Fundos de criptomoedas têm aplicação mínima de R$ 500: saiba quando vale a pena investir

Fundos têm se tornado boa opção para quem quer se expor ao mercado de criptomoedas, mas com riscos reduzidos

Rodrigo Tolotti

SÃO PAULO – Desde que surgiu, o Bitcoin tem tido muita dificuldade de se disseminar, seja porque algumas pessoas não entendem o seu conceito ou porque grandes corporações (principalmente bancos) lutam contra a ideia de uma moeda descentralizada.

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A volatilidade e o maior risco dos criptoativos acaba dificultando a entrada de novos investidores neste mercado, mas isso pode estar mudando com o surgimento de novas opções de exposição às criptos. E uma alternativa que tem ganhado força no Brasil é o investimento em fundos ligados a moedas virtuais.

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Apesar dos criptoativos ainda não serem regulados no Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) não permitir o investimento de fundos diretamente em moedas virtuais, três gestoras já estruturaram produtos bastante diferentes para quem quer se expor neste mercado, mas não quer comprar diretamente os ativos.

A primeira a oferecer uma opção foi a BLP, que hoje conta com dois fundos locais, o BLM Criptoativos FIM (voltado para o varejo) e o BLP Crypto Assets FIM (para investidores profissionais). Ambos, porém, funcionam como “fundos alimentadores” de um outro constituído nas Ilhas Cayman, o Genesis Block Fund.

Segundo o sócio e gestor da BLP, Axel Blikstad, os fundos contam com uma gestão ativa, com os gestores atentos às movimentações do mercado, comprando e vendendo ativos olhando sempre para os diferentes projetos de criptomoedas, analisando suas premissas e finalidades.

Nesta estratégia, a carteira do Genesis Block Fund fica dividida em: 80% investido nas maiores criptomoedas e outros 20% em projetos menores ou ICOs (Oferta Inicial de Moeda, na sigla em inglês). Já para os fundos locais, as teses seguem regras estabelecidas pela CVM no Brasil, sendo que o fundo de varejo tem exposição máxima de 20% a criptomoedas, enquanto o profissional chega a 100%, sendo que o resto é constituído por títulos da dívida pública.

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“Foi muito difícil criar este produto, mas quisemos buscar apenas os melhores administradores e auditores para conseguirmos algo sólido”, explica Blikstad ressaltando que a BLP investe apenas com exchanges no exterior, contando ainda com o apoio da maior empresa de custódia de criptos do mundo, a Coinbase.

O investimento mínimo para ter acesso aos fundos é de R$ 1.000, com taxa de administração de 1,5% ao ano para o fundo de varejo e de 2% para o profissional.

Veja os detalhes dos fundos:

Índice de criptomoedas

Entre os maiores “concorrentes” no mercado brasileiro para os fundos da BLP estão as opções disponibilizadas pela Hashdex, que logo de cara se diferencia por sua estrutura passiva, focada no investimento em um índice de criptomoedas criado pela própria gestora.

Aqui são três fundos locais: Discovery (varejo), Explorer (qualificado) e Voyager (profissional), que seguem a mesma regra, com exposições de 20%, 40% e 100% em criptomoedas.

Porém, esta exposição ao mercado de criptos ocorre por meio do fundo HDAI (Hashdex Digital Assets Index), lançado pela Hashdex e negociado na bolsa americana Nasdaq. Em resumo, o que o cliente faz ao investir é adquirir cotas destes fundos que aplicam em uma cesta de criptomoedas.

Segundo Stefano Sergole, sócio e diretor de distribuição da Hashdex, os ativos deste índice são selecionados respeitando quatro critérios técnicos:

Além disso, ele ressalta que estão excluídas da cesta de ativos as chamadas stable coins, ou seja, aquelas moedas digitais com lastro, como o Tether (pareado com o dólar americano) e a Libra, a polêmica cripto do Facebook. As mudanças na carteira de ativos ocorre trimestralmente.

“O mercado começa com fundos passivos. Eu não consigo dizer ainda que um gestor é bom para comprar barato e vender caro, mas tenho um desconforto de que isso será uma classe de ativos e eu não tenho alternativa, então a gente aproveitou e surfou bem essa onda [das criptomoedas]”, explica Segole sobre a estrutura passiva do fundo.

Para o gestor, a melhor forma de exposição às criptomoedas hoje é de forma indireta, usando um fundo regulado. “Podemos até pensar em outras formas para o futuro, mas a principal questão agora é se a pessoa quer ou não estar exposta a este mercado”, afirma.

Outro importante diferencial dos fundos da Hashdex está na liquidez, com a gestora se mostrando a melhor opção dentre as disponíveis neste quesito. O prazo de resgate máximo, do fundo Voyager, é de 15 dias, sendo o menor, do Explores, chegando a 7 dias, sendo 5 dias corridos para cotização e 2 dias úteis para o pagamento.

