Em decisão surpreendente, Trump demite diretor do FBI James Comey

Presidente disse que o movimento, que chocou Washington, se deveu à maneira como Comey tratou do escândalo do ano passado envolvendo emails da então candidata presidencial democrata Hillary Clinton

Reuters

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WASHINGTON (Reuters) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, demitiu abruptamente nesta terça-feira o diretor do FBI, James Comey, que liderava a investigação da agência sobre alegações de intromissão russa nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016 e possível conluio com a campanha de Trump

Trump disse que o movimento, que chocou Washington, se deveu à maneira como Comey tratou do escândalo do ano passado envolvendo emails da então candidata presidencial democrata Hillary Clinton. Democratas imediatamente acusaram Trump de agir por motivos políticos.

O diretor do FBI esteve envolvido em uma controvérsia em torno da investigação sobre se o uso de um servidor de email privado por Hillary, enquanto chefiava o Departamento de Estado durante o primeiro mandato do presidente Barack Obama, comprometeu a segurança nacional.

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“É essencial que encontremos uma nova liderança para o FBI que restabeleça a confiança do público em sua missão vital de aplicação da lei”, disse Trump em uma carta a Comey, divulgada pela Casa Branca.

Trump afirmou a Comey na carta que aceitou a recomendação do secretário de Justiça, Jeff Sessions, de que ele não poderia mais proporcionar liderança efetiva. O mandato de Comey iria até setembro de 2023.

A decisão, anunciada pelo secretário de imprensa da Casa Branca, Sean Spicer, em uma breve aparição diante de repórteres, pegou Washington desprevenida.

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Os democratas denunciaram o movimento de Trump, que alguns compararam ao “massacre de sábado à noite” de 1973, em que o então presidente Richard Nixon demitiu um promotor especial independente que investigava o escândalo de Watergate.

“A ação de hoje do presidente Trump elimina completamente qualquer aparência de uma investigação independente sobre os esforços russos para influenciar nossa eleição e coloca nossa nação à beira de uma crise constitucional”, disse o deputado democrata John Conyers, membro Comitê Judiciário da Câmara.

Conyers e outros democratas renovaram seus apelos para uma comissão independente ou um procurador especial para investigar a influência russa nas eleições de 2016.

 
EMAILS

Trump tinha originalmente criticado o diretor do FBI por não acusar criminalmente Clinton em julho passado, mas depois fez muitos elogios a ele.

Comey disse em julho que o caso dos emails de Hillary deveria ser encerrado sem julgamento, mas 11 dias antes da eleição de 8 de novembro declarou que tinha reaberto a investigação por causa da descoberta de um novo lote de emails relacionados à candidata democrata.

Hillary e outros democratas dizem acreditar que a decisão de Comey contribuiu para a derrota na eleição contra Trump.

A Casa Branca divulgou um memorando do vice-secretário de Justiça, Rod Rosenstein, que forneceu a justificativa do governo para a demissão de Comey.

“Eu não posso defender a condução do diretor na conclusão da investigação dos emails da secretária Clinton, e não entendo sua recusa em aceitar o julgamento quase universal de que estava enganado”, escreveu Rosenstein.

O líder democrata no Senado Dick Durbin foi ao plenário do Casa na terça-feira para pedir à Casa Branca que esclareça se a investigação do FBI sobre a interferência russa na campanha presidencial continuará com a saída de Comey.

“Qualquer tentativa de parar ou minar esta investigação do FBI levantaria questões constitucionais graves”, disse Durbin. “Esperamos esclarecimentos pela Casa Branca o mais rápido possível se esta investigação vai continuar.”

Trump, em sua carta a Comey, disse: “Embora eu aprecie muito que você tenha me informado, em três ocasiões distintas, que eu não estou sob investigação, eu no entanto concordo com o julgamento do Departamento de Justiça de que você não é capaz de conduzir eficazmente o órgão.”