Gerdau, BB Seguridade e mais 9 destaques: o que os analistas acharam dos balanços desta quarta?

Sessão da bolsa nesta quarta foi marcada por eventos internacionais, mas diversas ações foram impactadas pelo noticiário corporativo, notoriamente de resultados

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – A bolsa teve uma sessão de forte volatilidade nesta quarta-feira, acompanhando principalmente o desempenho das bolsas americanas. No final da sessão, acompanhando o S&P500, o Ibovespa fechou em alta de 0,61%. 

Contudo, o noticiário corporativo também foi bastante movimentado, com destaque para a divulgação dos balanços. Enquanto a RD surpreendeu e foi a maior alta do Ibovespa com ganhos superiores a 9%, BB Seguridade teve ganhos, mas mais modestos, de cerca de 2%. 

Já a Gerdau teve uma sessão de perdas, mas mais amenas no final do pregão. Fora do benchmark da bolsa também houve destaques, caso da Guararapes, que viu seus papéis subirem mais de 3%, apesar do resultado misto.

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Veja as análises sobre os resultados desta quarta-feira que chamaram a atenção dos investidores: 

Gerdau (GGBR4)

A Gerdau apresentou um lucro líquido de R$ 373 milhões no segundo trimestre deste ano, desempenho 45,6% inferior ao reportado no mesmo intervalo do ano passado. No semestre, o lucro somou R$ 825 milhões, um decréscimo de 28,1%.

Para o Bradesco BBI, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) da Gerdau surpreendeu, vindo 4% acima das estimativas dos analistas do banco, embora em linha com o consenso do mercado. 

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“Nós esperamos que a Gerdau se beneficie das gradualmente melhores tendências para a demanda no Brasil”, avaliam os analistas Thiago Lofiego e Isabella Vasconcelos. De acordo com eles, a atividade da construção deve viver uma retomada no segundo semestre deste ano. 

A receita no segundo trimestre foi de R$ 1,57 bilhão, abaixo das estimativas do consenso Bloomberg, que apontavam para R$ 1,77 bilhão. 

A recomendação do Bradesco BBI para as ações GGBR4 é outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 22,00 por ação. 

Segundo a empresa, a produção de aço bruto e as vendas de aço apresentaram redução em razão dos desinvestimentos realizados no exercício anterior. Em 2018, foram vendidas as operações no Chile, na Índia e grande parte das unidades de vergalhão nos Estados Unidos.

“Mesmo com o aumento da receita líquida por tonelada vendida em todas as Operações de Negócios, os desinvestimentos afetaram a receita líquida consolidada no segundo trimestre quando comparada ao segundo trimestre de 2018”, diz a empresa.

A Gerdau aprovou ainda o pagamento de dividendos no montante de R$ 119 milhões (R$ 0,07 por ação) referente ao segundo trimestre. O pagamento ocorrerá em 28 de agosto, com base na posição acionária de 16 de agosto. As ações ficam ex-dividendos em 19 de agosto.

A Gerdau informou também por meio de fato relevante que, devido ao ritmo atual de investimentos, a previsão de desembolso de CAPEX para o ano de 2019 passou de R$ 2,2 bilhões para R$ 1,8 bilhão. Segundo a empresa, porém, permanece inalterada a estimativa de R$ 7,1 bilhões de desembolso para o período de 2019 a 2021.

BB Seguridade (BBSE3)

A BB Seguridade reportou um lucro líquido ajustado de R$ 1,087 bilhão no segundo trimestre deste ano, uma alta de 18,4%. No semestre, o lucro alcançou R$ 2,092 bilhões, crescimento de 15,1% e o maior resultado recorrente semestral da história da Companhia.

Os prêmios emitidos, no canal bancário, considerando a estrutura atual da Brasilseg, somaram R$ 2,510 bilhões, alta de 18,5%. Os prêmios, contribuições e arrecadação somaram R$ 14,590 bilhões no segundo trimestre, alta 10,3%.

O desempenho da emissão de prêmios de seguros no canal bancário, considerando a estrutura atual da Brasilseg, cresceu 17,2% no primeiro semestre de 2019.

