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O Federal Reserve deve manter a taxa de juros inalterada nesta quarta-feira, conforme seus membros avaliam os sinais de arrefecimento da economia e o risco de aumento da inflação devido às tarifas de importação dos Estados Unidos e à escalada da crise no Oriente Médio, e em meio a novas demandas do presidente Donald Trump por reduções dos juros.
Falando horas antes da divulgação da decisão do Fed e das projeções atualizadas para juros e a economia, Trump disse que não espera que o Fed corte os juros nesta quarta, mas acrescentou que, em sua opinião, a taxa já deveria ter sido reduzida em dois pontos.
O presidente também criticou o chair do Fed, Jerome Powell, como uma “pessoa estúpida”.
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“Acho que ele me odeia”, disse Trump sobre Powell em comentários a repórteres, nos quais culpou o Fed por tornar mais caro para o governo dos EUA financiar seus déficits. “Ele deveria. Eu o chamo de todos os nomes existentes.”
Desde que definiu sua taxa na faixa atual de 4,25% a 4,50% em dezembro, o Fed tem observado as perspectivas econômicas ficarem nebulosas, principalmente depois que Trump voltou ao poder em janeiro e reformulou a política comercial dos EUA, anunciando taxas sobre produtos importados.
Embora muitas das tarifas tenham sido adiadas, a questão não foi resolvida e está no radar das autoridades do banco central dos EUA.
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Os preços do petróleo também têm subido após o ataque de Israel ao Irã na semana passada e trocas de mísseis entre os dois inimigos regionais, enquanto os dados sobre o mercado de trabalho, as vendas no varejo e outros aspectos da economia dos EUA sugerem que o crescimento pode estar enfraquecendo.
Dados divulgados nesta quarta mostraram que o setor imobiliário está em baixa. O início de construções de moradias caiu quase 10% em maio, atingindo o menor nível desde os primeiros meses da pandemia de Covid-19 em 2020, enquanto as permissões caíram 2,0%, em um sinal de futura oferta fraca.
As autoridades do Fed disseram que buscam clareza sobre o caminho da economia rumo a uma inflação mais alta ou a um crescimento mais fraco antes de dar novas orientações sobre os juros, mas, até o momento, a perspectiva de aumento dos preços e de desaceleração do emprego continua sendo uma possibilidade.
Uma pesquisa da National Association for Business Economics divulgada na segunda-feira mostrou que os economistas esperam que o crescimento do PIB em 2025 caia para 1,3%, abaixo dos 1,9% projetados em abril, com a inflação fechando o ano em 3,1%, um ponto percentual acima do dado de abril e acima da meta de 2%.
Os entrevistados disseram que a taxa de desemprego, que era de 4,2% em maio, terminará este ano em 4,3% antes de iniciar um aumento constante para 4,7% no início de 2026.
Com os riscos para as metas de inflação e de emprego do Fed e as questões não resolvidas sobre os planos de Trump, os investidores esperam que o banco central fique onde está pelos próximos meses, sem novos cortes até setembro. Trump tem exigido uma redução imediata nos custos de empréstimos.
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O banco central dos EUA cortou os juros três vezes em 2024.
“A preferência revelada pelo Fed é ficar em espera devido à incerteza de Trump. Eles são sempre um grupo conservador e, com riscos para ambos os lados de seu mandato, a tendência é esperar e ver se os próximos meses resolverão seu dilema”, escreveu Dario Perkins, economista da TS Lombard, em uma análise.
O Fed divulgará sua decisão junto das projeções econômicas e para a taxa de juros dos membros às 15h (horário de Brasília) desta quarta-feira, após o término de sua reunião de dois dias. Powell concederá uma coletiva de imprensa meia hora depois.
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As projeções fornecerão uma noção atualizada de como as autoridades esperam que a economia evolua nos próximos meses e de como a política monetária pode precisar reagir.
A mais recente rodada de projeções, em março, mostrou que eles esperavam realizar dois cortes de 0,25 ponto percentual na taxa de juros até o fim de 2025, uma visão que corresponde às apostas atuais do mercado.