Em dia Petrobras e Vale “imbatíveis”, Ibovespa respira e põe fim a sequência de 6 quedas

Índice dispara na última hora e fecha na máxima do dia, com alta de 1,43%, em seu melhor fechamento em um mês; dólar cai 0,31%, para R$ 3,9983 na venda

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Em pregão de intenso vai e vem, o Ibovespa conseguiu firmar alta uma hora antes do fim e interromper uma sequência de seis quedas nesta quinta-feira (14), dia em que fechou com variação positiva de 1,43%, a 39.500 pontos (máxima do dia), puxado sobretudo pela disparada das ações da dupla Petrobras (PETR3, R$ 7,23, +6,32%; PETR4, R$ 5,69, +7,97%) e Vale (VALE3, R$ 9,65, +7,22%; VALE5, R$ 7,52, +6,82%), além do alívio de outras blue chips que apresentavam movimento de queda durante boa parte da sessão — caso dos bancos Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 24,56, +1,45%), Bradesco (BBDC3, R$ 19,20, +1,11%; BBDC4, R$ 17,70, +3.03%), que fecharam em alta, e da Ambev (ABEV3, R$ 16,85, +0,12%), que terminou o dia perto da estabilidade. Com isso, o benchmark da Bolsa brasileira, em seu melhor fechamento em um mês, conheceu sua segunda sessão positiva em 2016, e evitou o risco de, mais uma vez, renovar seu menor fechamento desde março de 2009. O giro financeiro negociado na Bovespa foi de R$ 5,02 bilhões.

Lá fora, o destaque ficou com os dados dos pedidos de auxílio-desemprego dos Estados Unidos. Foram 285 mil contra 275 mil esperados, o que não foi suficiente para alimentar um movimento de queda nos mercados locais. Ao contrário, Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 apresentam altas na casa dos 2%, em um dia de recuperação após as quedas recentes. Contribuiu para o movimento a recuperação dos preços do petróleo, com os barris tipo brent e WTI subindo mais de 2%, e o resultado melhor que o esperado do JP Morgan. O banco registrou lucro líquido de US$ 5,4 bilhões, o que corresponde a US$ 1,32 por ação, com receita de US$ 23,7 bilhões, superando as apostas de analistas do mercado.

Segundo o economista-chefe da Opus Asset, José Márcio Camargo, o Ibovespa tem uma volatilidade hoje frente às fortes quedas dos últimos pregões, mas a tendência geral é de que o índice realmente se desvalorize ainda mais. Por enquanto, notícias pontuais afetam o desempenho da Bolsa. “Tem o peso da fala do presidente do Federal Reserve de Saint Louis, James Bullard, de que a queda do petróleo está perto do fim, o que impulsiona Petrobras”, afirma.

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Acompanhando o dia de maior apetite por riscos, o dólar fechou em queda. A moeda americana terminou o dia com variação negativa de 0,31%, cotada a R$ 3,9983 na venda, enquanto o dólar futuro para fevereiro apresentava queda na casa dos 0,5%. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 tinha alta, assim como o DI para janeiro de 2021.

Para Camargo, a performance dos DIs está relacionada com o fato do mercado já precificar uma elevação dos juros na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) na próxima quarta-feira (20). Os investidores também ficam à espera da reunião do ministro da Fazenda Nelson Barbosa com o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, às 17h. “Deste lado, a pressão é pela ideia de que essa reunião gere um aumento de oferta de crédito direcionado pelo BNDES. Seria ruim do ponto de vista da inflação e levaria a um aumento da taxa de juros maior do que o esperado”, explica o economista. 

A consultoria Eurasia afirmou, em e-mail para a Bloomberg, que, apesar da postura dura do ministro da Fazenda em relação a gastos, na qual se aproxima do seu antecessor, Joaquim Levy, sua postura mais flexível em políticas quasi fiscais — que são atividades de caráter fiscal de bancos centrais e outras instituições financeiras ou não financeiras públicas fora do governo propriamente dito — revela outro tipo de sinalização.

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Ontem, o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, afirmou à Bloomberg que o governo está em negociação com BNDES, Caixa e Banco do Brasil para ativar o crédito para habitação, exportação, pequenas e médias empresas e que elas começam a sair em fevereiro.

Ações em destaque
As ações da Vale ampliaram os ganhos após chegarem a cair mais cedo e fecharam em alta na casa dos 7%. Os papéis acompanham as cotações do minério de ferro. A commodity spot com 62% de pureza e entrega no porto de Qingdao fechou em alta de 1,8% a US$ 40,22 a tonelada. Também marcaram disparada as ações da Petrobras, acompanhando o movimento dos preços do petróleo.

No radar da estatal, reportagem da Folha de S. Paulo aponta que a companhia decidiu vender sua participação na Braskem (BRKM5, R$ 25,20, -3,04%) depois que o governo não aprovou uma operação de capitalização da estatal por meio do Tesouro. Para a XP Investimentos, a venda da Braskem tende a ajudar o problema da Petrobras – alto endividamento -, porém, não resolve o problema da empresa, relacionado à alta do dólar, que pressiona seu endividamento, e queda no preço do barril do petróleo. Ontem, o UBS cortou os preços-alvos das ações ordinárias e preferencias da Petrobras em 33% e 29%, respectivamente. Além dele, o Société Générale rebaixou sua perspectiva de preço para os ADRs (American Depositary Receipt) da estatal de US$ 5,50 para US$ 4,00.

