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SÃO PAULO – O último encontro do G20 mostrou uma convergência entre a posição dos países desenvolvidos e as reivindicações das nações em desenvolvimento. Na ocasião, muitas promessas foram feitas, mas poucas se transformaram em medidas efetivas. Com a proximidade da próxima reunião do bloco – que ocorrerá nos dias 24 e 25 de setembro, em Pittsburgh – crescem as expectativas quanto às conclusões sobre o atual cenário econômico global.
Segundo relatório divulgado nesta quarta-feira (23), a RGE Monitor acredita que “as ações coordenadas e unilaterais dos articuladores de políticas econômicas desses países e outros (…) ajudaram a parar a ‘queda livre’ econômica”. Os analistas destacaram que o foco principal da próxima reunião do G20 deve novamente ficar em torno de uma regulação financeira mais rígida.
Promessas
Entre as promessas que foram feitas pelo G20 no último encontro, por exemplo, estava a injeção de recursos no FMI (Fundo Monetário Internacional), parte deles para financiar o comércio internacional em queda, e parte para prevenir crises futuras. Além disso, o G20 também se comprometeu a estender a regulação e a supervisão a todas as instituições e instrumentos financeiros sistemicamente importantes.
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De fato, meses depois, o clima de recuperação econômica já é sentido pela maioria dos países. A despeito disso, o Société Générale destacou que uma das principais promessas do G20, o não-protecionismo, foi desrespeitada pelas nações-membro do bloco econômico.
“O GTA (Global Trade Alert – instituição criada por pesquisadores acadêmicos para contabilizar as repostas protecionistas à crise financeira) estima que, desde novembro de 2008, a economia global já soma 192 ações protecionistas e tem 48 medidas adicionais sob suspeita de terem prejudicado algum interesse comercial estrangeiro”, avaliou o banco.
Segundo os analistas, dessas 192 medidas, 121 foram tomadas por países do G20. O Société alertou para que uma maior atenção seja dada a este assunto pelo bloco econômico, uma vez que o protecionismo tende a crescer, apoiado pelo aumento no desemprego, que continua pressionando os políticos.
Estratégias de saída
Outro ponto que, segundo os analistas, deve ser considerado pelo G20 é a estratégia de saída que cada país deverá adotar para, aos poucos, cortar os estímulos fiscais e as ajudas financeiras às economias sem que isso impeça ou prejudique o fortalecimento econômico em curso.
“O cenário econômico melhorou desde o último encontro em abril, mas o desafio de navegar para um crescimento sustentável e igualmente difícil, e o período que está chegando traz o risco de imprevistos para os articuladores de políticas econômicas, ao passo que os países começam a planejar suas estratégias de saída”, previu a RGE.
O SocGen, por sua vez, concluiu que a crise financeira foi fruto de falhas no atual sistema financeiro internacional. “Se estes problemas não forem resolvidos, poderão ocorrer novamente as ‘bolhas’ no mercado acionário observadas em 2005, ou até mesmo uma repetição da recente crise”, concluiu.