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SÃO PAULO – Fã declarado de corrida de cavalos e se autodenominando um “apostador muito bem-sucedido”, o presidente e fundador do LakeView Asset Management, Scott Rothbort, associa seu hobby à emblemática tarefa de se investir em ações.
Com mais de vinte anos de experiência no mercado financeiro, o especialista fez analogias interessantes entre as duas atividades e extraiu delas algumas dicas que podem ser de grande valia aos investidores, principalmente tendo em vista o conturbado momento para a renda variável ao redor do globo.
Segundo Rothbort, as corridas de cavalos propiciam o aprendizado de muitas lições que podem ser utilizadas no dia-a-dia dos investidores no mercado. Em artigo publicado recentemente, ele divulgou as cinco que considera principais:
Análise de Ações com Warren Buffett
“Não aposte em toda corrida”
Rothbort inicia com uma breve descrição de seu evento preferido. Ele conta que uma corrida tem a duração de apenas um minuto e meio, enquanto que a espera entre elas pode chegar a até trinta minutos. Desta forma, ele afirma que a tentação de se apostar em toda corrida é grande. E é aí que está o erro.
Para o especialista, nem toda corrida é digna de aposta, seja ela pela equivalência dos competidores ou pelos altos riscos envolvidos. E o mesmo pode ser dito para o mercado de ações, avalia.
“Existe uma tentação muito grande de se operar todo dia, ao passo que, às vezes, a melhor operação é aquela que não é feita”, diz Rothbort, que destaca que o bom investidor sabe esperar o momento certo para a compra ou venda de um ativo. “Isto pode demorar dias ou semanas, portanto é necessário ser paciente e seletivo”, aconselha.
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“Faça uma pesquisa”
Escolher um cavalo para apostar não é fácil. Segundo o especialista, existem muitas variáveis que influenciam na decisão, tais como performances passadas, condições da pista, o jóquei, entre outras, de modo que se faz necessário uma pesquisa apurada para que o apostador não se precipite na escolha.
Neste sentido, a decisão sobre em qual ação investir também necessita de uma boa avaliação prévia. Entre os pontos a serem observados, destaque para os fundamentos da empresa, últimos resultados, perspectivas dos analistas e histórico do papel.
Dentro deste tópico, Rothbort aconselha: “Para uma boa escolha de ação, o investidor deve analisar os relatórios financeiros da companhia e as teleconferências sobre os resultados”.
“Elimine os perdedores”
Com já foi dito anteriormente, a escolha do cavalo vencedor não é tarefa fácil. Para auxiliar na seleção, o especialista afirma que a primeira medida a ser tomada deve ser eliminar os competidores que não tem chance – embora vez ou outra apareçam os chamados ‘azarões’.
Seguindo este caminho, as chances de sucesso aumentam consideravelmente, avalia Rothbort. “A primeira coisa que eu faço é riscar do cartão de apostas os cavalos que não tem chance de vitória. E o mesmo pode ser feito na busca por qual papel investir” afirma.
Para ele, o investidor deve começar selecionando um índice e eliminado as ações que estão apresentando um desempenho inferior ao do indicador em questão. Desta forma, a escolha do “papel vencedor” se tornará mais simples.
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“Nem todos os favoritos são bons favoritos”
Rothbort inicia este tópico lembrando que o fato de um cavalo liderar as apostas não quer dizer necessariamente que ele possui maior probabilidade de vencer. Neste caso, o especialista afirma que um bom caminho para o apostador acertar na escolha é eliminando os “maus favoritos”.
Em seu julgamento, “maus favoritos” são aqueles cavalos que possuem grandes chances de vencer segundo boa parte do público, embora as pesquisas indiquem o contrário. Para ele, o mesmo conceito pode ser aplicado no mercado de ações.
Como exemplo, Rothbort cita a Pfizer, considerada por muitos investidores como uma das companhias mais sólidas de Wall Street e que ainda possui um alto dividend yield. Para o especialista, a atratividade dos papéis da empresa é indiscutível, no entanto, sua fraca performance nos últimos meses faz dela uma “má favorita”.
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“Fique longe dos derivativos”
Para encerrar, Rothbort lembra que as corridas de cavalos também possuem várias apostas “exóticas”, onde os espectadores podem, por exemplo, ariscar na colocação dos animais ao invés de escolher um vencedor. Segundo ele, estes tipos de apostas são muito mais complexas, além de possuírem um custo mais alto.
No caso dos investimentos em ações, são os derivativos que aparecem com a mesma complexidade, avalia o especialista. Por possuir, em alguns casos, retornos bastante expressivos, este mercado acaba atraindo investidores com pouco conhecimento sobre o assunto.
Neste sentido, Rothbort destaca que os mercados a termo, futuro e de opções não são tão simples como muitos imaginam, além de possuírem altos custos e riscos envolvidos. Para ele, o investidor só deve se “aventurar” nos derivativos depois de muito estudo e experiência no mercado, assim como deve ser feito nas corridas de cavalos.