Gerdau tem tri marcado por força oposta: EUA seguirão compensando fraqueza no Brasil?

América do Norte continuou sendo o principal motor de crescimento da siderúrgica

Felipe Moreira

Linha de produção em uma planta de laminação a quente. REUTERS/Aly Song
Linha de produção em uma planta de laminação a quente. REUTERS/Aly Song

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Em um cenário desafiador para o aço no Brasil, marcado por importações elevadas de produtos planos e forte competição doméstica em produtos longos, a Gerdau (GGBR4) registrou lucro líquido ajustado de R$ 1,09 bilhão no terceiro trimestre de 2025, queda de 23,9% em relação ao mesmo período de 2024. Às 10h13, as ações da companhia caíam 1,50%, a R$ 18,44.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) ajustado das operações brasileiras foi de R$ 763 milhões, desempenho 13% inferior ao registrado no triemstre anterior, mas 10% acima das projeções do Goldman Sachs, principalmente devido a custos unitários de caixa menores, decorrentes de ganhos de eficiência na planta de Ouro Branco.

Por outro lado, o Goldman Sachs destaca que a América do Norte continuou sendo o principal motor, representando mais de 60% do EBITDA do trimestre, enquanto os resultados no Brasil se deterioraram ainda mais, atingindo uma margem de EBITDA de 10%, o menor nível em 10 anos.

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Segundo o banco, os resultados nos EUA continuam sendo apoiados por barreiras comerciais, com os volumes da Gerdau aumentando 10% em relação ao ano anterior. No cenário à vista, espera-se que o spread do metal seja mais forte no 4T, mas é necessário verificar com a gestão como volumes sazonalmente mais fracos podem impactar a rentabilidade geral.

O Goldman Sachs observa que uma possível isenção para Canadá/México no acordo USMCA poderia reduzir significativamente a tarifa de importação efetiva, mas a lucratividade da Gerdau nos EUA permanece forte.

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A boa geração de fluxo de caixa (FCF) no trimestre sustentou o anúncio de dividendos de 1,6% e a execução do programa de recompra de ações no trimestre.

Com um EBITDA anualizado entre R$ 10 e 11 bilhões, o FCF yield da Gerdau de 10% é atraente, mas a preocupação dos investidores é que os resultados nos EUA possam eventualmente cair, atualmente sustentados por políticas comerciais, antes que a rentabilidade no Brasil se recupere.

O Morgan Stanley, por sua vez, destacou que o EBITDA ajustado de R$ 2,737 bilhões ficou 1% acima da estimativa de consenso da empresa, de R$ 2,709 milhões, e 2% acima da própria estimativa de R$ 2,695 milhões. O resultado foi impulsionado por uma receita líquida ligeiramente maior e despesas gerais e administrativas menores, que mais do que compensaram o aumento marginal nos custos. O lucro por ação ajustado de R$ 0,54 superou o consenso em 9%.

O Morgan Stanley observou que o fluxo de caixa operacional de R$ 2,9 bilhões, excluindo a negociação de títulos de curto prazo, superou o consenso em 27%, mas ficou 20% abaixo de sua própria estimativa de R$ 3,6 bilhões.

A XP Investimentos destaca que resultados refletem os benefícios do portfólio geograficamente diversificado da Gerdau. O desempenho em linha com as estimativas combina um ambiente competitivo desafiador no Brasil e um sólido desempenho na América do Norte, apoiado por maior protecionismo em meio à expansão das medidas da Seção 232.

Olhando para o futuro, a XP espera um momentum positivo de lucros para a divisão da América do Norte, impulsionado por sólidas indicações de demanda refletidas nos recentes anúncios de aumento de preços, bem como um potencial ponto de inflexão para os preços no Brasil, impulsionando sua visão positiva para a Gerdau em 2026.

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Para BTG, a siderúrgica apresentou resultados razoáveis no 3T25, com desempenho operacional misto, refletindo força nos EUA e fraqueza no Brasil. Segundo o banco, o fluxo de caixa foi destaque, totalizando R$1 bilhão (yield anualizado de 11%), impulsionado pelo capital de giro.

Já o Itaú BBA classificou os resultados como neutros, uma vez que seguiram a mesma tendência observada no 2T25, com uma melhora sequencial na América do Norte compensando amplamente a deterioração no Brasil.

Analistas do BBA acreditam que as margens no Brasil podem apresentar uma leve queda adicional no 4T25 devido a um efeito residual negativo dos preços e menores volumes decorrentes da sazonalidade mais fraca. Por outro lado, as margens nos EUA podem permanecer saudáveis ​​apesar da sazonalidade fraca, com preços mais altos sustentando os spreads dos metais.

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Embora o EBITDA da Gerdau no 3T25 tenha ficado em linha com as expectativas do mercado e as condições do mercado siderúrgico brasileiro permaneçam desafiadoras, o Bradesco BBI considera a geração de caixa o ponto positivo. Diante disso, a reação do mercado no curto prazo do tom da administração em relação às tendências do 4T25 e dos planos da empresa para converter a força deste fluxo de caixa em dividendos e recompra de ações.

Recomendação de compra

O BTG avalia que a Gerdau está bem-posicionada, com um yield de fluxo de caixa livre projetados entre 10% e 12% e valuation atrativo de 4 vezes EV/EBITDA para 2026, mantendo Gerdau como principal escolha entre as siderúrgicas da América Latina. A recomendação de compra e preço-alvo de R$ 20.

A XP Investimentos mantém recomendação de compra na Gerdau, devido ao valuation atrativo.

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O Goldman Sachs, BBA e Morgan Stanley reiteraram recomendação de compra e preço-alvo de, respectivamente R$ 26, R$ 24 e R$ 22.

Já o Bradesco BBI mantém classificação neutra, com preço-alvo de R$ 17.