Exportadores pedirão indenização bilionária a alguns bancos; 3 notícias sobre Petrobras e Oi e mais destaques

Confira os destaques do noticiário corporativo desta quarta-feira (5)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário corporativo é movimentado, com atenção especial para três notícias sobre Oi e Petrobras, além de uma notícia sobre bancos que podem impactar alguns papéis do setor na Bolsa. Confira os destaques desta quarta-feira (5):

Bancos

Destaque para uma notícia do jornal O Estado de S. Paulo que pode impactar algumas ações do setor financeiro nesta quarta-feira. Os exportadores brasileiros vão pleitear na Justiça uma indenização de aproximadamente R$ 70 bilhões por alegadas perdas provocadas pelo “cartel do câmbio”, um grupo de bancos investigado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) por suspeita de haverem atuado em conjunto para manipular a cotação do câmbio no período de 2007 a 2013. 

O valor exato da indenização ainda está sendo calculado. A estimativa toma por base as vendas médias anuais dos associados, de US$ 50 bilhões, e supõe que a perda provocada pelo cartel no período foi de R$ 0,20 por cada dólar exportado. Considerando esses dados, o prejuízo dos exportadores teria sido de R$ 10 bilhões por ano. Estão em andamento no Cade dois processos para investigar cartelização no mercado de câmbio. Um, envolvendo bancos internacionais, é desdobramento de investigações que correm nos EUA e que já resultaram em acordos nos quais os bancos desembolsaram US$ 5,6 bilhões.

O segundo processo foi aberto em dezembro e apura especificamente a atuação de instituições financeiras na manipulação da taxa no Brasil. Segundo informou o Cade à época, há “fortes indícios de conduta anticompetitiva” em pelo menos cinco instituições: BBM, BNP Paribas Brasil, BTG Pactual (BBTG11), Citibank e HSBC Bank Brasil (este adquirido recentemente pelo Bradesco). E há indícios de participação, “possivelmente em menor grau”, de outros cinco: ABN AMRO Real, Fibra, Itaú BBA, Santander Brasil (SANB11) e Société Générale Brasil. Consultados pelo jornal, BNP e BTG disseram que não iriam comentar. A assessoria do BBM disse que não localizou os porta-vozes responsáveis pelo assunto. O Bradesco, que adquiriu o HSBC, não se manifesta sobre assuntos que estejam sob avaliação administrativa ou judicial. O ABN Amro informou que não tem nenhum vínculo com o ABN Amro Real, adquirido pelo Santander em 2007. Citibank, Itaú BBA, Santander, Fibra e Société Générale não se pronunciaram até o fechamento da edição do jornal.

Ainda no setor,  mais de um ano depois, o governo tirou do papel a possibilidade de usar o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) como garantia de empréstimo consignado, aquele com desconto na folha de pagamento. Nesta terça-feira, a Caixa publicou as regras de funcionamento da linha de empréstimos, o que permite que outros bancos possam firmar convênios com as empresas para que seus trabalhadores tenham acesso ao financiamento.

Banco do Brasil (BBAS3)

Ainda no setor financeiro, o Banco do Brasil recebeu ofertas não vinculantes de mais de US$ 1,35 bilhão pelo Banco Patagonia, unidade da Argentina, e os bancos procuram fechar um acordo nas próximas semanas, disseram pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg.  Itaú Unibanco Holding SA, Banco Bilbao Vizcaya Argentaria SA e Banco Macro SA apresentaram as maiores ofertas pelo Patagonia, o 11º maior banco da Argentina em ativos, e passarão para a fase final com ofertas vinculantes, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas porque as conversas são privadas.  Banco Patagonia tem valor de mercado de cerca de US$ 1,97 bilhão, mas compradores pediram desconto para compensar inflação, o que reduz o valor da empresa em pesos. 

 

Petrobras (PETR3; PETR4)
A Petrobras finalizou a venda de 90% das ações da companhia na Nova Transportadora do Sudeste (NTS) para Nova Infraestrutura Fundo de Investimentos em Participações (FIP), gerido pela Brookfield. Segundo a estatal, a operação foi concluída com o pagamento de US$ 4,23 bilhões ocorrido na véspera.