Vale ressaltar que, desde dezembro de 2019, o fundo voltado para investidores qualificados passou a ser oferecido na plataforma da XP Investimentos via assessoria, com investimento mínimo de R$ 10 mil. A ideia, segundo, Segole, é conseguir em breve lançar os outros dois fundos na plataforma da corretora.

Veja os detalhes dos fundos:

Investindo diretamente no exterior

Também criada por brasileiros, a terceira opção surge com um investimento diretamente no exterior, nos fundos da gestora Transfero Swiss. Apesar de não estar disponível nas plataformas de corretoras brasileiras e ser preciso transferir dinheiro diretamente para a Suíça, onde a gestora está localizada, estes fundos tem bons atrativos para os mais aficionados por criptomoedas.

Aqui não existe um fundo-espelho no exterior ou índice. Por conta da falta de reconhecimento do Bitcoin como ativo financeiro no Brasil, a empresa decidiu sediar seu fundo nas Bahamas. Com isso, sua estratégia é de gestão ativa, com a compra e venda direta de moedas virtuais. Além disso, o investidor tem a opção também de investir e cotizar diretamente por Bitcoin, transferindo a cripto para a gestora.

“Temos concorrentes interessantes, mas pouco sofisticados”, afirma Thiago Cesar, cofundador e CEO da Transfero Swiss. A gestora acredita que seus concorrentes, por conta das escolhas de estratégias, possuem um valor agregado mais baixo em termos de geração de retorno para os investidores.

A gestora também oferece três opções de fundos, com estratégias bem diferentes em comparação com seus concorrentes. Todos com investimento mínimo de US$ 10 mil.

O primeiro, chamado de Advanced, utiliza critérios objetivos e quantitativos, utilizando modelos matemáticos e estatísticos para identificar tendências na hora de comprar e vender criptomoedas. Além disso, a gestora usa robôs para realizar as operações.

No segundo, batizado de Counter Cyclical, tem uma estratégia de proteção, sendo um fundo passivo que investe 75% em ouro e 25% em Bitcoin, sendo rebalanceado trimestralmente. Segundo Cesar, este tem sido o fundo mais buscado por investidores nos últimos meses.

Por fim, a Transfero conta ainda com o fundo Conservative, que faz arbitragem física de Bitcoins, ou seja, compra e vende a moeda digital entre diversas exchanges para ganhar na diferença de valor entre elas. Ao mesmo tempo, o fundo pode alocar parte do capital em estratégias quantitativas. O objetivo é o retorno absoluto em dólar e não em real.

Veja os detalhes dos fundos:

Vale a pena investir?

Para quem quer se expor ao mercado de criptoativos, mas tem medo ou não tem tempo para acompanhar diariamente os preços, os fundos surgem como uma boa alternativa, já que colocam na mão de alguém mais experiente a gestão de compra e venda dentro deste mercado.

Além disso, os fundos conseguem reduzir a volatilidade e o risco do investimento no mercado de criptos. Se por um lado isso pode ser bom para quem não quer se arriscar tanto, é preciso ter em mente que o retorno também pode ser reduzido se comparado ao próprio Bitcoin.

Em 2019, o fundo de gestão mais ativa da Transfero (Advanced) foi o de melhor desempenho, retornando 190% ao investidor com sua gestão ativa de compra e venda de tokens usando modelos matemáticos. Com isso, foi o único que bateu o próprio Bitcoin, que subiu 92% ano passado.

É importante ressaltar, porém, que o histórico ainda é baixo para todos os casos. Destas alternativas, o fundo mais antigo negociado no Brasil, o BLP Crypto Assets, tem apenas dois anos. No caso da Hashdex, o que está a mais tempo no mercado é o Discovery, com seis meses. Por conta disso, foi o único com desempenho negativo no acumulado do ano.

Porém, os números abaixo mostram que o bom desempenho, tanto do Bitcoin quanto dos fundos de cripto, veio principalmente no primeiro semestre. Com isso, considerando o período de existência do fundo da Hashdex, apenas os fundos mais conservadores da Transfero (Conservative e Counter Cyclical) conseguiram um desempenho positivo.

Mesmo que estejam se tornando tão atrativos quanto o próprio Bitcoin, os fundos devem ser usados como forma de diversificação de carteira, com o investidor mantendo um percentual baixo de seu capital total neste segmento.

Stefano Sergole, da Hashdex, diz que defende para seus clientes de que a exposição ao mercado de criptos deve ficar entre 1% e 5%, um pensamento bastante disseminado entre especialistas em criptomoedas. Ou seja, investir via fundos é uma boa opção de entrada para o investidor, mas nem por isso é um investimento menos arriscado.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.