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SÃO PAULO – O setor de telecomunicações está bastante movimentado nos últimos dias. No centro das atenções nesta quinta-feira (28), a Telefónica, dona da Vivo (VIVT4), está prestes a comprar a GVT do grupo francês Vivendi, deixando para trás a proposta feita pela Telecom Italia, controladora da TIM (TIMP3), que entrou na disputa após uma oferta inicial da espanhola no começo de agosto.
A Vivendi disse hoje que vai entrar em “negociações exclusivas” com a Telefónica, após ter elevado ontem sua proposta inicial de 6,7 bilhões para 7,45 bilhões, aumentando para 4,66 bilhões a parte a ser paga com dinheiro. Segundo fontes disseram à Reuters, a empresa francesa deve aceitar receber ações da Telecom Italia como parte do pagamento da Telefónica.
Hoje, as ações das duas empresas caem na Bovespa. Às 13h38 (horário de Brasília), os papéis da Telefônica registram queda de 2,46%, a R$ 43,67, enquanto os da TIM recuam 1,73%, a R$ 12,50.
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O que falam é que, além da parte em dinheiro, a Vivendi receberia uma participação de 12% na nova empresa no Brasil, que será formada pela Vivo, operadora móvel da Telefónica, e GVT. Cerca de um terço dessas ações na Telefónica poderiam ser trocadas por uma participação de 5,7% na Telecom Italia se a Vivendi assim escolher – isso daria ao grupo francês 8,3% dos direitos de voto da Telecom Italia.
A Vivendi abre mão, com isso, da proposta feita também ontem pela Telecom Italia de 7 bilhões de euros. Muito endividada, a italiana havia proposto o pagamento apenas de uma pequena parte em dinheiro (ou 1,7 bilhão de euros) e o restante em títulos da Telecom Italia e sua filial brasileira, a TIM.
A desaceleração do crescimento do mercado de telefonia móvel no Brasil está forçando os principais competidores na região a perseguir clientes que gerem maior valor através de serviços de televisão por assinatura e de banda larga, setores nos quais a GVT foi pioneira no Brasil, mercado que é um grande gerador de receita tanto para Telefónica quanto para Telecom Italia.
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Além das duas…
Em meio a essa disputa, aparece também a Oi (OIBR4), que negocia vender 25% na Unitel Angola a acionistas por mais de US$ 2 bilhões, disse uma fonte com familiaridade no assunto à Bloomberg, que mencionou a Sonangol e a Isabel dos Santos, filha do presidente da Angola, como possíveis compradores.
Em relatório, a equipe do Banco Espírito Santo apontou que a concretização da venda pode elevar o “valuation” da Oi em aproximadamente 6%, o que pode ter um impacto positivo de aproximadamente 12% nas ações.
Os papéis da companhia, no entanto, hoje registravam queda de 1,40% na Bolsa, a R$ 1,41, depois de terem subido mais de 18% nos últimos dois pregões.
Vale mencionar que a Oi está no radar dos investidores também por conta do anúncio feito na noite da última terça-feira de que estaria interessada em comprar a TIM da Telecom Italia. Ontem, no entanto, italiana disse que estava “completamente alheia sobre a iniciativa da Oi” em comprar a companhia e que não sabe nada sobre o assunto.
Pelo comunicado enviado pela Oi ao mercado na terça, o BTG Pactual atuará como comissário na operação, para, agindo em seu próprio nome e por conta e ordem da Oi, desenvolver essas alternativas para tornar viável sua proposta de compra, que passa por regras e restrições previstas em lei e nas normas e decisões expedidas pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
A Oi, por estar no meio de um conturbado processo de fusão com a Portugal Telecom, não era vista como provável protagonista na recente rodada de consolidação na indústria de telecomunicações no Brasil. Entre os grandes grupos de telefonia do país listados em Bolsa, a Oi é a que tem saúde financeira mais frágil. A companhia encerrou o segundo trimestre com uma dívida líquida de 46 bilhões de reais, enquanto a da Telefônica Brasil, dona da marca Vivo e controlada pelos espanhóis, era de 2,52 bilhões de reais. A TIM Participações tinha endividamento de 1 bilhão de reais no fim de junho.
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Por conta disso, o mercado especula que a companhia não deve fazer essa oferta sozinha. Segundo fontes disseram à Reuters, a Oi espera unir-se à Claro, da mexicana América Móvil, e à Vivo, da espanhola Telefónica, para realizar a oferta de aquisição da TIM, e por isso contratou o BTG Pactual com o objetivo desenhar uma oferta que resolva questões financeiras e regulatórias, segundo uma fonte próxima ao assunto.
A ideia é que o BTG Pactual, também sócio da Oi, viabilize a consolidação tanto do ponto de vista financeiro – já que a Oi não teria condições de arcar com a oferta sozinha – como regulatório. Segundo a fonte, uma oferta conjunta teria menos chance de receber objeções do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Ontem, um gestor que pediu anonimato disse ao InfoMoney que é provável que algum player de fora venha com força para fazer uma oferta conjunta com a Oi pelos ativos ativos da TIM, com interesse ainda na GVT. “Eles [players externos] têm caixa para fazer uma oferta tanto pela TIM como pela GVT”, disse. No caso da Verizon, o mercado brasileiro faria sentido. A companhia já atua no País discretamente atendendo o mercado corporativo desde 2011. Por sua vez, a Vodafone já teria feito uma oferta à Portugal Telecom por sua participação na Oi, o que também pode vir em linha com essa proposta. “Acredito que essa oferta peal TIM seja bem possível de ocorrer, apesar da frágil situação da Oi, e deve acontecer até o final do ano”, comenta.