Estrangeiros têm um bom motivo para ficar de fora de Petrobras, mas isso deve mudar em breve

Estrangeiros têm preferido comprar outras petrolíferas, mas potencial da Petrobras pode fazer ações subirem 70% em três anos

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Apesar do bom momento que a Petrobras (PETR3;PETR4) vive, recuperando-se da crise que passou nos últimos anos, parece que os investidores, principalmente estrangeiros, não estão muito interessados no crescimento que a estatal pode ter, mas, sim, no quanto ela pode pagar em dividendos.

Em relatório, analistas do Bradesco BBI apontaram conversas com fundos internacionais e locais e tiveram a percepção que os estrangeiros ainda se mantêm fora da Petrobras. “Percebemos que, em várias ocasiões, os fundos internacionais preferem empresas de petróleo de países emergentes que pagam mais dividendos, em detrimento do crescimento”, explicam.

Segundo eles, em viagens ao exterior, foi possível observar que os investidores emergentes ou latino-americanos estão preferindo comprar empresas como a colombiana Ecopetrol ou as russas Lukoil e Rosneft em vez da Petrobras dados os dividend yields (indicador que mostra a relação entre o dividendo pago por ação e a cotação do papel) mais atrativos, hoje entre 6% e 8%.

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“Com um futuro incerto para os preços do petróleo, à luz das ameaças colocadas por fontes de energia renováveis, acreditamos que faz sentido para os investidores exigir que as empresas de petróleo comecem a ter retornos mais significativos sobre o investimento”, diz o relatório.

Petrobras está atrás, mas tem um grande potencial pela frente

Segundo os analistas do Bradesco BBI, a estatal brasileira está atrás hoje de seus pares internacionais no assunto remuneração ao acionista. A expectativa é que a Petrobras pague dividendos com um yield de 3,1% este ano, contra uma média de 6,2% das outras empresas.

Para eles, é compreensível que o investidor tenha dificuldade de assumir riscos em mercados emergentes, quando Exxon e Chevron estão pagando dividend yields de 5,1% e 4,3%, respectivamente.

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“O fato de os investidores estarem dispostos a assumir um risco de governança corporativa com ações russas pagando um yield médio de 9% ou comprar a Ecopetrol sem crescimento, mas pagando um yield de 6% a 7%, nos mostra que muitos fundos estão dando menos importância ao crescimento da produção em um mundo com rendimentos reais negativos”, avaliam.

Por outro lado, os analistas acreditam que o dividend yield da Petrobras deve disparar nos próximos dois a três anos.

Mesmo com a venda de US$ 20 bilhões em ativos e o acordo da cessão onerosa (que requer mais investimentos), eles enxergam fluxo de caixa livre da estatal, com o barril do petróleo brent em US$ 65, entre US$ 10 e US$ 12 bilhões. “Isso significa que a Petrobras pode pagar US$ 7 a US$ 9 bilhões em dividendos adicionais”, afirmam. Hoje a estatal paga cerca de US$ 3 bilhões.

Atualmente, a Petrobras não aumenta o pagamento de dividendos para priorizar sua desalavancagem. Porém, o relatório aponta que a contínua geração de caixa e venda de ativos ajudará a companhia a aumentar a remuneração significativamente até 2022.

“A Petrobras pode ter o maior salto no rendimento contra todos os pares”, afirmam os analistas, que apontam ainda que em três anos os ADRs da Petrobras podem disparar 70% para igualar o futuro yield com os pares globais.

Segundo eles, para manter a alavancagem de 1,1 vez a relação entre dívida líquida e o Ebitda no futuro, a Petrobras poderia aumentar seu dividend yield para 12% até 2022. Para igualar os pares, em cerca de 7%, porém, o valor de mercado da estatal precisaria aumentar em 70%, para US$ 160 bilhões, contra US$ 94 bilhões atualmente.

Isso significaria ganhos anualizados de 19%, o que, para os analistas, é “altamente atraente dentro da nossa cobertura de Óleo & Gás na América Latina”. Os analistas do banco possuem recomendação de compra para os ativos PETR4, com preço-alvo de R$ 38,00, o que corresponde a um potencial de valorização de 29,7% em relação ao fechamento de sexta-feira (24).

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.