Eletrobras: UBS BB eleva preço-alvo e mantém compra, mas ressalta um porém para ação

Desde a privatização em 2022, o UBS BB avalia que a Eletrobras reduziu significativamente os riscos associados ao seu caso de investimento, mas destaca visão do mercado de falta de catalisadores de curto prazo

Felipe Moreira

Ativos mencionados na matéria

Logo da Eletrobras (REUTERS/Brendan McDermid)
Logo da Eletrobras (REUTERS/Brendan McDermid)

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O UBS BB reiterou recomendação de compra para ações da companhia elétrica Eletrobras (ELET6) e elevou o preço-alvo de R$ 53 para R$ 59 para as ações PNB, após incorporar os resultados mais recentes e uma estrutura mais enxuta. Segundo o relatório, a análise contempla toda a operação consolidada de geração e transmissão, em vez de cada subsidiária individualmente.

Desde a privatização em 2022, o UBS BB avalia que a Eletrobras reduziu significativamente os riscos associados ao seu caso de investimento — incluindo ajustes no balanço patrimonial, desinvestimentos em ativos não estratégicos e a resolução de disputas legais com o governo federal, especialmente em relação ao poder de voto.

Na visão dos analistas, as ações da companhia seguem sendo negociadas a níveis atrativos, com uma taxa interna de retorno (TIR) alavancada real estimada em 15% e potencial de valorização de aproximadamente 30% em relação aos preços atuais.

Não perca a oportunidade!

Apesar disso, o UBS BB reconhece que parte do mercado pode adotar uma postura mais conservadora, considerando que a Eletrobras não deve se destacar nem como uma empresa de crescimento acelerado nem como uma pagadora relevante de dividendos no curto e médio prazo. Assim, há falta de catalisadores para a companhia.

As estimativas de lucro por ação (EPS) para 2025 a 2027 foram reduzidas entre 36% e 72%, refletindo a venda das termelétricas para a Âmbar Energia, a exclusão dos resultados das usinas nucleares e o impacto de juros mais elevados.

Modelo híbrido: utilities ou commodity?

Para os analistas, faz sentido observar a Eletrobras sob uma abordagem mista:

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Essa análise híbrida é justificada por fatores como o elevado volume de energia não contratada, a volatilidade dos preços no mercado livre de energia e o fraco crescimento da demanda no Brasil, que comprometem a previsibilidade dos preços no longo prazo.

O UBS BB projeta um rendimento médio orgânico de fluxo de caixa (FCFE) de 14% entre 2025 e 2030 — excluindo emissão ou amortização de dívidas, pagamentos relacionados aos empréstimos compulsórios e investimentos adicionais em reforços e melhorias na malha de transmissão.

No cenário base, que considera capex voltado à manutenção e modernização (R&M), a alavancagem medida por dívida líquida/EBITDA deve cair de 4,8 vezes em 2025 para 2,9 vezes em 2029. A conta inclui obrigações como empréstimos compulsórios, CDE, revitalização de bacias, planos de pensão e contratos de leasing. Essa trajetória abre espaço para maiores distribuições de dividendos, com dividend yield potencial estimado em 19,8% em 2030, mantendo o endividamento estável naquele ano.

Valuation depende dos preços de energia no longo prazo

Para o banco, o valor da Eletrobras está altamente ligado às projeções para os preços de energia no longo prazo. A capacidade assegurada da companhia deve ficar entre 16 GW e 17 GW nos próximos anos.

No curto prazo, com base nas informações de balanço energético da companhia, a visibilidade é maior: cerca de 3 GW (gigawatt) devem ser vendidos no mercado spot em 2025. No entanto, a partir de 2028, só há informações sobre o volume contratado no mercado regulado (ACR), restando cerca de 13 GW de energia que devem ser assumidos como vendidos a preços spot. Isso torna o valuation altamente sensível às premissas de preço de energia. No cenário base, os analistas assumem uma convergência dos preços para o custo marginal de expansão, estimado em R$ 187/MWh.