Gestora de US$ 37 bilhões desconfia da euforia com lucros globais

“Existe otimismo demais“, disse Robert Naess em Oslo na quarta-feira. “Definitivamente os níveis estão altos demais. Tenho certeza de que estou correto“

Bloomberg

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(Bloomberg) — Os investidores globais de renda variável talvez tenham esperanças exageradas para 2017.

Com a alta das ações, os analistas podem precisar reduzir suas expectativas. O maior risco para os mercados acionários vem na forma de resultados abaixo do esperado para a expansão dos lucros das empresas, acredita Robert Naess, que administra 35 bilhões de euros (US$ 37 bilhões) em ações no Nordea Bank, o maior banco da Escandinávia.

“Existe otimismo demais”, ele disse em entrevista em Oslo na quarta-feira. “Definitivamente os níveis estão altos demais. Tenho certeza de que estou correto.”

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As bolsas dispararam diante de sinais de estabilização da economia chinesa e apostas de que o presidente Donald Trump aumentará os gastos com infraestrutura, relaxará regulamentos e cortará impostos nos EUA. O Standard and Poor’s 500 avançou 28 por cento desde a mínima atingida em fevereiro do ano passado, de modo que a razão entre preço e lucro das componentes do índice supera 21 vezes, a maior desde 2009. Dados compilados pela Bloomberg apontam expectativa de crescimento do lucro por ação do S&P 500 de 15 por cento.

“Isso indica que está um pouco caro”, afirmou o gestor de 52 anos. Para ele, os investidores não devem se deixar enganar pelo crescimento do faturamento porque a lucratividade vai ser comprimida pelos reajustes salariais, motivados pela queda do desemprego. Com as margens já elevadas, as estimativas para os lucros corporativos precisam diminuir, ele afirmou.

Naess e o sócio Claus Vorm analisam quantitativamente milhares de empresas para construir uma carteira com aproximadamente 100 ações “entediantes”. Eles investem nas companhias com os lucros mais estáveis e evitam ações caras. Essa estratégia fez o Global Stable Equity Fund entregar retorno de 11 por cento em 2016. O retorno médio nos últimos cinco anos foi de 16 por cento, superando 96 por cento de seus pares.

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Neste ano, o fundo ampliou a participação na Ebay. No ano passado, os acréscimos mais expressivos foram em Walgreens Boots Alliance, Walt Disney, Verizon Communications e
Apple.

“É sempre melhor deter ações estáveis”, disse Naess. “As taxas de retorno são melhores no longo prazo. Boas empresas continuam sendo boas. Empresas mais cíclicas tendem a tropeçar de vez em quando.”

Além de superestimarem os lucros futuros das empresas, é provável que os investidores também estejam atribuindo “peso muito pequeno” aos riscos gerados pelas mudanças implementadas por Trump, como potenciais conflitos comerciais, disse Naess.

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“Ainda há risco com Trump mesmo se o mercado receber muito bem”, ele afirmou. “Há mais risco agora do que antes. A variedade de desfechos sob Trump é mais ampla.”