Entenda: por que BRF sobe na bolsa após anunciar que CEO deixará seu cargo?

Novo CEO deverá marcar o último capítulo do processo de turnaround da companhia, afirma o BTG Pactual

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Na noite da última quinta-feira (31), a BRF (BRFS3) destituiu o presidente da empresa, Pedro Faria, que estava na presidência da companhia desde 2015 e isso está animando os investidores nesta sexta-feira (1). Com a decisão, o papel sobe 2,40% às 12h49, cotado a R$ 43,52, chegando a marcar valorização de 4% na máxima do dia (R$ 44,16).  

Com sua gestão posta em xeque desde o ano passado, a demissão de Faria não foi inesperada por Thiago Duarte e Vito Ferreira, analistas do BTG Pactual. Para o time do banco de investimento, a saída de Faria marca o último capítulo do processo de turnaround da companhia que começou em 2013 e o novo CEO deverá ter um perfil mais “neutro”, a fim de alinhar os interesses da maioria dos acionistas. Como o grande desafio nos próximos trimestres é o crescimento, os analistas destacam que a empresa precisará buscar uma equipe forte e que consiga extrair o máximo das marcas Sadia e Perdigão.

Segundo o analista da Eleven Financial, Raul Grego Lemos, a entrada de um novo presidente poderá resultar na revisão do case da companhia, já que atualmente está “neutro” com as ações depois dos fracos resultados dos últimos trimestres. Para Lemos, o novo CEO deverá trazer novidades para a empresa ou uma visão diferente de posicionamento de produtos.

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Em sua carta agradecendo Pedro Faria pelos serviços prestados, Abilio Diniz cita justamente a importância da consolidação do turnaround: “consideramos que o ciclo iniciado em abril de 2013 está se encerrando agora. A BRF tem tudo para dar um grande salto. Para tanto, precisa de renovação da sua liderança”, diz Abilio em sua carta. Faria permanecerá na BRF pelo menos até o fim do ano e deve trabalhar no processo de transição, para logo após voltar ao comando da Tarpon. 

Histórico na empresa

Pedro Faria, que chegou na presidência com o apoio de Abilio Diniz, já estava envolvido com a exportadora desde 2003, quando começou a investir na antiga Sadia através da Tarpon, gestora de investimentos que foi fundada por ele e José Carlos Reis de Magalhães Neto (mais conhecido como “Zeca”). Quando a empresa se fundiu com a Perdigão, em 2009, a gestora ganhou mais espaço e tornou-se um dos maiores acionistas da recém-formada BRF. Atualmente, com 8,55% das ações da BRF, a Tarpon é o terceiro maior acionista da companhia, atrás da Petros (11,41%) e Previ (10,67%), fundos de pensão da Petrobras e do Banco do Brasil, respectivamente.

Pela influência da Tarpon na empresa, Faria foi membro do conselho e antes de chegar na presidência da BRF foi CEO de Operações Internacionais em 2013, quando renunciou à diretoria de Relações com Investidores da Tarpon. Apesar do longo histórico dentro da BRF, Faria não foi capaz de conter a “tempestade perfeita” que atingiu em 2016, quando o preço dos grãos no Brasil subiu forte, enquanto o preço das commodities no mercado internacional caía significativamente, com os custos correndo as receitas domésticas e internacionais. Além disso, no começo deste ano, a Operação Carne Fraca atingiu em cheio a empresa, com a interdição de frigoríficos e a suspensão temporária das importações para parceiros comerciais como a China.