O valor total recebido pela Petrobras é composto de US$ 2,59 bilhões referente à venda das ações e US$ 1,64 bilhão referente a debêntures conversíveis em ações emitidas pela NTS, com vencimento em 10 anos, para substituição de dívida com a Petrobras Global Trading. Os US$ 850 milhões restantes será pago em cinco anos e atualizado no período.

A Petrobras disse que continuará a utilizar as instalações de transporte de gás natural da NTS, por meio dos contratos de transporte de gás já existentes, sem qualquer impacto em suas operações e na entrega de gás para distribuidoras e demais clientes.

Além disso, a companhia informou que após o fechamento da operação, o FIP realizou a venda de parte de suas ações na NTS para a Itaúsa (ITSA4), que passa a deter 7,65% da Nova Transportadora do Sudeste. Segundo a holding do Itaú, o valor pago por esta fatia foi de US$ 292,3 milhões. A Itaúsa informou também que, do total investido no negócio, ela pagou R$ 696,9 milhões no ato. Outros US$ 72,3 milhões serão pagos em cinco anos a ser atualizado no período. A companhia adquiriu ainda debêntures conversíveis em ações da NTS, com vencimento em 10 anos e no valor de R$ 442,1 milhões.

Além disso, a norte-americana Exxon Mobil, maior petroleira de capital aberto do mundo, apresentou interesse em explorar áreas no pré-sal do Brasil, mas não há nenhuma negociação concreta entre a companhia e a Petrobras para uma parceria estratégica, disse na terça-feira o presidente da estatal brasileira, Pedro Parente.  A fala do executivo foi feita após o The Wall Street Journal informar mais cedo que a Exxon e Petrobras estão negociando parcerias, de acordo com informações de pessoas próximas do assunto.

“Sob o ponto de vista de trabalhos com vistas a se ter parceria estratégica, nós não temos nada de concreto com Exxon, mas certamente houve por parte deles uma manifestação de interesse muito grande na exploração do pré-sal brasileiro”, disse Parente, que falou brevemente com jornalistas após evento em São Paulo.

Ainda sobre a estatal, o Carf decidiu manter a tributação para IRPJ e CSLL de subsidiária holandesa de R$ 1,5 bilhão. A Petrobras alega, no entanto, que não foi intimada da decisão e que pode ir à Justiça. 

Cemig (CMIG4)

A portaria do Ministério de Minas e Energia formaliza que leilão de usinas que estavam sob controle da Cemig será realizado até 30 de setembro de 2017, confirmando comentários do
ministro Fernando Coelho Filho nesta terça-feira. Lote A será composto apenas pela Usina São Simão com potência instalada de 1.710,00 MW;  Lote B será formado pela Jaguara, Miranda e Volta Grande e Lote C pela Agro Trafo. 

O leilão será pelo critério de maior valor de bonificação e concessões serão outorgadas pelo prazo de 30 anos. No final de março, União obteve 3 vitórias judiciais relacionadas às usinas da Cemig, que ao serem novamente leiloadas terão recursos direcionados para União, que conta com a receita para cumprir metas fiscais. 

Fibria (FIBR3)
A agência de classificação de risco Standard & Poor’s reafirmou o rating da Fibria em “BBB-“, com perspectiva negativa, mantendo assim o grau de investimento da companhia. “A afirmação reflete nossa expectativa de que a alavancagem da Fibria deve se manter dentro dos limites do grau de investimento para 2017 e 2018, mas com pouca margem para absorver choques adicionais”, disse a S&P.

Gol (GOLL4)
A Gol informou que espera obter uma margem operacional de 12% a 12,5% em seus resultados do primeiro trimestre de 2017. Além disso, ela espera que a margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês), excluindo os resultados não recorrentes, deve ficar entre 16,5% a 17% no período.

