Emergentes são devastados após retirada de Bernanke, mas Brasil pode sair da crise

Mercado emergente sofre bastante após sinalizações que Fed diminuirá o ritmo de compras de títulos, mas, para estrategista do Fator, Brasil tem fundamentos para enfrentar momento difícil

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Com a sinalização da redução do programa de estímulos em breve, o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, “deu de ombros” ao mercado, que mostrou bastante irritação, destaca Paulo Gala, estrategista do Banco Fator Corretora. 

Em meio a um cenário bem mais otimista traçado pelo Federal Reserve para a economia norte-americana, apontando para uma retirada dos estímulos monetários mais adiante, houve um movimento de venda generalizada em títulos do Tesouro norte-americano e no mundo emergente. 

Com isso, as moedas da Turquia e da Índia atingem mínimas históricas enquanto, no Brasil, a bolsa continua derretendo e os juros disparando. Além disso, afirma Gala, “não bastasse a ‘insensibilidade’ de Ben Bernanke conosco, o Banco Central chinês resolveu, em momento extremamente infeliz, contrair liquidez por lá”, aponta Gala, com as taxas interbancárias estourando e já havendo rumores de que bancos irão quebrar. 

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Somado a isso, esteve o PMI da China, que veio muito ruim na véspera e colocaram ainda mais em tendência de queda os preços das commodities para o menor patamar em 18 meses – muitas delas nas pautas de exportação brasileira. 

Não está tão ruim assim…
Porém, apesar da forte queda dos mercados brasileiros e a da deterioração dos fundamentos macroeconômicos, em meio a um fraco crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e da alta da inflação, Gala acredita que o Brasil tem fundamentos para enfrentar a crise.

“Apesar da conta corrente ter piorado e a inflação estar no teto da meta, nossa posição externa ainda é relativamente boa, uma vez que somos menos dependente de capitais de curto prazo, como México, Turquia e África do Sul e com posição de reservas robusta”, avalia o estrategista.

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Já as contas públicas apresentaram piora na margem mas, segundo ele, a relação entre a dívida e o PIB ainda é razoável. “Podemos sim tomar downgrade de dívida, mas me arriscaria a dizer que o Brasil ainda tem posição relativamente boa no cenário dos emergentes”, ressalta.

Neste cenário, o estrategista do Banco Fator Corretora avalia que alguns ativos começam a ficar excessivamente baratos e bons pontos de entrada irão surgir. Assim, ressalta, é difícil acertar o tempo exato, mas quem ficar atento às oportunidades poderá fazer excelentes negócios. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.