Eneva (ENEV3) prevê menor despacho térmico no 1º semestre de 2022; ação sobe 6,65% após resultado, com Ebitda recorde

Em teleconferência, companhia também sinalizou participação em leilões de energia neste ano e processo de incorporação com a Focus

Augusto Diniz

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A ação da Eneva (ENEV3) teve um forte desempenho na sessão desta terça-feira (22), após a divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2021. Os ativos chegaram a subir mais de 8% e amenizaram, mas ainda fecharam com ganhos de 6,65%, a R$ 14,28.

A companhia de energia registrou lucro líquido de R$ 489,4 milhões no quarto trimestre de 2021 (4T21), queda de 28,7% na comparação anual. Ela explica que “a redução foi decorrente do aumento da despesa financeira líquida no 4T21 e da constituição extraordinária de ativo fiscal diferido ocorrida no 4T20 que não se repetiu no 4T21, levando a um aumento nas despesas com impostos no 4T21”.

Já o lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado cresceu 39% no último trimestre do ano passado, totalizando R$ 842,5 milhões, representando o maior Ebitda trimestral da história da companhia.

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O Itaú BBA comentou que o Ebitda ajustado da elétrica superou a estimativa e apresentou um sólido ganho em bases anuais, apesar da forte base de comparação, auxiliado por um aumento significativo nas receitas variáveis ​​(CVUs).

O banco mantém classificação outperform (desempenho acima da média do mercado) para Eneva, e preço-alvo de R$ 18,60 frente a cotação de segunda-feira (21), ou potencial de alta de 39% frente o fechamento de segunda, com base nas promissoras oportunidades de crescimento que o Itaú vislumbra para a empresa e seu sólido plano estratégico para os próximos anos.

Marcelo Habibe, CFO da Eneva, em apresentação a analistas de mercado do balanço do 4T21 e 2021 nesta terça (22), disse que houve melhoria do cenário hidrológico e também redução no consumo de energia doméstica, impactando no PLD (preço de liquidação de diferenças) médio do quarto trimestre do ano passado e diminuindo necessidade de despacho térmico no período.

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A queda do PLD no 4T21 chegou a mais de 60% em relação ao mesmo período de 2020. Mesmo com menor do PLD, o Operador Nacional do sistema (ONS) manteve as térmicas ligadas no quarto trimestre do ano passado para garantir a recuperação dos reservatórios. Cita-se que o PLD é um valor calculado diariamente pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e referência nas negociações no mercado livre de energia.

A empresa, que tem atuação na geração por termelétrica, prevê menor despacho térmico para 2022, pelo menos no primeiro semestre.

O CFO explicou que o cenário atual aponta para baixo despacho térmico devido os reservatórios do Subsistema Norte terem 98% de EARM (energia armazenada), e a geração hidrelétrica no Subsistema Norte apresentarem duas vezes mais capacidade em relação ao mesmo período dos anos anteriores, atendendo assim integralmente a demanda.

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Mas, no segundo semestre desse ano, de acordo com a companhia, o quadro poderá ser diferente, com redução sazonal das chuvas no Norte, abrindo espaço para geração termelétrica, especialmente térmicas com menor CVU (custo variável unitário), para consumo local ou exportação para outros submercados.

No Sudeste e Centro-Oeste, a hidrologia favorável entre outubro de 2021 e fevereiro de 2022 recuperou níveis de armazenamento, porém a hidrologia de março apresenta sinais de desaceleração e estabilização da armazenagem, informou ainda a Eneva.

Participação em pelo menos 4 leilões de energia no ano

A Eneva informou a analistas de mercado do balanço do 4T21 e 2021, nesta terça (22), que avalia participar pelo menos quatro dos seis leilões programados para o ano na área de geração pela Aneel (Agência Nacional de energia Elétrica).

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É que quatro deles, até momento, estão previstos a contratação de energia termelétrica, sendo um de energia nova, dois de reserva de capacidade e um para suprimento de sistemas isolados.

Todos leilões que envolvem térmicas estão previstos de ocorrer no segundo semestre de 2022, mas a companhia ressaltou que aguarda regras para participação dos respectivos leilões.

Braço de energia solar

A Eneva conclui a incorporação da Focus Energia, por cerca de R$ 700 milhões, em 11 de março encerramento, inclusive com o encerramento da negociação das ações da Focus na B3.

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O pipeline da Focus é de cerca de 3,9 GWp (gigawatts-pico), incluindo o Complexo Solar Futura 1, já em construção na Bahia. Um dos maiores complexos solares do País, com 870MWp (megawatts-pico) de capacidade, a planta tem início da operação comercial previsto para o 4T22.

Destaca-se ainda que a Focus mantem centrais de geração hidrelétrica em operação em Minas Gerais.

A companhia busca com a Focus combinação de operação, diversificando fontes de energia, criando novas bases de clientes e portfólio de energia renovável.

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Projeto Integrado Azulão-Jaguatirica já está operação

A Eneva informou ainda a analistas de mercado que o Campo de Azulão, no Amazonas, já está 100% operacional nesse trimestre, assim como as duas turbinas a gás da UTE Jaguatirica II, em Roraima. Nesse mês de março, a empresa ainda colocará em funcionamento em Jaguatirica a operação da turbina a vapor da planta para geração de energia, fechando o chamado ciclo combinado da termelétrica.

O projeto Azulão-Jaguatirica, de aproximadamente 1 GW, teve início depois que a Eneva venceu leilão de energia de sistemas isolados de 2019. A Eneva adquiriu o campo de gás natural de Azulão da Petrobras em 2017, que nunca havia entrada em operação. O transporte do GNL (gás natural liquefeito) do campo de Azulão a UTE Jaguatirica é feita por caminhões em um percurso de cerca de 1 mil km.

Alavancagem deve chegar a 4 vezes

A companhia ainda constrói a UTE Parnaíba V, no Maranhão, que tem operação comercial prevista para o 3T22. Com tantos investimentos, a Eneva foi questionada na apresentação com analistas sobre a previsão de alavancagem da empresa na relação dívida líquida-Ebidta.

No final do ano passado, a empresa fechou 2021 com alavancagem 2,8 vezes. Mas a empresa avalia que esse índice pode chegar a 4 vezes. No resultado do ano passado, da relação dívida líquida-Ebidta, ainda não estava incluída a aquisição da Focus Energia, que terá seu custo inserido neste 1T22, já que a compra foi efetivada no último mês desse trimestre.

“Os números da Eneva vieram sólidos impulsionados pela alta nos preços dos combustíveis que impulsionou sua receita variável. Como resultado, seus números vieram acima do consenso de mercado, de modo que esperamos um impacto positivo no preço das ações da companhia para o curto prazo”, aponta a Levante Ideias de Investimentos.

Como outros destaques da companhia, os analistas apontaram o seu sucesso no leilão de Reserva de Capacidade de
dezembro de 2021, com a venda de lastro do projeto UTE Azulão (295 MW) e também da UTE Parnaíba IV (56 MW), adicionando receita fixa a partir de julho de 2026.

Além disso, “com um pipeline de cerca de 3,9 GWp em projetos renováveis, incluindo o Complexo Solar Futura 1, em construção, de 870 MWp, a Focus também reforçará a atividade de comercialização da Eneva, de modo que permanecemos com perspectivas bastante positivas para a companhia para o curto a médio prazo”, avalia a Levante.

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