FBI tira o fôlego do Ibovespa, mas não impede sua 4ª alta semanal seguida; dólar sobe 1,3%

Índice ganhou fôlego após cair 0,73% com notícia de que FBI reabriu investigação sobre Hillary Clinton e encerrou o dia em leve alta de 0,09%, renovando máxima do ano; dólar subiu 1,29% hoje

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa mergulhou nesta sexta-feira (28) com a notícia de que o FBI (Federal Bureau of Investigation) reabriu investigação sobre a candidata do partido democrata Hillary Clinton, mas conseguiu retomar o campo positivo na reta final. O índice subiu 0,09%, a 64.307 pontos, renovando sua máxima de fechamento do ano (maior patamar desde abril de 2012), na contramão das bolsas americanas, que, embora tenham ganhado fôlego após tombo mais forte com a notícia de Hillary, encerraram no negativo. Na mínima do dia, o benchmark do mercado brasileiro caiu 0,73%, a 63.777 pontos. O volume financeiro ficou em R$ 8,28 bilhões. O desempenho da economia americana mais forte do que o esperado e uma enxurrada de resultados corporativos no Brasil também ajudaram a trazer volatilidade ao mercado.

Já o dólar comercial encerrou em alta de 1,29%, a R$ 3,1965 na venda. “A poucos dias da eleição nos EUA (8/11), a notícia de que o FBI está retomando as investigações sobre o servidor de e-mail de Hillary é claramente uma notícia bem negativa, dado que deixa Donald Trump ainda mais vivo na corrida presidencial”, disse o diretor de câmbio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior. 

O diretor do FBI, James Corney, disse nesta tarde que a agência vai investigar os e-mails adicionais que surgiram com relação ao uso de um servidor privado que Hillary fez quando ocupava o cargo de Secretária de Estado. O FBI vai verificar se esses e-mails contêm informações secretas, disse.

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Apesar da turbulência hoje no mercado, o Ibovespa encerrou a semana em leve valorização de 0,31%, na sua quarta semana de alta consecutiva. Enquanto isso, o dólar subiu 1,13% no período, em meio à decepção do mercado com o fluxo vindo da repatriação. No início da semana, o mercado apostava que o dólar poderia ir abaixo dos R$ 3,10, principalmente após o Banco Central sinalizar chance de forte entrada de capital nos próximos dias, e isso não ocorreu, o que contribuiu para esse movimento de alta, comentou Faria Júnior. Segundo ele, por conta da decepção com o fluxo da regularização de ativos e expectativas de forte retirada de swaps pelo BC na segunda-feira e reunião do Fomc na próxima semana, o dólar deve buscar patamares mais elevados. “Devemos ver o teste dos R$ 3,25”, estima. 

Destaques desta sexta
Mais cedo, o mercado ficou de olho na economia americana, que mostrou avanço de 2,9% no terceiro trimestre, superando as expectativas por crescimento de 2,6% de analistas consultados pela Bloomberg. Foi o melhor resultado desde meados de 2014. Contribuiu para o bom desempenho da maior economia do mundo o aumento das exportações. O resultado indica recuperação mais rápida para a economia americana, que havia registrado crescimento de 1% na primeira metade do ano.

Com um melhor desempenho da economia do país, o mercado passa a avaliar mais chances de o Federal Reserve dar continuidade à política de menor flexibilidade monetária. Nos últimos dias, os investidores passaram a precificar o aumento de probabilidade de um novo aumento nos juros americanos já em dezembro. Segundo o economista-chefe da corretora Modalmais, Alvaro Bandeira, entrevistado pela Reuters, a aceleração na expansão da economia norte-americana também abre as portas para “novas altas no curso de 2017”.

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Altas e baixas
O tom do mercado hoje foi ditado por uma série de balanços corporativos. As ações da Usiminas lideraram a alta do Ibovespa, após a empresa informar recuo de 89% do prejuízo líquido no 3° trimestre, para R$ 114,4 milhões. Já a BRF avançava cerca de 4%. 
Apesar de resultados fracos “como esperado”, analistas ressaltavam que o mercado interno mostrou os primeiros sinais de recuperação, o que demonstra a resiliência da margem e participação de mercado. Do lado negativo, as ações da Ambev figuravam como a maior queda do índice neste pregão, após resultado ruim no 3° trimestre. Para saber tudo sobre o noticiário corporativo do dia, clique aqui.

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 USIM5 USIMINAS PNA 4,63 +11,30 +198,71 265,18M
 PCAR4 P.ACUCAR-CBDPN 59,90 +3,49 +43,14 76,14M
 BRFS3 BRF SA ON 54,09 +3,07 -0,68 236,05M
 GOAU4 GERDAU MET PN 4,77 +3,02 +187,35 130,31M
 RENT3 LOCALIZA ON 40,10 +2,56 +64,41 45,82M

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

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Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 JBSS3 JBS ON 9,75 -2,50 -17,35 117,77M
 ABEV3 AMBEV S/A ON 19,10 -2,05 +8,48 667,04M
 MRVE3 MRV ON 12,53 -1,73 +48,73 21,94M
 BBAS3 BRASIL ON 28,29 -1,57 +98,54 188,38M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 9,42 -1,36 +85,07 25,59M
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

 Agenda doméstica
O Planalto realizou nesta sexta-feira reunião dos 3 poderes. O encontro com os presidentes do Senado, Renan Calheiros, da Câmara, Rodrigo Maia, e do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, tinha como objetivo pensar soluções para segurança pública, segundo nota da Presidência. Além dos 4 líderes dos 3 Poderes, foram convidados a participar da reunião o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen.

Ainda no noticiário doméstico, destaque para a fala do presidente do Banco Central ao jornal Valor Econômico. Ele afirmou que o câmbio é flutuante e a tendência será respeitada. Ilan disse não ter qualquer preconceito em relação aos instrumentos de intervenção no mercado de câmbio e que o BC pode avaliar e entender que situação recomenda compra de reservas cambiais, retorno de leilões tradicionais de swaps ou reverso ou compra no mercado à vista, mas também pode decidir não intervir. O presidente do BC ainda apontou que a “repatriação é fato pontual com data para terminar” e destacou que, quando economia entrar em fase de recuperação e situação de crise estiver superada, será momento de discutir no governo sobre acumulação de reserva.

Também merece atenção a decisão do Supremo Tribunal Federal na véspera, considerando legítima a possibilidade de órgãos públicos cortarem o salário de servidores em greve desde o início da paralisação. Somente não haverá corte nos casos de a causa da greve for conduta ilegal do órgão público.

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(com Reuters)