Estudo sobre remédio contra coronavírus anima bolsas, mas analistas alertam: é cedo para comemorar

A Gilead espera que os resultados de seus testes com pacientes com Covid-19 grave sejam divulgados até o final deste mês

Rodrigo Tolotti

(Envato)

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SÃO PAULO – Um estudo sobre tratamento contra o novo coronavírus divulgado na noite de quinta-feira (16) animou os investidores desde o after market de ontem. Nesta sexta-feira, os índices da bolsa dos Estados Unidos chegam a avançar mais de 2%.

O hospital da faculdade de medicina da Universidade de Chicago informou que um tratamento com o medicamento Remdesivir, produzido pela Gilead Sciences, estava mostrando rápidos resultados em 113 pacientes em estado grave com a doença.

No total, 125 pessoas infectadas com o novo coronavírus participaram do programa, que atualmente está na fase 3, segundo informações divulgadas pelo site especializado em saúde Stat News, que obteve os dados. Dois deles morreram.

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Na semana passada, o New England Journal of Medicine publicou uma análise indicando que a maioria dos pacientes com Covid-19 tratados com o mesmo medicamento mostra melhora clínica.

O Remdesivir foi um dos primeiros medicamentos identificados como candidato ao tratamento da Covid-19, uma vez que se mostrou promissor no passado no tratamento de SARS e MERS, ambos causados por coronavírus.

Apesar do ânimo que esses estudos trouxeram para o mercado, cientistas e analistas apontam que é preciso ter cautela.

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A própria Gilead disse em comunicado à Reuters que “a totalidade dos dados precisa ser analisada para tirar conclusões”. A Universidade de Chicago declarou que “tirar conclusões a essa altura é prematuro e cientificamente doentio”.

Os analistas de ações de biotecnologia do JPMorgan escreveram que a pesquisa publicada na quinta “parece representar outro encorajador, embora amplamente anedótico, dado para esse potencial candidato à remédio”.

Enquanto isso, a equipe de análise do setor de saúde do Barclays chamou o relatório do medicamento de “encorajador”, mas ressaltou que muitas perguntas ainda continuam.

A maior questão é que o estudo ainda carece de maior controle e foi feito por apenas um grupo. Ele foi baseado em informações que ainda estão sendo analisadas e divulgado por um site, o Stat News, que não tem relação com a Gilead.

Os analistas do Barclays disseram que, “embora esses dados sejam encorajadores, eles não são controlados e são de uma única fonte”. Enquanto isso, analistas da Jefferies lembraram ainda que estes testes não tiveram nem um grupo de controle com o uso de placebos.

“Ainda há muita coisa que não sabemos e, portanto, hesitamos em colocar muito ânimo nos resultados gerados em um único centro sem um grupo de controle”, disse o JPMorgan. “Felizmente, não precisaremos esperar muito pela leitura da Fase 3 em pacientes graves”.

A Gilead espera que os resultados de seus testes com pacientes com Covid-19 grave sejam divulgados até o final deste mês. Dados de seus ensaios em pacientes com sintomas moderados são esperados para maio.

Além desses estudos da Gilead, existem vários outros em andamento para avaliar o Remdesivir, incluindo um na fase dois realizado pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, que é um estudo adaptativo, randomizado e controlado por placebo.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.