Exchanges cripto estrangeiras apostam tudo no Brasil – e não temem concorrência

Quase duopólio de Binance e Mercado Bitcoin não impede que novos players preparem entrada no país, a maioria ainda este ano

Paulo Barros

(Getty Images)

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Nubank e XP Inc. não são os únicos a começarem a explorar o mercado brasileiro de criptomoedas. Em busca de crescimento, exchanges estrangeiras que vão de players menores e desconhecidos a gigantes como a Coinbase, primeira da indústria a abrir capital na bolsa, olham o país de perto e o apontam como um dos principais alvos de investimento nos próximos anos.

Elas têm como principal tarefa encontrar um espaço para conquistar clientes em meio ao domínio da brasileira Mercado Bitcoin e da Binance, que lidera o mercado mundial por volume de negociação e já apontou o Brasil como uma de suas prioridades.

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“O Brasil é muito relevante para a Binance e temos trabalhado em contato direto e constante com as autoridades locais para contribuir para a expansão do segmento de blockchain e criptoativos”, afirmou a corretora em nota ao InfoMoney CoinDesk. A exchange anunciou recentemente a intenção de adquirir a corretora brasileira Sim:paul, e, em visita ao apís, o CEO Changpeng “CZ” Zhao prometeu escritórios em São Paulo e no Rio de Janeiro.

O Mercado Bitcoin, a principal empresa da holding 2TM, primeira startup do país a alcançar o status de unicórnio no setor de criptoativos, vem investindo pesado desde que recebeu aporte de US$ 200 milhões liderado pelo Softbank no ano passado. A companhia vem fazendo aquisições que abrangem da negociação de criptos para o mercado institucional à tokenização e educação.

A dificuldade em bater os líderes de mercado colocou até a Coinbase para pensar. Em uma tentativa de acelerar sua entrada no Brasil, a maior exchange dos Estados Unidos tentou a compra da 2TM, apontou o Estadão em março. No entanto, o negócio não foi para frente – no mesmo dia que a notícia veio à tona, a Coinbase enviou um comunicado à imprensa assinado pela primeira vez como “Coinbase Brasil”.

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O cenário competitivo e de possível duopólio entre Mercado Bitcoin e Binance, porém, não parece afugentar empresas do setor de tentar uma chance no país – mesmo as menores. “No momento, as maiores plataformas, como Binance e Mercado Bitcoin, são vistas como centralizadas. Prevemos uma aceleração em direção a plataformas descentralizadas e sem intermediários”, avalia o Hi, banco digital cripto que desembarcou recentemente no país mirando um perfil de consumidor mais atento às novidades do setor e que valoriza o DeFi.

De olho no mercado brasileiro, a empresa de Hong Kong planeja contratar um country manager ainda este ano para tocar a expansão no país, e reserva US$ 500 mil de verba de marketing para se tornar uma marca conhecida. A ideia é que o Brasil, junto com a Argentina, se torne um hub para o Hi na América Latina.

A estratégia de usar o Brasil como ponto de contato na região é a mesma adotada pela Coinbase. Após supostamente não ter chegado a um acordo para comprar a 2TM, a maior exchange cripto dos Estados Unidos foca em desenvolver mão-de-obra especializada para atender aos esforços de expansão.

A Cabital, outra exchange estrangeira que dá os primeiros passos no mercado brasileiro, também não se intimida com a concorrência. “Não temos medo de que o mercado seja monopolizado por 2TM e pela Binance”, afirma a VP de growth e marketing Tina Chu. Apesar de menor, a plataforma aposta na oferta de taxas mais baixas no modelo de marketplace, em que o cliente tem acesso a várias exchanges, nos moldes da brasileira BitPreço.

Por que o Brasil virou a bola da vez no mercado cripto

A vinda de empresas de cripto para o Brasil é motivada pela perspectiva de amplo crescimento de novos usuários no mercado nacional. Apesar de ser o mais populoso da região, o país perde em nível de adoção para Argentina e Venezuela, por exemplo.

“Você não precisa cavar fundo para entender que as criptomoedas estão se tornando cada vez mais importantes para uma grande proporção da população brasileira – principalmente nos últimos 12 meses”, aponta o Hi.

Outra empresa que destaca o potencial do Brasil é a Bitfinex, exchange veterana famosa por fazer parte do mesmo grupo que emite a stablecoin Tether (USDT), a maior do mundo por valor de mercado. “O Brasil é um mercado incrivelmente promissor”, avalia o diretor de tecnologia Paolo Ardoino ao InfoMoney CoinDesk.

“Estamos vendo cada vez mais pessoas começarem a aceitar criptomoedas como meio de pagamento e valor de armazenamento. É também uma excelente alternativa para remessas. Pessoas que trabalham na Europa precisam enviar dinheiro de volta para casa, para suas famílias no Brasil e em outros países da América Latina, e estão usando a exchange como forma de escapar das taxas de 10 a 12% que os bancos cobram”, explica o executivo.

A Bitfinex não revela detalhes sobre uma possível operação brasileira. Por ora, tem presença indireta no país por meio de uma parceria com o serviço novato Swapix, que permite fazer permuta rápida entre reais e USDT via Pix.

Apesar de o Banco Central defender que o Pix faz com que as criptomoedas deixem de ser relevantes para pagamentos, especialistas do setor vão no caminho oposto e afirmam que a inovação do BC, na verdade, facilita a adoção dos ativos digitais.

“Semelhante ao Pix, as plataformas peer-to-peer [ou P2P, de negociação direta entre usuários] permitem comprar e vender Bitcoin com qualquer pessoa em todo o mundo. O Bitcoin ficou mais conhecido por todos, mas a narrativa precisa mudar: menos sobre o Bitcoin como um ativo de investimento e mais sobre como meio de troca”, pontua Renata Rodrigues, gerente global de marketing da plataforma Paxful, especializada em negociações P2P.

A Paxful tem 9 milhões de usuários no mundo e já é popular em outros países na América Latina. Agora, abre contratações e promete um time para o Brasil ainda neste ano. “De um comerciante de pequeno e médio porte que procura um método alternativo de pagamento de bens e serviços, a um imigrante que procura uma maneira mais barata de enviar dinheiro de volta para casa, o Bitcoin como meio de troca tem um enorme potencial no Brasil”, avalia a executiva.

Tina Chu, da Cabital, aponta ainda como um dos atrativos do mercado nacional a formulação de um marco regulatório dos criptoativos, que tramita hoje na Câmara dos Deputados e pode ser sancionada em 2022. “A legislação proposta visa melhorar a segurança dos investidores e atrair empresas de criptomoedas, pois exige que exchanges sejam devidamente licenciadas, o que demanda abrir um escritório local ou adquirir um operador existente. O Brasil está se tornando um dos lugares mais quentes para criptomoedas”.

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Paulo Barros

Editor de Investimentos