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As ações da Embraer (EMBR3) chegaram a desabar mais de 8% nesta quinta-feira, reagindo ao anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na véspera, de uma tarifa de 50% para todos os produtos brasileiros enviados aos EUA. Contudo, ao longo do dia, a baixa foi amenizada, com os ativos fechando com queda de 3,70% (R$ 75,32), ainda assim a maior queda do Ibovespa na sessão.
De acordo com analistas do JPMorgan, a companhia é uma das mais afetadas no setor de bens de capital brasileiro, com um impacto potencial estimado de cerca de 13% na receita da fabricante brasileira de aviões.
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Marcelo Motta e Jonathan S. Koutras ponderaram que a previsão assume que todas as vendas do jato Praetor (cerca de 18% da receita) são para clientes dos EUA e que o jato comercial E175 (cerca de 9% da receita) também sofreria queda de demanda.
Eles destacaram que o impacto potencial de uma tarifa de 50% sobre as exportações do Brasil para os EUA varia entre os diferentes segmentos de negócios da Embraer.
Na aviação comercial, citaram, que respondeu por 35% da receita em 2024 e 12% do Ebit, os contratos da Embraer incluem cláusulas que permitem o repasse de tarifas de importação aos clientes.
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Como ponto positivo, a equipe do JPMorgan lembrou que o jato E175, responsável por cerca de 9% da receita de 2024, totalmente fabricado no Brasil, não possui concorrente certificado, o que confere à Embraer forte poder de precificação.
Na família E2, acrescentaram que a empresa enfrenta concorrência do A220 da Airbus, mas não possui clientes nos EUA.
Quanto aos jatos executivos, Motta e Koutras citaram que a montagem final ocorre em Melbourne, Flórida — os Phenoms são 100% fabricados nos EUA, enquanto os Praetors têm entre 60% e 70% de conteúdo da América do Norte, principalmente dos EUA.
“No entanto, como partes do processo são fabricadas no Brasil, esse segmento é mais impactado pelas tarifas, o que pode pressionar as margens”, estimaram no relatório enviado aos clientes do banco.
“Segundo nossos cálculos, uma tarifa de 50% sobre essas peças representaria uma redução significativa nas margens, com impacto de até 15% no Ebit dos jatos executivos no pior cenário.”
Em defesa, esclareceram que a Embraer não possui vendas diretas para os EUA nesse segmento.
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Em relação ao segmento de serviços e suporte, afirmaram que as peças importadas do Brasil para atender clientes nos EUA também podem ser impactadas.
“Assumindo que 25% da receita de serviços e suporte nos EUA seja representada por importações do Brasil, o impacto estimado seria de cerca de 5% no Ebit desse segmento”, calculam.
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Por outro lado, algumas análises apontaram resiliência das ações da Embraer e avaliaram a queda como uma boa oportunidade de compra.
Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, levando em conta que as companhias aéreas americanas que recebem os jatos da companhia brasileira seriam diretamente prejudicadas com o tarifaço, e é natural imaginar que exerceriam pressão para que a Embraer fosse excluída dessa tarifa de 50%.
Além disso, desde o início, a Embraer já opera com plantas de produção nos Estados Unidos, o que, por si só, pode colocá-la fora do alcance dessas sobretaxas.
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A Embraer informou, por meio de nota, que está avaliando os possíveis impactos em seus negócios da possibilidade de aumento de tarifa pelo governo americano, caso o decreto se aplique à indústria de aviação no Brasil. A companhia disse ainda que o tema será abordado na teleconferência resultados do segundo trimestre, marcada para 5 de agosto.
“A empresa está trabalhando com as autoridades competentes visando restabelecer a alíquota zero dos impostos de importação para o setor aeronáutico”, complementou a fabricante de aeronaves.
(com Reuters e Agência Estado)
