Fleury (FLRY3): analistas questionam pressão nas margens e controle de custos; ações caem

Resultados da empresa no quarto trimestre foram impactados por sazonalidade e Copa do Mundo

Mitchel Diniz

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As ações do Fleury (FLRY3) fecharam o pregão desta sexta-feira (17) em baixa, após a divulgação dos resultados da empresa no quarto trimestre de 2022. Os papéis caíram 2,22%, a R$ 14,51.

Os três últimos meses do ano costumam ser mais fracos para o principal negócio do grupo, de medicina diagnóstica. Em 2022, especificamente, a empresa ainda enfrentou uma demanda menor durante a Copa do Mundo de futebol. Analistas já previam resultados mais fracos, contudo questionam até quando as margens vão seguir pressionadas e o quanto a empresa está de olho nos custos.

O Morgan Stanley avalia que o resultado foi fraco, mas afirma que o mercado já esperava por isso. O quarto trimestre costuma ser impactado pela sazonalidade, com o agravante de que a Copa do Mundo, durante o período, resultou em volumes menores nos dias dos jogos.

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O banco também observa que o crescimento da receita do Fleury no quarto trimestre foi impulsionado, principalmente, pela consolidação de fusões e aquisições, com destaque em marcas regionais e novos links. As receitas orgânicas cresceram apenas 2% em bases anuais.

O banco acredita que as margens da empresa vão seguir pressionadas e calcula que as potenciais sinergias da fusão com Hermes Pardini (PARD3) já estão bem precificadas na ação.

“A estratégia de crescimento do Fleury focada em novos links [ortopedia, oncologia, entre outros setores] e na sua plataforma de saúde apresenta riscos aos ganhos de margem e pode limitar chances de uma reclassificação”, escreveram os analistas Javier Martinez e Artur Alves.

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O banco tem classificação underweight, exposição abaixo da média do mercado, para FLRY3, com preço-alvo de R$ 14,80.

O Itaú BBA, por sua vez, tem recomendação outperform (desempenho acima da média, equivalente à compra) para o papel, com preço-alvo de R$ 19. A casa também avalia que os resultados da empresa no quarto trimestre foram fracos, mas em linha com o esperado, afetados pela sazonalidade.

“Os volumes foram mais altos em relação ao ano anterior, mas desaceleraram, enquanto o tíquete médio continuou caindo. As margens foram apertadas, mas em linha com nossas previsões”, escreveram os analistas Vinicius Figueiredo, Lucca Marquezini e Felipe Amancio.

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O Credit Suisse afirma que é cedo dizer se a redução de volumes no quarto trimestre, em comparação ao terceiro, se limita à sazonalidade ou pode incluir uma frequência progressiva de normalização em diagnósticos.

“Acreditamos que algum excesso de demanda pós-Covid ainda possa existir e não esperamos um crescimento expressivo em diagnósticos no longo prazo”, escreveram os analistas Mauricio Cepeda e Pedro Caravina.

Ainda assim, o Credit afirma ver Fleury como uma tese defensiva, com possibilidade de ganhos. “A companhia está preservando crescimento orgânico em margens de níveis atraentes, apesar do ambiente desafiador”, afirmam os analistas.

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O Credit Suisse tem avaliação neutra para FLRY3, com preço-alvo de R$ 16.

O BofA, por sua vez, afirma ver um cenário positivo para o Fleury no primeiro trimestre de 2023, de maiores volumes e reajuste de preços, turbinando uma expansão de margem Ebitda para 29%.

“O ano de 2023 vai ser importante para definir os próximos do Fleury. Ainda que a empresa tenha a oportunidade de expandir seu ecossistema e acelerar a consolidação de seu crescimento, também vemos riscos de execução em tocar diferentes projetos ao mesmo tempo, especialmente em novas verticais”, escreveram os analistas.

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O BofA reiterou sua recomendação de compra para FLRY3, com preço-alvo de R$ 24.

Os analistas Rafael Barros e Raphael Elage, da XP, escreveram que gostariam de ver um crescimento orgânico mais consistente para ter uma visão mais positiva em relação ao papel.

Pelo lado positivo, a casa destacou o crescimento positivo de dois dígitos em todas as marcas, com a exceção da própria marca Fleury, que parece ter sido mais impactada pela sazonalidade.

Os analistas também destacaram a alavancagem financeira de 2,1 vezes a dívida sobre o Ebitda, “o que confere maior flexibilidade para a empresa em relação aos seus pares no cenário atual”. A casa tem recomendação neutra para o papel, com preço-alvo de R$ 29.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados