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SÃO PAULO – Ciente da fragilidade em qualquer previsão de câmbio para o ano que vem, a equipe da Merrill Lynch embasa sua opinião em quatro pilares teóricos. Rebalanceamento, intervenções, apetite por risco e gestão de reservas ajudam a entender o caminho do dólar frente a outras divisas em 2009.
- RebalanceamentoA queda no padrão de consumo será muito pior para os desenvolvidos do que para os emergentes. Com isso, o desequilíbrio mundial em conta corrente tende a diminuir, com desenvolvidos voltando ao posto de poupadores líquidos e emergentes investindo proporcionalmente mais. Talvez uma inflexão no “Global Saving Glut”, tal como definido por Ben Bernanke.
- IntervençõesOs formuladores de política econômica das nações desenvolvidas continuarão intervindo por vias fiscais ou monetárias, de modo a aliviar as conseqüências do pouso forçado. Aos países periféricos, vale a mesma lógica, só que em menor grau.
- Apetite por risco“Ainda é questionável se essa volatilidade elevada persistirá em 2009”, ressalva a Merrill Lynch. Se comprovada a hipótese de persistência, ativos que carregam alto risco sistêmico (beta maior que um) podem esperar tempos difíceis.
- Gestão de reservasA acumulação de reservas por parte dos emergentes foi interrompida, na medida em que autoridades monetárias viram-se obrigadas a proteger suas moedas locais. Tendência essa que deve continuar no próximo ano, segundo os analistas.
Traduzindo
Somando os efeitos de cada pilar, a Merrill Lynch estima um dólar mais forte durante o semestre inicial de 2009, com certo enfraquecimento a partir daí.
Nos primeiros seis meses, os efeitos do rebalanceamento e do baixo apetite por risco serão especialmente importantes. Combinados, eles diminuem a oferta e enfatizam a demanda por dólares no mercado internacional, graças ao controle do déficit em conta corrente dos EUA e ao flight to quality.
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No entanto, na segunda metade do ano, as intervenções fiscais e monetárias farão cada vez mais diferença, saturando a economia de dólares. Sinais de recuperação do nível de atividade motivarão trajetos opostos aos originais, roubando parte da força da moeda norte-americana.
R$ versus US$
Em meio à visão geral destacada pela Merrill Lynch, o cenário entre real e dólar merece suas particularidades, sobretudo após a desvalorização da divisa nacional nos últimos meses de 2008. Para o economista Sidnei Nehme, da NGO Corretora, “o câmbio nos parece adequado e equilibrado em torno de R$ 2,00”. Contudo, a projeção oficial do economista é de algo entre R$ 2,10 e R$ 2,20 ao final de 2009.
Fatores excepcionais podem corroborar a fraqueza do real por enquanto. Porém, balança comercial, investimentos estrangeiros e reservas internacionais formam um “escudo protetor” contra oscilações cambiais absurdas.
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Apesar das tantas defesas, existe certa preocupação no discurso de Nehme. “O desafio é desmontar a especulação instalada na BM&F, que vem criando sérios problemas para o enfrentamento da crise, pois deformou o preço da moeda norte-americana”, diz o economista. A briga entre comprados e vendidos em dólar está em detrimento dos últimos. Assimetria relevante, posto que o câmbio é determinado também no mercado futuro.