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As ações de gigantes da Bolsa como Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 24,56, +1,45%) e Ambev (ABEV3, R$ 16,85, +0,12%) operavam entre perdas e ganhos durante boa parta da sessão, atrapalhando o desempenho geral do índice. No entanto, ao final, conseguiram terminar o pregão no campo positivo após movimento de recuperação. No noticiário corporativo, a cervejaria ontem firmou uma parceria com a Craft Brew Alliance para aumentar a distribuição da cerveja da marca Kona aqui no Brasil.

As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 PETR4 PETROBRAS PN 5,69 +7,97 -15,07 420,61M
 VALE3 VALE ON 9,65 +7,22 -25,94 104,75M
 VALE5 VALE PNA 7,52 +6,82 -26,63 250,93M
 PETR3 PETROBRAS ON 7,23 +6,32 -15,64 102,96M
 BBAS3 BRASIL ON 13,56 +5,61 -8,01 119,94M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 RUMO3 RUMO LOG ON 2,61 -21,62 -58,17 23,01M
 OIBR4 OI PN 1,52 -7,32 -22,05 3,96M
 SUZB5 SUZANO PAPEL PNA 15,92 -3,52 -14,82 125,55M
 CESP6 CESP PNB 12,05 -3,37 -10,07 8,16M
 BRKM5 BRASKEM PNA 25,20 -3,04 -8,76 58,95M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN 5,69 +7,97 420,61M 302,76M 36.860 
 ITUB4 ITAUUNIBANCO PN 24,56 +1,45 343,13M 417,24M 27.768 
 VALE5 VALE PNA 7,52 +6,82 250,93M 207,50M 38.407 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 17,70 +3,03 219,80M 239,05M 26.395 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 16,85 +0,12 206,78M 186,24M 26.992 
 CTIP3 CETIP ON 38,82 +3,35 178,07M 70,68M 10.012 
 ITSA4 ITAUSA PN 6,56 +0,46 163,13M 119,83M 27.523 
 CIEL3 CIELO ON 32,60 -0,73 143,42M 165,94M 16.320 
 SUZB5 SUZANO PAPEL PNA 15,92 -3,52 125,55M 81,04M 15.902 
 BBAS3 BRASIL ON 13,56 +5,61 119,94M 114,03M 14.988 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) 

Mundo pode enfrentar crise financeira
O conselheiro de Estado Yang Jiechi, o responsável máximo pelos negócios estrangeiros da China, advertiu hoje para a possibilidade de uma nova crise financeira global. “Não é possível descartar por completo a possibilidade de vermos acontecer uma nova crise econômica, e o problema não devia ser negligenciado”, afirmou Jiechi.

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Repatriação
A presidente Dilma Rousseff sancionou, na quarta-feira, com vetos, a Lei da Repatriação, que regulariza os recursos enviados por brasileiros ao exterior sem o conhecimento da Receita Federal. Pelo menos três dispositivos foram vetados. Um deles é o que permitia a regularização de objetos enviados de forma lícita, mas não declarada, como joias, metais preciosos e obras de arte. Outro dispositivo vetado é o que permitia a repatriação de recursos em nome de terceiros ou laranjas, fazendo com que o dinheiro esteja em nome da pessoa realmente beneficiada para que possa voltar ao Brasil. Aprovada pela Câmara dos Deputados em novembro e pelo Senado em dezembro, a Lei da Repatriação é uma das medidas do governo para tentar reequilibrar as contas públicas neste ano e financiar a reforma do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

PSDB quer colocar delação de Cerveró no TSE
Os advogados do PSDB querem pedir no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a inclusão do depoimento do ex-diretor da área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró no julgamento da ação que prevê a cassação da chapa Dilma-Temer. O ex-executivo disse que ouviu do senador Fernando Collor de Mello (PMDB-AL), que a presidente Dilma Rousseff teria autorizado diretamente as suas negociações para indicar cargos de chefia na BR Distribuidora.

Cenário externo
O mercado externo tem desempenho misto, com viés negativo, enquanto as ações europeias ajustam-se à baixa de Wall Street de ontem. Já o petróleo tem um dia de alta, com o brent cotado a US$ 30,88, com alta de 1,98% e o WTI com ganhos de 2,69%, a US$ 31,33 o barril.

Enquanto Xangai subiu 1,98%, o japonês Nikkei fechou em queda de 2,68% e Hang Seng teve baixa de 0,59%. A cautela dos mercados ganhou um componente adicional, após militantes realizaram um ataque com armas de fogo e bombas no centro da capital indonésia, Jacarta, nesta quinta-feira, matando pelo menos seis pessoas, informou a polícia, em um ataque em um país ameaçado pelo Estado Islâmico.

Com isso, o dólar se fortalece, com moedas asiáticas como won e rúpias da Indonésia e Índia liderando perdas entre divisas emergentes. Na Europa, o dia também é de quedas, com o DAX em baixa de 1,68% e o CAC 40 em queda de 1,80%. 

PIB da Alemanha
A maior economia da zona do euro divulgou nesta quinta o seu PIB (Produto Interno Bruto) relativo ao quarto trimestre de 2015. O PIB alemão cresceu 1,7% em 2015, uma leve melhora ante o ano anterior e a taxa mais forte em quatro anos, de acordo com estimativa preliminar da Agência Federal de Estatísticas divulgada nesta quinta-feira e um pouco acima das expectativas de 1,6%. No terceiro trimestre do ano passado, os alemães viram a atividade econômica do seu país crescer 1,6%.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.