Engie (EGIE3): JPMorgan não vê potencial de valorização e corta recomendação do papel para venda

Ação da companhia elétrica teve desempenho superior aos pares do setor em 7,1 pontos percentuais no acumulado do ano

Felipe Moreira

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O JPMorgan cortou a recomendação para ação da Engie (EGIE3) de neutro para equivalente à venda, pois não vê potencial de valorização do papel com base no preço-alvo de R$ 44.

Analistas destacam que ação da companhia elétrica teve desempenho superior aos pares do setor em 7,1 pontos percentuais no acumulado do ano, apesar de ser um ativo de beta inferior com duração abaixo da média no universo de cobertura do banco.

Nesse sentido, o JPMorgan acredita que o desempenho positivo seria justificado por ser um ativo sensível às taxas de juros, um porto seguro em um cenário de queda nas taxas, mas não esperava tal desempenho em vista dos fundamentos fracos do segmento (baixos preços de energia, perspectivas desafiadoras para energias renováveis) e alguns resultados trimestrais aquém das expectativas.

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Além do desempenho superior, analistas destacam que avaliação da ação agora está apertada com taxa interna de retorno (TIR) implícita de 8,6%.

Outro aspecto levantado pelo JPMorgan é a necessidade de desalavancagem da empresa. Com o pagamento em dinheiro de R$ 2,3 bilhões pela Atlas Energy mais R$ 6,8 bilhões em capex, o investimento total em 2024 ultrapassará R$ 9 bilhões. Com isso, o banco projeta que a Engie atinja uma alavancagem financeira de 3,5 vezes Dívida Líquida/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações0 até o final de 2024.

Segundo a equipe de gestão, esse nível não é confortável para a Engie Brasil, que buscará alternativas para desalavancar rapidamente e estar pronta para buscar novas oportunidades de crescimento. Para desalavancar em 1 vez, a companhia precisaria reduzir a dívida líquida em quase R$ 7 bilhões. Uma dessas medidas, já considerada no modelo do JPMorgan, envolve manter o pagamento de proventos em relação ao lucro mais próximo do mínimo de 55% para navegar por este ciclo de capex.

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Na opinião do JPMorgan, não se pode afastar um cardápio limitado de outras opções de desalavancagem: venda de ativos, emissão de ações preferenciais ou até mesmo um aumento de capital. Algumas dessas medidas podem diluir a participação dos acionistas, reforçando a classificação de venda.

Para analistas, a estratégia da Engie não totalmente alinhada com as expectativas do mercado. A Engie Brasil é atualmente o maior investidor em projetos de energia renovável sob cobertura do banco.

“O mercado permanece pessimista em relação ao aumento da capacidade de energia renovável e é provável que penalize empresas que aumentam os investimentos no setor enquanto os preços de energia permanecem muito baixos e as taxas de retorno são apertadas”, diz o relatório. Do ponto de vista de alocação de capital, o JPMorgan avalia que a Engie estaria melhor se tivesse aumentado o pagamento, atendendo também a uma grande presença de investidores de varejo no free float ansiosos por dividendos.