Deste resultado, o destaque foi o seguro prestamista, com alta de 86,6%. Os seguros de vida (+5,1%), habitacional (+9,4%) e rural (+7,4%) também apresentaram um bom desempenho nos canais de distribuição do Banco do Brasil.

O volume de contribuições de previdência cresceu 21,3% no primeiro semestre de 2019, com aumento das contribuições médias e adição de novos planos. Já a captação líquida apresentou alta de 34,7% em relação ao primeiro semestre de 2018.

Ao final de junho de 2019, as reservas de previdência alcançaram saldo de R$ 272,7 bilhões, crescimento de 12,4% em 12 meses, com um índice de resgates se mantendo em 7,1%, o menor patamar da série histórica. O alto retorno dos fundos de previdência favoreceu o bom desempenho

Por fim, a arrecadação com títulos de capitalização apresentou crescimento de 12,5% no primeiro semestre, justificada tanto pelo aumento da arrecadação média quanto pelo crescimento de 10,9% na quantidade de títulos novos vendidos. Ao final de junho de 2019, as reservas de capitalização alcançaram saldo de R$8,8 bilhões.

A BB Seguridade informou ainda em fato relevante uma revisão nas projeções deste ano.

A variação do lucro líquido ajustado subiu de um intervalo entre 5% e 10% para 8% e 13%; a expansão dos prêmio emitidos proforma da Brasilseg (ex-DPVAT) aumentou de uma faixa entre 7% e 12% para 10% a 15%; enquanto a variação das reservas de planos de previdência PGBL e VGBL da Brasilprev foram elevadas de 7% a 10% para R$ 9% a 12%.

“A BB Seguridade entregou um trimestre que surpreendeu as nossas estimativas e do consenso”, afirma o Credit Suisse, destacando que a empresa também revisou guidances. “Esta revisão já era de certa forma esperada, mas ainda assim positiva, especialmente quando consideramos que a empresa não irá mais ter uma contribuição positiva vinda de IRB no segundo trimestre”, pontua.

“Enxergamos a BB Seguridade negociando a 15,3x 2020 P/E, número um pouco acima da média histórica de 14,8x. Quando olhamos para o nosso TP, o papel estaria negociando a 17x, patamar que consideramos justo, principalmente levando em consideração o menor ‘cost of equity’”, escreveu. A instituição mantém a recomendação de Outperform, mas elevou o preço-alvo de R$ 36,00 para R$ 40,00.

Guararapes (GUAR3)

Controladora da rede varejista Riachuelo, a Guararapes apresentou lucro líquido de R$ 54,9 milhões no segundo trimestre, montante 38,4% abaixo do obtido no mesmo período do ano passado, considerando os efeitos da norma contábil IFRS 16.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado avançou 4,4%, para R$ 234,8 milhões. Já a receita líquida consolidada subiu 4,4%, para R$ 1,860 bilhão. As vendas mesmas lojas, por sua vez, caíram 1,6%.

Para o Itaú BBA, a Guararapes registrou resultados fracos, tanto em termos de receita e margens comerciais, negativamente impactadas pelas reposições de estoques adotadas entre final do ano passado até o mês de abril. No entanto, a companhia apresentou uma aceleração sequencial no crescimento de vendas mesmas lojas, impulsionada pela nova estratégia adotada em abril.

“Isso sugere melhores perspectivas de receita para o segundo semestre e uma melhoria subsequente na produtividade das lojas”, destaca. “Antecipamos uma reação positiva das ações em função das perspectivas de curto prazo mais brilhantes, bem como da avaliação com desconto das ações versus seus pares”, acrescenta.

RD (RADL3)

A RD – Raia Drogasil – apresentou um lucro considerando IFRS 16 de R$ 140,745 milhões no primeiro trimestre deste ano, expansão de 13% ante o mesmo período de 2018. Já o lucro líquido ajustado registrou alta de 16,1%, para R$ 149,401 milhões.

O Ebitda ajustado, em IFRS 16, somou R$ 514,876 milhões, alta de 16,7%, com margem estável, de 11,6%. A receita bruta atingiu R$ 4,440 bilhões no segundo trimestre, aumento de 17,1%.

