Entenda como a venda de parte da Hypermarcas derrubou o dólar para R$ 3,77

Leilão do Banco Central e expectativa pela aprovação de projeto de repatriação também ajudaram a levar a moeda para queda de mais de 2%

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após abrir com leves ganhos, o dólar comercial passou a cair forte nesta volta de feriado seguindo uma série de notícias que sustentam a moeda voltando para o patamar de R$ 3,80, incluindo uma nova intervenção do Banco Central no mercado. O dólar fechou com forte queda de 2,39%, cotado a R$ 3,7675 na compra e R$ 3,7705 na venda. Na mínima do dia, a moeda atingiu os R$ 3,7415.

A atuação da autoridade monetária reforça a ideia de maior liquidez no mercado cambial, o que leva a moeda para fortes perdas. O Banco Central realiza hoje um leilão de até US$ 500 milhões em linhas de dólares. Desse montante, US$ 450 milhões é considerado dinheiro “novo” no mercado, já que hoje há o vencimento de um volume de US$ 50 milhões em linhas.

Outro sentimento que afeta a cotação do dólar nesta terça-feira (3) está relacionado ao entendimento do mercado de que o Brasil estaria “barato”. Isso ocorre após o empresário Abilio Diniz fazer esta declaração durante o fim de semana, mas também pelo anúncio da venda do segmento de cosméticos da Hypermarcas (HYPE3) para a Coty por R$ 3,8 bilhões, o que equivale a cerca de US$ 1 bilhão.

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A expectativa é que pelo menos uma parte destes dólares devam entrar no mercado, mais uma vez elevando a liquidez do mercado cambial. “O anúncio da Hypermarcas pode ser bastante positivo para o Brasil como um todo; isto mostra que os investidores continuam prestando atenção para ativos no País”, disse o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, para a Bloomberg.

Segundo ele, este acordo aumenta a expectativa de que no futuro próximo podemos ter acordos semelhantes, o que injetaria mais dólares no mercado. A mesma opinião é compartilhada pelo diretor de câmbio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, que destaca o sentimento de “Brasil barato” aumentando a chance de negócios entre brasileiros e estrangeiros. Na véspera, Abílio Diniz já havia feito um discurso onde reforçava esta tese: “para investidores internacionais, é o momento de se aproveitar disso. Estamos em um momento ruim, mas é um momento”, avaliou.

Repatriação
Há ainda um terceiro fator sustentando as quedas acentuadas do dólar neste pregão: a expectativa da aprovação do projeto de repatriação de recursos. Será votado hoje na Câmara o projeto que regulariza bens não declarados de brasileiros no exterior, o que pode trazer mais dólares para o País. “Se esse projeto passar no Congresso, podemos imaginar um fluxo positivo significativo e o mercado está se antecipando a isso”, disse o operador de uma corretora nacional.

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Não só o fluxo seria positivo, como uma aprovação do projeto também será considerada uma vitória para o governo Dilma Rousseff, o que pode aliviar o cenário político conturbado. “O cenário político continua a ser o principal foco para os investidores no Brasil”, disse Newton Rosa, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, em entrevista para a Bloomberg. “Qualquer indicação de que o governo poderia ser capaz de passar as medidas fiscais no Congresso poderá resultar em uma recuperação para os ativos brasileiros, inclusive o real”, completou.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.