Ferro, urânio, lítio ou cobre: onde estão as melhores oportunidades na mineração?

Setor de minério de ferro deve se aproveitar do “ano do tigre” chinês em 2022, com Olimpíadas de Inverno e as eleições (no fim do próximo ano)

Felipe Alves

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Após um ano de muita volatilidade nos ativos de minério, a expectativa de analistas é de que o setor cresça em 2022 mesmo em meio a mais um ano desafiador. Mas, entre ferro, urânio, lítio e cobre, onde estão as melhores oportunidades no setor global de mineração?

Para responder a esta pergunta a Ohmresearch reuniu três especialistas do segmento nesta quinta-feira (2), durante o evento Ohmresearch Global Insights 2022.

O setor de minério de ferro deve se aproveitar do “ano do tigre” chinês em 2022, segundo Gilberto Cardoso, especialista em commodities e mineração, ex-executivo da ArcelorMittal, Vale, BHP e Anglo American.

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Após um ano de montanha russa para o preço do minério de ferro, que alcançou US$ 200 por tonelada em maio, houve estabilização até julho e queda no segundo semestre devido ao suprimento de demanda e declínio da produção do minério.

Segundo o especialista, dois acontecimento na China devem afetar o minério em 2022: as Olimpíadas de Inverno (em fevereiro) e as eleições chinesas (no fim do próximo ano).

Gilberto Cardoso destaca que o governo chinês tem imposto restrições fortes na produção de aço no país, principalmente para tentar demonstrar um controle do impacto ambiental para o mundo.

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“Estão tentando mostrar para o mundo que eles estão compromissados com as questões ambientais. E essa mão pesada do governo (chinês) reflete no preço das commodities. É por isso que o minério de ferro caiu depois do meio do ano”, explica.

Mas ele projeta que 2022 será positivo para o minério de ferro, especialmente após as Olimpíadas. A expectativa é que os setores de infraestrutura e manufatura ganhem tração e a produção do minério de ferro deva acelerar.

Neste cenário, o especialista destaca duas empresas do setor: Vale (VALE3) e a Fortesecure Metals Group (FMG). Para ele, a Vale é bem competitiva por ter qualidade de materiais melhores do que os outros, apesar dos custos com frete.

“Vale e FMG terão performances fantásticas comparando com margens de vendas e com destaque para aspectos ESG. Vão pegar o crescimento de 2022”, projeta ele, ao afirmar que a companhia brasileira está muito descontada e há um potencial “ótimo” de upside para a estatal.

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Leia Mais: Como investir em commodities? IM responde

Mercado de lítio e cobre para ficar de olho

Ricardo Fernandez, estrategista em ações e analista para América Latina, deu dicas sobre o melhor ativos de lítio e cobre do momento.

Segundo ele, o lítio, muito usado em baterias, precisa ter sua produção elevada em 15% a 20% por ano para atender o fim do ciclo do motor de combustão, especialmente com a crescente demanda de veículos elétricos no mundo.

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Ele lembra que os preços do lítio em 2018, quando as empresas de carro elétrico começaram a expandir agressivamente, subiram de US$ 6 mil por tonelada para US$ 15 mil por tonelada.

Com a pandemia, a produção de lítio paralisou e voltou para a casa dos US$ 5 mil e hoje está cotado a US$ 18 mil por tonelada.

O analista destaca duas ações do setor: Albemarle (A1LB34) e Sociedad Química y Minera de Chile (SQM ou SOQUIMICH). “Essas empresas podem crescer 20% por ano ao longo dos próximos cinco anos”, projeta ele.

Ricardo Fernandez diz preferir SOQUIMICH, pois ela negocia em metade do valuation da Albemarle. “A SOQUIMICH é a maior produtora de lítio do mundo e será assim pelos próximos cinco anos. Não são ações baratas, mas estão no olho do furacão em termos da revolução dos carros elétricos”, destaca.

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Conforme o especialista, a demanda por cobre vai aumentar no mundo nos próximos anos, principalmente por conta da ampliação dos motores elétricos. Mas essa demanda não deve crescer tanto quanto a do lítio.

A China, segundo ele, é o principal consumidor de cobre do mundo, com 60% do volume total. Cerca de metade disso é para construções residenciais – o que pode ser um problema já que o setor chinês passa por apertos em decorrência de vários fatores, com destaque para a crise da empresa Evergrande.

O analista não acredita que o preço do cobre subirá tanto nos próximos anos, já que dependerá da demanda e do quão rapidamente as construções residenciais na China serão reduzidas.

Ohmresearch Global Insights
Roberto Attuch Jr e Gilberto Cardoso (acima); Martin Tixier e Ricardo Fernandez (abaixo)

Como investir em urânio

Martin Tixier, estrategista crédito corporativo, soberano e macro internacional global, destaca que os yellowcakes são bem promissores quando se fala em energia sustentável para o futuro. Yellowcakes é um material concentrado de urânio.

A demanda por urânio pode crescer de 130% a 150% nos próximos anos e o consumo anual de urânio está crescendo em 16% com a finalização da construção de 57 reatores.

O estrategista destaca a empresa do Cazaquistão KazAtomProm (0ZQ) que é o maior player do mundo em urânio e pode aumentar significativamente sua produção. A companhia tem margem Ebitda de 60% e é 8 vezes mais barata que a Cameco, sua concorrente direta.

“A KazAtomProm poderá aumentar seu lucro em 6,5x ao longo dos próximos 5 anos, em função de custos mais baixos e política de dividendos, por isso está sendo negociada com descontos”, afirma Martin Tixier.

Ele destaca que muitos países estão colocando urânio na sua matriz energética e que os preços do metal subiram em 2021 e deverão continuar crescendo em 2022.

Para os investidores que quiserem se expor ao urânio, Martin Tixier dá a dica de dois ETFs: o URA e o URNM.

Segundo ele, URA não é 100% dedicado a urânio. Ele prefere o ETF URNM, que tem 100% de exposição a ativos ligados ao metal.

“Das ações de urânio, esse ETF tem a melhor performance, apesar de ser bastante volátil. É uma boa jogada de longo prazo”, destaca ele. O ETF URNM começou em dezembro de 2019 com ativos de US$ 30 milhões e hoje está com US$ 900 milhões.

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