Já a receita unitária de passageiro (prask) registrou uma queda estimada em 3% a 3,5% no trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, parcialmente compensada pelas tendências de demanda e aumento na taxa de ocupação. Para a receita operacional por assento (rask), a Gol espera uma redução de 1% a 1,5%. Por fim, a companhia afirmou que reduziu sua dívida total em cerca de R$ 1 bilhão nos três primeiros meses do ano. De acordo com analistas do BTG Pactual, os números preliminares vieram acima das estimativas e corrobora a visão positiva para o setor aéreo brasileiro. Os analistas também apontam a desalavancagem da Gol e a liquidez suficiente para cobrir as dívidas mais curtas. A recomendação para o papel é de compra com preço-alvo de R$ 13,00. 

Outra boa notícia foi a elevação da recomendação das ações da Gol pelo HSBC de redução para manutenção, elevando o preço-alvo para R$ 8,00. A Smiles também teve a recomendação elevada de redução para manutenção, com preço-alvo de R$ 61,00.

Embraer (EMBR3)
O presidente da área de produtos de Defesa da Embraer, Jackson Schneider, afirmou na terça que a companhia espera conseguir acertar uma primeira venda do cargueiro KC-390 para país que não o Brasil neste ano.

“Estamos negociando a venda do KC com 10 países em diferentes fases. Eu espero e estou trabalhando fortemente para o primeiro anúncio internacional seja feito esse ano”, disse o executivo durante evento do setor. “Não posso falar para quem para não colocar em risco o meu negócio”, acrescentou.

Oi (OIBR4)

Em meio aos imbróglios sobre a recuperação judicial, o noticiário da Oi é movimentado, com destaque para três notícias do jornal Valor Econômico. O jornal informa que, assim como os detentores de títulos de dívida externa, os bancos credores da Oi também não estão de acordo com o plano de recuperação de Nelson Tanure e Pharol aprovado pelo conselho de administração da tele. Avaliam que uma intervenção do governo federal pode ser a única solução para o impasse, caso os atuais controladores não revejam sua posição.

Tanure tem reiterado em entrevistas e notas oficiais que sua proposta para a recuperação da Oi, aprovada pelo conselho de administração no dia 22, conta com “apoio irrestrito de bancos públicos e privados”. De acordo com a fonte, entretanto, essa informação não procede, diz o jornal. 

Ainda em entrevista ao jornal, o secretário de telecomunicações André Borges, designado pelo ministro Gilberto Kassab para acompanhar o assunto, afirmou que ainda há tempo para um acordo entre controladores e credores da Oi e, com isso, a intervenção do governo não é um mecanismo para ser usado imediatamente. “Ela é um evento hipotético. O instrumento deve estar pronto e implementável, mas é hipotético”, disse ele ao jornal. Por fim, o Valor informa que a Anatel identifica a TIM (TIMP3) como a mais exposta à rede da concorrente e, por isso, o “plano de contingenciamento” dos serviços da companhia, para ser implementado no caso de colapso operacional da Oi, é o mais aguardado dentre aqueles que estão sendo apresentados essa semana na Agência. Segundo relatório da Anatel, a TIM depende da Oi para atender 3.242 municípios. Em seguida, as mais dependentes da tele em recuperação judicial são Claro e Vivo. Para chegar ao usuário final, a Claro usa os troncos de rede da concorrente em 2.444 municípios. Já na Vivo a dependência é indicada em 1.506 cidades.

Alupar (ALUP11)

A Alupar aprovou preço de R$ 19,50 para unit em oferta restrita, conforme reunião do Conselho da última terça-feira. Os conselheiros também aprovaram aumento de capital de R$ 833,5 milhões. Cada unit é formada por 1 ação ordinária e 2 preferenciais.

B3 (BVMF3)

Sessão no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), às 9h,  analisará o recurso apresentado pela antiga BM&FBovespa (atual B3) contra autuação da Receita Federal que entendeu ser irregular a amortização do ágio gerado na fusão das duas empresas (BM&F e Bovespa) em 2008. É a última instância administrativa para a antiga BM&FBovespa recorrer da autuação da Receita Federal, que levará ao pagamento de mais de R$ 1,1 bilhão. Segundo o BTG Pactual, “há uma chance razoável de pedido de vista, já que que dois integrantes novos estarão no julgamento”.

  • (Com Reuters, Bloomberg e Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.