Especialista em pecuária alerta para desinvestimento imposto pela aftosa

Frigoríficos fechados, profissionais demitidos e capacidade ociosa são algumas das preocupações do professor Carlos Stempniewski

Equipe InfoMoney

Publicidade

SÃO PAULO – Carlos Stempniewski é um especialista nos assuntos ligados à pecuária nacional. Condição que, nos últimos meses, o obrigou a se tornar especialista também em alertas.

Atenção à febre aftosa, e ao desequilíbrio que ela vem provocando: “assistimos a um gradual cenário de desinvestimento no setor”.

O professor avalia os prejuízos da crise. Cerca de 16 frigoríficos fechados e milhares de funcionários qualificados sem trabalho. “As plantas em operação mostram ociosidade de até 30% da capacidade instalada”.

Continua depois da publicidade

Sem incentivo para produzir

Pressionados pelo fraco desempenho das vendas, os frigoríficos buscam recuperar margens na origem da cadeia produtiva. De acordo com Stempniewski, “estão remunerando o criador em valores 25% a 30% aquém da cotação da ABM&F, que já é baixa”.

A conseqüência é um mercado com carne barata, e criadores sem incentivo para produzir.

Graças à valorização do real e a incômodos como os da febre aftosa, os criadores de gado não têm muito a comemorar. “Nos últimos três anos, a pecuária de corte rendeu menos que a poupança”, calcula o professor.

Continua depois da publicidade

Próximos capítulos

O histórico recente não é dos melhores. Mas se a questão da febre aftosa for resolvida de modo estrutural, o setor pode recuperar sua lucratividade.

“Quando o mercado voltar a operar, assistiremos a um aumento real no preço da arroba do boi”, prevê Stempniewski. Quem pagará a conta é o consumidor interno. Novos alertas, novos protestos.