Futuro político incerto e enrolado em pelo menos 10 processos: o que espera por Donald Trump após a presidência

Além de seguir lutando contra o impeachment, Trump enfrentará muitos processos, indo de briga de família até abuso sexual

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Donald Trump deixou a presidência dos Estados Unidos na última quarta-feira (20) para dar lugar ao democrata Joe Biden, e apesar de ter dito em seu último discurso que voltaria “de alguma forma”, seu futuro é incerto e o processo de impeachment correndo contra ele pode impedi-lo de tentar concorrer novamente em 2024.

Mas uma coisa parece certa na vida do magnata: ele terá de enfrentar os tribunais diversas vezes por conta de muitos (pelo menos dez) processos contra ele, envolvendo casos de antes mesmo de assumir a presidência.

Ao deixar o cargo mais importante do mundo, Trump também perdeu sua imunidade e agora não terá como escapar da Justiça. São pelo menos dez acusações diferentes contra ele, indo de briga de família até abuso sexual.

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O problema mais sério que o ex-presidente enfrenta está em Nova York, onde o promotor do distrito de Manhattan, Cyrus Vance, tem investigado vários crimes financeiros, incluindo supostos pagamentos secretos de Trump a uma estrela de filmes adulto e a uma modelo da Playboy na véspera da eleição de 2016.

Michael Cohen, o ex-advogado de Trump – agora em prisão domiciliar por mentir ao Congresso e outros crimes, incluindo violações de financiamento de campanha – diz que seu antigo chefe o instruiu a pagar essas mulheres, Stormy Daniels e Karen McDougal, para evitar revelações de casos extraconjugais que poderiam ter prejudicado sua corrida presidencial. O republicano nega as acusações.

Este caso está cercado de imbróglios e o ex-presidente saiu na frente com a dificuldade dos promotores em provarem que houve algum tipo de suborno. Por outro lado, Vance está analisando anos de dados da Trump Organization para tentar identificar se houve falsificação de registros de negócios relacionados aos pagamentos.

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Ainda baseado no depoimento de Cohen ao Congresso, a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, está investigando o que ela diz serem práticas comerciais fraudulentas nas quais Trump e sua organização inflaram o valor de seus ativos ao solicitar empréstimos e os esvaziaram para evadir responsabilidade fiscal. A Trump Organization diz que o inquérito de James tem motivação política.

Outro processos também estão pendentes em Nova York, incluindo um envolvendo Elizabeth Jean Carroll, uma ex-colunista, e Summer Zervos, ex-participante do programa “O Aprendiz”. Em 2019, Carroll afirmou que Trump a estuprou no camarim de uma loja de departamentos em Manhattan, enquanto Zervos disse que ele a assediou sexualmente no set.

Desde que assumiu o cargo de líder da Casa Branca, Trump se viu envolto a diversas acusações de uso de seu poder para lucrar com suas empresas, o que é crime. Mesmo assim, nada foi provado e nenhum caso seguiu adiante.

O único que parece ter força é o processo movido por Karl Racine, procurador-geral de Washington D.C., Ele diz que alguns membros da família Trump fizeram um bom negócio consigo mesmos quando o comitê inaugural – uma instituição de caridade isenta de impostos – usou fundos sem fins lucrativos para pagar ao Trump International Hotel US$ 175 mil por dia para sediar eventos durante a posse de 2017.

Segundo o procurador, essa é uma violação da lei do Distrito de Columbia que rege a operação de organizações sem fins lucrativos. Em 11 de janeiro, Racine fez outra alegação, afirmando que a organização sem fins lucrativos pagou uma conta de US$ 49 mil que deveria ter sido feita pela Trump Organization.

O ex-presidente também pode enfrentar alguns novos desafios baseados no que ocorreu desde sua campanha presidencial em 2020 e também com o resultado da eleição.

Ainda antes do pleito, Trump foi acusado de realizar um telefonema em julho de 2019 pedindo que o presidente da Ucrânia investigasse o então pré-candidato Joe Biden e seu filho Hunter, em um tentativa de prejudicar o democrata em sua corrida pela Casa Branca. Esse caso culminou no primeiro impeachment sofrido pelo republicano.

E só em 2021 mais duas situações também podem gerar processos. A primeira envolve um telefonema vazado em que o então presidente pressiona autoridades da Geórgia a “encontrarem” votos suficientes para reverter o resultado no estado e tirar a vitória de Biden na região.

Uma semana depois, apoiadores de Trump invadiram o Capitólio, onde fica o Congresso dos EUA, e o republicano foi acusado de incitar a insurreição, o que levou ao seu segundo impeachment – processo que ainda será julgado no Senado e pode até retirar seus direitos políticos.

Nunca um presidente dos EUA teve o impeachment aprovado pelo Senado. Além de Trump, Andrew Johnson e Bill Clinton também tiveram seus processos de impeachment aprovados pela Câmara, mas foram absolvidos pelo Senado. Richard Nixon, por sua vez, renunciou antes de o processo ser votado na Câmara. Nenhum ex-presidente do país já foi preso.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.