O Itaú BBA destaca, em relatório, ver um ponto de inflexão nos resultados da varejista de produtos farmacêuticos. Segundo o analista Thiago Macruz, embora em linha com estimativas, o desempenho deve ser visto pelo mercado como forte, “pois sugerem os passos iniciais para a reversão da tendência operacional mais fraca de 2018”.

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O analista pontua o crescimento de vendas mesmas lojas (SSS) acima da inflação nas lojas maduras e um ganho recorde de participação de mercado de 1,6 p.p. em relação ao ano anterior. 

“Além disso, a empresa experimentou apenas pequenas pressões de lucratividade, apesar de seus preços agressivos no segmento de genéricos”, destaca a equipe de análise. 

Iguatemi (IGTA3)

O Iguatemi apresentou lucro líquido de R$ 60,1 milhões entre abril e junho, despenho 0,8% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado.

O Ebitda somou R$ 137,6 milhões, alta de 3,9%. Já a margem Ebitda recuou 2,3 pontos porcentuais, a 73,4%.

O lucro líquido excluindo depreciação, amortização e efeitos não caixa (FFO) atingiu R$ 91,6 milhões (+4,3%), com margem de 48,8% (-1,4 p.p.). A receita líquida avançou 7,2%, atingindo R$ 187,6 milhões.

Para o Credit Suisse, os resultados de Iguatemi vieram bastante sólidos, como esperado. O SSS de 6,9% foi o mais alto dentre os pares e também o mais equilibrado, com vestuário entregando forte crescimento, “o que consideramos o principal fator para a recuperação do poder de precificação das operadoras dos shoppings.”

“O SSR também foi destaque, alcançando 10% (o maior desde quarto trimestre de 2013), o que indica que a empresa está conseguindo repassar o IGP-DI mais alto aos locatários”, destaca. No entanto, o crescimento da linha de aluguéis não acompanhou, devido a um aumento temporário na vacância, compensado por outras linhas, como serviços e “outras receitas”.

Valid (VLID3)

A Valid reportou lucro de R$ 6,3 milhões no segundo trimestre, em IFRS 16, montante 53,3% abaixo do registrado no mesmo período do ano anterior. O Ebitda ajustado recuou 17,5%, para R$ 63,6 milhões. A margem Ebitda, por sua vez, teve retração de 4,6 pontos porcentuais, para 13,7%.

A receita líquida total somou R$ 463,3 milhões, alta de 9,8%, puxada pelas divisões de Mobile e Meios de Pagamentos (menos no Brasil). O principal incremento de receita líquida veio do exterior, que totalizou US$ 64,4 milhões, alta de 16,4%.

A Valid registrou uma receita acima das expectativas, mas Ebitda, sem efeitos do IFRS 16, em linha, diz o Itaú BBA. “Não descartamos uma reação positiva com a receita acima, apesar da compactação da margem um pouco maior do que a esperada”, destaca.

CESP (CESP6)

A elétrica CESP reportou prejuízo líquido de R$ 4 milhões no segundo trimestre de 2019, revertendo lucro de R$ 340,9 milhões de um ano antes.

O Ebitda atingiu R$ 192,7 milhões, queda de 61%. Já o Ebitda ajustado subiu 114%, para R$ 218,592 milhões. A receita operacional líquida avançou 6%, para R$ 368,377 milhões.

A Cesp anunciou ainda o executivo Fabio Zanfelice deixa o posto de CEO, passando ao de chairman, no lugar de João Schmidt, que renunciou. Mario Bertoncini, que era CFO, passa a ser CEO, junto com a função de DRI. O novo CFO será Marcelo de Jesus.

Para o Credit, os resultados da CESP vieram em linha com as expectativas, impactados por uma alocação ainda ruim, mas apresentando algumas melhoras nas margens graças a uma performance de custos melhor e a alguma reversão nas provisões.

As receitas caíram refletindo a alocação pior, mas um pouco compensada pelo aumento nos preços dos contratos regulados e pelos preços médios mais altos no mercado livre.

