Fibria diz ver alavancagem em queda mesmo com financiamento para expandir Três Lagoas

"Se o câmbio e o preço da celulose continuarem (subindo), minha alavancagem, mesmo tomando essas dívidas para o projeto, vai continuar em queda", disse o diretor de finanças da Fibria, Guilherme Cavalcanti

Reuters

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SÃO PAULO – A Fibria (FIBR3) não pretende usar mais capital próprio no financiamento da expansão de sua fábrica em Três Lagoas (MS) pois já conseguiu levantar linhas de crédito suficientes para desenvolver o projeto a custos competitivos, afirmaram executivos da companhia nesta quarta-feira, acrescentando que a alavancagem deve se manter em queda.

A maior produtora global de celulose de eucalipto anunciou na véspera duas operações para financiar a nova linha de produção de celulose na fábrica de Três Lagoas: a distribuição pública de certificados de recebíveis do agronegócio (CRAs) totalizando 500 milhões de reais, montante que pode atingir 675 milhões de reais, e aditamento a contrato de pré-pagamento de exportação no valor de 400 milhões de dólares.

“Se o câmbio e o preço da celulose continuarem (subindo), minha alavancagem, mesmo tomando essas dívidas para o projeto, vai continuar em queda”, disse o diretor de finanças da Fibria, Guilherme Cavalcanti, em teleconferência com jornalistas nesta quarta-feira.

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“Mesmo tomando dívidas vou poder pagar dividendo e continuar com uma alavancagem para pensar em M&A (fusões e aquisições) e inclusive investir em novos negócios”, afirmou.

Segundo a Fibria, o custo médio de financiamento do projeto quando todas as linhas forem levantadas vai sair entre 2,5 e 3 por cento em dólares por um prazo médio entre cinco e seis anos, abaixo do custo médio total da dívida da Fibria em dólares ao fim do segundo trimestre, que ficou em 3,6 por cento ao ano.

Os CRAs têm prazo de seis anos com cupom máximo de 102,5 por cento da taxa CDI, enquanto a reabertura do pré-pagamento de exportação sindicalizado tem prazo médio de 5 anos e custo médio da taxa Libor de três meses mais 1,43 por cento ao ano.

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“Vou tomar todas essas linhas e meu custo médio de dívida vai diminuir”, disse Cavalcanti, acrescentando que a taxa do CRA tende a ser comprimida a níveis mais baixos no processo de bookbuilding e que a operação vai servir para reduzir o custo de uma captação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A companhia também pode ter financiamento de agências de crédito à exportação e do Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste.

A previsão é usar capital próprio para financiar 40 por cento do valor total do projeto, com investimento previsto de 7,7 bilhões de reais. A expansão vai elevar em 1,75 milhão de toneladas anuais a capacidade produtiva da unidade no Mato Grosso do Sul, para 3,05 milhões de toneladas anuais.

O presidente da Fibria, Marcelo Castelli, disse que a empresa deve manter a alavancagem medida em dólar abaixo de duas vezes. Em junho, o indicador, medido pela dívida líquida sobre o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em dólares, estava em 1,95 vez.

O avanço do dólar, que beneficia as exportações da companhia, e o preço da celulose, elevado pela Fibria quatro vezes neste ano, vêm beneficiando sua geração de caixa. De abril a junho, a empresa teve Ebitda ajustado trimestral recorde de 1,157 bilhão de reais, alta de 95 por cento sobre o segundo trimestre do ano passado.

O último aumento do preço da celulose foi anunciado em agosto, de 20 dólares por tonelada do insumo nos Estados Unidos, Europa e Ásia, com validade a partir de 1o de setembro.

“Nossa expectativa é de que o aumento de preços emplaque dadas as condições de mercado balanceadas e apertadas. Continuamos vendo o mercado comprador”, disse Castelli. O executivo vê a demanda pelo insumo ainda firme, sem reestocagem na cadeia.

(Por Priscila Jordão)