar em recessão”, comentou.

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O analista explicou que há uma expectativa grande do mercado pela redução de juros nos EUA e no mundo, mas num ritmo lento, fruto de não se ter visão clara da trajetória da inflação.

“Apesar do quadro, existe uma grande confiança na resiliência da economia americana. Podem ter incertezas, mas as oportunidades ainda estão lá, principalmente em setores ligados à tecnologia e a inteligência artificial”, disse.

Ele afirmou ainda que os gestores globais seguem vendo os Estados Unidos como protagonistas, embora estejam avaliando rotação e rebalanceamento de ativos em outros mercados, inclusive em países emergentes.