Em inferno astral, gestor de US$ 2 tri se questiona: “eu sou realmente um idiota?”

Bill Gross, da Pimco, vive um momento bastante turbulento e faz diversas revelações sobre o período: foi uma experiência de "quase-morte", um golpe emocional

Lara Rizério

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SÃO PAULO – “Eu sou realmente um idiota?”. Esta é a pergunta que Bill Gross se faz na capa da revista da Bloomberg Businessweek desta semana. O fundador da Pimco, uma das maiores gestoras do mundo, concedeu uma entrevista à publicação, em uma época em que ele está envolvido em diversas polêmicas, evidenciados após a partida de Mohamed El-Erian, em março, em meio a rumores de que o ambiente entre os dois estaria pior do que o descrito inicialmente. 

Durante a entrevista, Gross dá um panorama sobre os acontecimentos atuais, além de fazer algumas descrições animadas de sua rotina diária, como o fato de Gross dirigir com os joelhos enquanto toma café da manhã no carro. O gestor de US$ 2 trilhões faz uma narrativa sobre como o próprio se vê, além do futuro da sua empresa que foi construída a partir do zero.

Sobre a polêmica com Mohamed El-Erian, Gross afirmou que não sabe com certeza porque o ex-CIO (Chief Investment Officer) saiu da companhia, tendo dito apenas: “Eu não sou o homem para liderar esta empresa no futuro”. Agora, toda vez que o nome de El-Erian é revelado, a voz de Gross fica embargada, ressalta a reportagem. “Eu implorei o máximo que alguém da minha posição poderia implorar. Eu não fiquei de joelhos, mas disse: Não vá. O que você está fazendo?”. Depois Gross se conformou. 

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El-Erian, aponta, fazia um horário ainda mais intenso de trabalho do que Gross, também despendendo o seu tempo com artigos de opinião e outros meios de produção.

Gross destacou que ele e El-Erian se correspondiam durante todo o dia por e-mail – mesmo que estivessem sentados lado a lado – já que o fundador da gestora não gostava de ser interrompido. 

Vale ressaltar que a saída de El-Erian coincidiu com um dos piores momentos para a Pimco. Após anos de desempenho superior, o Total Return, o maior fundo do mundo, com US$ 232 bilhões em ativos, teve desempenho inferior a 94% dos seus concorrentes em março, de acordo com o MorningStar. 

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Sobre o momento turbulento, Gross não se esquivou e destacou que esta foi uma experiência de “quase-morte”, um golpe emocional. “Toda vez que eu leio o jornal eu digo a mim mesmo: ao menos a minha esposa me ama”. 

A entrevista de Bill Gross repercutiu nas agências internacionais que destacaram que, para os clientes da empresa, esta história é provavelmente uma distração para ofuscar o desempenho negativo dos seus fundos.  Conforme dados apontados pelo MorningStar, a saída líquida acumulada de onze meses somou US$ 52,1 bilhões. 

E questionam a importância de que os clientes confiem em um líder para gerenciar os seus investimentos. Neste sentido, apontam, será que o artigo da Bloomberg Businessweek pode ajudar? Por enquanto, é esperar as saídas se estabilizarem.  

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.