“Se pudéssemos, recompraríamos mais ações da nossa empresa”, diz CFO da M.Dias Branco

Empresa observou um salto no lucro e nas receitas com as medidas de distanciamento social, o que aumentou o consumo de alimentos

Anderson Figo

SÃO PAULO — Com um balanço considerado forte pelos analistas no primeiro trimestre deste ano, beneficiado pelo maior consumo de alimentos durante a quarentena, a M.Dias Branco (MDIA3) não enxerga a possibilidade de desabastecimento de insumos durante a pandemia e aposta em sua estratégia de crescimento de longo prazo.

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Em live transmitida pelo InfoMoney nesta segunda-feira (11), o CFO da companhia, Gustavo Lopes Theodozio, disse que a acompanha a queda recente das ações da empresa, efeito do coronavírus, com certa apreensão — e que, se fosse possível, a companhia recompraria mais papéis por não achar justo o preço atual deles no mercado.

“O mundo está muito volátil. O Brasil tem vivido um momento mais delicado do que só a pandemia. A gente vê uma instabilidade política grande no mercado brasileiro. Vemos discussões do Executivo com o Judiciário e com o Legislativo. Essa briga entre poderes, essa discussão que está sempre vindo à tona de impeachment. Isso gera uma desconfiança grande para o investidor, principalmente o internacional”, disse.

“A gente não pode mais comprar agora, mas assim que a gente puder fazer nova recompra, a gente vai seguir com o programa, sim. Eu acho que essa companhia vale muito mais [do que o que está avaliada na Bolsa neste momento]”, completou. A companhia anunciou em janeiro um programa de recompra de ações.

O diretor de relações com investidores da M.Dias Branco concordou. “A gente lançou o programa de recompra porque a gente realmente acredita no potencial da empresa. A M.Dias é uma empresa muito sólida, tanto no seu conjunto de marcas quanto na sua estratégia comercial e nas oportunidades de crescimento”, disse.

“Mesmo tendo uma participação de mercado elevada no Nordeste, tem um espaço enorme de crescimento no Sul, Sudeste, Centro-Oeste. Também é uma empresa muito boa do ponto de vista de balanço. A gente fez captações para proteção do caixa, sem necessidade de curto prazo, com alavancagem 0,7x dívida líquida/Ebitda e nosso rating é AAA. É uma empresa muito sólida, é um excelente investimento, por isso que a empresa lançou um programa de recompra”, completou.

Os executivos falaram sobre a acertada estratégia de estocagem de insumos como trigo no final do ano passado e também do avanço dos valores e volumes de exportação, que sofreu um empurrão com a desvalorização do real frente ao dólar neste início de ano.

Assista acima à entrevista completa do InfoMoney com o CFO e o diretor de RI da M.Dias Branco. No vídeo eles também fazem comentários sobre os resultados e respondem dúvidas de analistas.

Balanço

O lucro da M.Dias Branco cresceu 140,8% no primeiro trimestre de 2020 sobre igual período do ano passado, passando de R$ 56 milhões para R$ 137 milhões.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia ficou em R$ 228,5 milhões nos três primeiros meses deste ano, uma alta de 103% na comparação anual.

Já a margem Ebitda (relação percentual entre a receita líquida e a geração operacional de caixa, o Ebitda) subiu 5,5 pontos percentuais, indo de 8,5% para 14%.

A receita líquida da empresa aumentou 24,3% no primeiro trimestre de 2020 em relação aos três primeiros meses de 2019, totalizando R$ 1,6 bilhão.

“Observamos um forte desempenho das vendas na segunda quinzena de março, fruto das medidas de distanciamento social para a contenção da pandemia de Covid-19”, informou a empresa em relatório.

“Seguimos confiantes no potencial de crescimento sustentável da M. Dias Branco, certos de que estamos fazendo os investimentos necessários.”

O analista André Hachen, do Itaú BBA, disse em relatório que o balanço da M.Dias Branco foi positivo, com o Ebitda 15% maior do que ele estimava e 4% acima do consenso de mercado.

“O volume de vendas acima do esperado em biscoitos e massas levou a uma diluição de custo melhor do que a esperada, o que gerou uma expansão nas margens”, afirmou.

Os volumes de biscoitos e massas tiveram crescimentos de 25% e 27%, respectivamente, sobre o mesmo período de 2019. “Durante a crise da Covid-19, o portfólio de produtos da M.Dias provavelmente se mostrará resiliente”, completou o analista do Itaú.

A Associação Brasileira de Produtores de Massas e Biscoitos declarou que as vendas em março foram de 15% a 20% superiores às do ano passado.

As ações da M.Dias Branco fecharam esta segunda-feira em alta de 2,29%, cotadas a R$ 33,32 cada uma. A recomendação do Itaú BBA para os papéis é de market perform (desempenho em linha com a média do mercado), com preço-alvo de R$ 39.

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.