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SÃO PAULO – Para quem prefere investir no médio e longo prazo, ou seja, não está disposto a analisar gráficos de desempenho, ou o sobe-e-desce diário do mercado de ações, uma boa opção é dar uma olhada nas empresas com uma política de dividendos agressiva. Em outras palavras, nas empresas que pagam bons dividendos.
Além da rentabilidade diária dos papéis, o investidor pode contar com uma fonte de renda adicional cada vez que a empresa realizar a sua distribuição periódica de lucros. Além de registrarem uma valorização expressiva em termos de rendimentos, estas ações pagaram bons dividendos no decorrer do ano passado.
De acordo com a Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), os dividendos e juros sobre capital próprio pagos atingiram um recorde no ano passado, ao alcançar o equivalente a cerca de R$ 9,5 bilhões. Para 2004, as perspectivas são ainda melhores, já que a retomada de um crescimento econômico mais consistente, tanto interno quanto externo, tende a impulsionar os lucros das empresas.
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Como funcionam os dividendos?
Dividendo nada mais é que a importância paga aos acionistas, em dinheiro, em proporção à quantidade de ações possuídas. Pela Lei das Sociedades por Ações, deve ser distribuído um dividendo mínimo de 25% do lucro líquido, sendo que o pagamento deve ser efetuado geralmente ao fim de cada exercício contábil.
Como o pagamento do dividendo tem como base o lucro líquido apresentado pela empresa, o imposto de renda acaba não incidindo sobre os dividendos pagos, ou seja, é a companhia quem paga o imposto.
Cada empresa listada na bolsa segue uma política específica de pagamento de dividendos, ou seja, algumas desembolsam uma parcela maior de seus lucros, sendo que o pagamento pode ser efetuado em termos anuais, semestrais ou trimestrais.
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O Bradesco, por exemplo, foi apontado como o maior banco distribuidor de dividendos aos acionistas em 2003 entre um grupo de oito países. No momento, as ações preferenciais do Bradesco oferecem um retorno de dividendo (ou dividend yield) de 6,40%, um dos maiores entre as empresas brasileiras.
Vale mencionar ainda que a empresa não é obrigada a distribuir dividendos sempre, pois pode estar em fase de investimentos. Desta maneira, as empresas que já são mais maduras, ou seja, que não necessitam mais crescer tanto, são em geral mais generosas na remuneração de seus acionistas.
Política de dividendos varia entre empresas
Quando o objetivo é identificar empresas que pagam bons dividendos, a Sousa Cruz costuma ser uma recomendação freqüente entre os analistas. Além do seu bom nível de rentabilidade, a empresa tem capacidade ociosa e não tem necessidades de investimento imediatas em tecnologia ou em novos segmentos.
Para se ter uma idéia, em 2003 a empresa distribuiu R$ 788,7 milhões em dividendos, mais de 100% de seu lucro de R$ 610 milhões. Isto porque a empresa pagou também o chamado “juros sobre capital próprio”, uma espécie de provento que vem da conta de reserva de lucros.
Uma forma de se comparar dividendos entre as empresas, bastante difundida entre analistas, é analisar o indicador dividend yield, ou retorno de dividendo, que mede a relação entre a soma dos proventos (dividendos + juros de capital) pagos pela empresa com a cotação da ação em um determinado período. Nos últimos 12 meses, o indicador de dividend yield da Souza Cruz está em 9,37%.
A Vale do Rio Doce é outra empresa que costuma pagar bons dividendos. A mineradora, que divulgou um lucro recorde de R$ 4,509 bilhões no acumulado de 2003, pagou um total de US$ 1,93 bilhão em dividendos e em janeiro deste ano anunciou irá pagar no mínimo US$ 550 milhões aos acionistas em 2004. Sendo assim, o dividend yield da empresa está atualmente em torno de 3,87%.
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Por fim, vale citar dentre outras, a CSN, uma das maiores siderúrgicas nacionais. A empresa vai distribuir todo o lucro líquido de R$ 1,031 bilhão registrado em 2003 e mais 15% sobre esse valor, incluído juros sobre capital próprio. Para se ter uma idéia, seu dividend yield atualmente está no nível de 5,78%.
Investimento de longo prazo
Vale ressaltar que, quando os investidores buscam montar uma carteira de empresas que pagam bons dividendos, o objetivo costuma ser um horizonte de longo prazo. Contudo, mesmo quem está à procura de um rendimento para toda a vida deve procurar ter em mãos papéis com um mínimo de liquidez. Pois, o acionista pode querer vender suas ações de uma hora para outra e para isto a liquidez da ação é essencial.
É importante lembrar que o pagamento de bons dividendos passados não significa que a empresa irá pagar bons dividendos no futuro. Em um ano específico a empresa pode ter um lucro excepcional, mas isto pode não acontecer novamente. Portanto, é importante analisar seu histórico de pagamentos de dividendo, relacionamento com acionista, além de avaliar se a empresa e seu setor têm um bom potencial de crescimento de lucros.