Em reestruturação, Groupon desaba 30% em Wall Street após balanço e saída de CEO

Especialistas falam em risco no futuro da empresa e Groupon desaba na Bolsa; companhia projeta 2016 mais fraco que o esperado anteriormente

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – As ações da companhia de comércio eletrônico Groupon desabam 30% na bolsa de Nova York nesta quarta-feira (4) após a companhia reportar receitas trimestrais mais fracas que o esperado na noite de ontem. Além disso, a empresa ainda divulgou um guidance de vendas decepcionante e a saída de seu CEO. Às 16h27 (horário de Brasília), os papéis tinham perdas de 27,17%, cotados a US$ 2,94, após chegarem a cair 31%.

O co-fundador da empresa, Eric Lefkofsky, está deixando o cargo de presidente-executivo e retornando ao posto de presidente do Conselho de Administração. Para seu lugar foi escolhido o vice-presidente de operações, Rich Williams.

A companhia também disse que vai gastar de US$ 150 milhões a US$ 200 milhões a mais em marketing por ano e reduzir o foco em eletrônicos de consumo, que trazem receitas maiores, mas produzem margens menores. “Nós somos forçados a fazer decisões duras, trocando dor a curto prazo por ganho no longo prazo com o objetivo de construir uma companhia que nos faça orgulhosos”, disse Williams em teleconferência.

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A previsão de receita da companhia para 2016 é de US$ 2,75 bilhões a US$ 3,05 bilhões, abaixo da média das estimativas de analistas de US$ 3,5 bilhões, de acordo com a Thomson Reuters I/B/E/S. A receita do Groupon no terceiro trimestre também ficou abaixo das estimativas, atingidas pelas vendas fracas na América do Norte e pela receita menor em outros mercados.

No terceiro trimestre, O Groupon registrou receita de US$ 713,6 milhões, contra estimativas de US$ 733 milhões. Já para os últimos três meses do ano, a expectativa da companhia é de uma receita entre US$ 815 e US$ 865 milhões, enquanto os analistas projetam receita de US$ 957 milhões.

Nos últimos meses, especialistas já passaram a duvidar do atual modelo da companhia, afirmando que este pode ser um negócio inviável se continuar da mesma forma. Há quem acredite que falta caixa e uma reforma no modelo para que o Groupon consiga ser economicamente viável no longo prazo.

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“Nós entendemos o investimento da empresa na abordagem de marketing, mas não acredito que isto resolve o desafio subjacente da empresa, que está construindo um produto mais atraente e que capta os usuários de forma viral”, disseram os analistas da PiperJaffray ao The Guardian.

Exatamente quatro anos atrás, o IPO (Oferta Pública Inicial) do Groupon foi fixado em US$ 20 por ação, avaliando a empresa em US$ 13 bilhões. Com as perdas de hoje, a companhia passa a valer menos de US$ 2 bilhões.

Nos preços de hoje, as ações da Groupon são negociadas em seu nível mais baixo desde novembro de 2012. O papel já se desvalorizou mais de 40% nos últimos três meses, e cerca de 64% nos últimos 12 meses. Após os resultados fracos, uma série de corretoras e bancos reduziram seus preços-alvos para os ativos, que agora estão com uma expectativa média de US$ 4,44 para 12 meses.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.