Sobre a performance de custos, houve efeitos positivos dos custos mais baixos com energia adquirida, os analistas destacaram as reduções acima do esperado com pessoal, materiais, e serviços de terceiros, já refletindo o impacto do programa de demissão voluntária.

Arezzo (ARZZ3)

A Arezzo registrou um lucro líquido pro-forma de R$ 42,4 milhões no segundo trimestre, uma alta 27,9% na comparação anual. O Ebitda totalizou R$ 58,8 milhões, aumento de 4%, com uma margem Ebitda de 14,9% (-0,2 ponto porcentual).

A receita líquida alcançou R$ 393,5 milhões, aumento de 5,3%. As vendas mesmas lojas (same-store-sales) sell-out subiram 4,1% no trimestre.

A Arezzo reportou resultados mais fracos do que o esperado, “que mostraram uma desaceleração sequencial no desempenho de primeira linha, bem como a pressão de lucratividade associada à deterioração da margem bruta e maiores despesas com vendas, gerais e administrativas”, pontua o Itaú BBA.

Banco Pan (BPAN4)

O Banco Pan reportou um lucro líquido de R$ 117,7 milhões no segundo trimestre, uma alta 179% na comparação anual e de 22% sobre o primeiro trimestre. Segundo a empresa, este foi o melhor lucro operacional já registrado pelo Banco.

Os principais fatores que sustentaram os resultados foram a melhoria da margem financeira e as provisões de crédito recorrente sob controle. O retorno anualizado sobre patrimônio líquido médio foi de 11,2% no segundo trimestre, frente ao retorno de 9,3% do primeiro trimestre deste ano e de 4,2% do mesmo período do ano passado.

O retorno ajustado anualizado (não auditado) foi de 23,9% no segundo trimestre, ante 21,0% na comparação trimestral e 12,2% na anual.

O patrimônio líquido consolidado somou R$ 4,227 bilhões em junho, frente aos R$ 4,154 bilhões em março de 2019 e R$ 4,016 bilhões em junho de 2018.

O Índice de Basileia do Conglomerado Prudencial encerrou o segundo trimestre em 13,0% ante 13,8% na comparação trimestral e 13,7% na anual. 

De acordo com o Morgan Stanley, os resultados foram fortes, com expectativa ainda de crescimento na eficiência e lucratividade da instituição financeira. 

Engie Brasil (EGIE3)

A Engie Brasil reportou lucro líquido de R$ 385,4 milhões no segundo trimestre, desempenho 34,6% inferior ao do mesmo período do ano passado.

O Ebitda atingiu R$ 1,052 bilhão, uma retração de 13,7%. A margem Ebitda, por sua vez, recuou 8,8 pontos porcentuais, a 48,3%.

A receita operacional líquida somou R$ 2,176 bilhões no segundo trimestre, montante 1,9% superior ao mesmo período do ano passado.

O Brasil Plural destacou que, dada a menor alocação de energia e os preços spot mais fracos durante o segundo trimestre, a estratégia de sazonalização de energia da empresa impactou negativamente seu desempenho novamente, levando as receitas a ficar aquém das estimativas.

“Além disso, as despesas com energia ficaram acima das nossas estimativas, principalmente graças às despesas de negociação do volume elevado de energia no segmento de negociação durante o trimestre, arrastando as margens”, escreveu o analista Vitor Sousa.

A instituição reduziu a recomendação da Engie para Underweight, por conta de ter tido uma das mais expressivas valorizações no setor de energia neste ano, batendo o índice da Ibovespa. “Como resultado, o estoque atingiu seu pico histórico, com nosso TP não apresentando mais upside e a empresa tendo uma IRR implícita de apenas 5,6% em termos reais, justificando nosso rebaixamento no nome”, destacou, sinalizando preço-alvo de R$ 47.

Terra Santa Agro (TESA3)

A Terra Santa Agro reportou prejuízo de R$ 3,4 milhões no segundo trimestre, revertendo lucro de R$ 15,1 milhões do mesmo intervalo de 2018. O Ebitda atingiu R$ 19,2 milhões, queda de 82,6%. A receita líquida recuou 39,8%, para R$ 122,3 milhões.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.