Eletrobras (ELET3) tem resultado operacional em linha e analistas destacam itens não recorrentes

Além de provisões, analistas também chamaram atenção para maiores custos e despesas operacionais; atenção principal, contudo, fica para próximos passos

Vitor Azevedo

Eletrobras (Foto: Getty Images)

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Na última sexta-feira (15), a Eletrobras (ELET3;ELET6) divulgou seu resultado do segundo trimestre de 2022 – o primeiro balanço publicado após a companhia realizar seu processo de privatização. De maneira geral, os analistas destacam que a companhia trouxe um bom desempenho, mas que o resultado total foi abalado por provisões e itens não recorrentes.

Com esses dois últimos fatores, os números foram parcialmente questionados pelos especialistas, que fizeram ajustes pontuais.

A Eletrobras, em seu documento, destaca que seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 4,8 bilhões. Para o Morgan Stanley, esse número foi de R$ 3,5 bilhões (7% acima da sua estimativa). O Credit Suisse aponta que o Ebitda ajustado foi de R$ 3,3 bilhões (0,7% acima do consenso). O Goldman Sachs afirmou que o mesmo número foi de R$ 3,7 bilhões (5% acima do esperado).

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“Além dos ajustes da empresa, excluímos ainda a equivalência patrimonial, de R$ 487 milhões, e receitas IFRS, de R$ 628 milhões, do Ebitda ajustado”, justifica o Goldman Sachs em relatório.

De qualquer forma, mesmo com os ajustes, a companhia de geração e de transmissão de energia apresentou números que foram bem recebidos.

“A Eletrobras informou um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado em linha com o que prevíamos e com o consenso de mercado, refletindo maiores receitas das transformações e ajustes de contratos nas unidades de geração, apesar das menores vendas para o mercado spot”, comentam os analistas do Credit Suisse, em relatório.

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O Bradesco BBI afirma que o lucro bruto do segmento de geração, de R$ 3,3 bilhões, veio em linha com o esperado e que acredita que esse braço, provavelmente, foi o driver para o melhor resultado operacional.

“Embora tenha havido muitas provisões e one offs relacionadas à privatização, o Ebitda ajustado da empresa foi 8% superior ao nosso consenso, com a maior receita no segmento de geração parecendo ser o driver”, destacam os analistas.

O Morgan afirma que o lucro líquido ajustado ficou acima de seu consenso, com melhor resultado operacional e também com efeitos acima do esperado relacionados à Lei 14.182/2021, especialmente em relação aos contratos de concessão de Tucuruí e Caruá.

“O Ebitda reportado (excluindo equivalência patrimonial) foi afetado por diversos itens não recorrentes. Já o recorrente, de R$ 4,9 bilhões, superou nossa estimativa, que era de R$ 4,4 bilhões”, diz o Itaú BBA. “No entanto, a empresa não reportou o impacto do IFRS, o que torna a comparação enganosa. Se ajustarmos para o impacto do IFRS, o EBITDA foi de R$ 4,62 bilhões, em linha com nossas estimativas”, complementa.

Para o Goldman, os resultados foram impulsionados tanto pelos maiores preços cobrados no negócio de geração, com menores preço do spot, tanto pelo segmento de transmissão, com reajuste dos contratos pela inflação.

Ainda nesta frente, os analistas destacaram que os custos e despesas operacionais da Eletrobras vieram acima dos índices de alta dos preços.

“Em administração, as despesas recorrentes foram de R$ 1,9 bilhão, alta de 20% no ano, contra 11,89% da inflação do período, que se deu principalmente pelas despesas com pessoal, já que o segundo trimestre é a data base dos reajustes anuais dos salários, e em 2021, processo foi adiado para setembro de 2021”, explica o Goldman – que destaca que as melhorias nesta frente são importantes para destravar valor da companhia no pós-privatização.

O Credit Suisse também destaca que a companhia registrou, de maneira recorrente, alta dos custos de 18% no ano. O Morgan Stanley vê esse número saltando 25%. Ambos destacam os gastos com pessoal como o motivo da alta, ou ao menos como parte considerável dele.

“Despesas controláveis ​​recorrentes, de R$ 1,9 bilhão, aumentaram 21% no ano, muito acima da inflação. Cabe ainda ressaltar que o principal fator que irá impactar o comportamento dos papéis da empresa permanece sendo o turnaround esperado em sua operação no curto-médio prazo”, destaca o BBA.

Por fim, todos os analistas destacaram também que a Eletrobras registrou um nível alto de provisões e de efeitos não recorrentes, que impactaram o lucro líquido consideravelmente.

“A Eletrobras registrou R$ 2,2 bilhões de provisões operacionais, com destaque para R$ 700 milhões de contingências judiciais e R$650 milhões de inadimplência de recebíveis do Amazonas”, detalha o Credit Suisse. “Os itens não recorrentes totalizaram R$700 milhões, com R$465 milhões de provisões legais, R$ 250 milhões de provisões para inadimplência e R$ 242 milhões de provisões para empréstimos compulsórios”.

Para o BBI, apesar desses itens, a companhia não trouxe surpresas negativas que mudam a tese de recuperação – com a atenção voltada ainda aos próximos passos após a privatização.

“Portanto, mantemos a recomendação de compra. Embora os resultados trimestrais precisem ser monitorados, achamos que o desempenho das ações está mais dependente de iniciativas de corte de custos e reestruturação corporativa, que esperamos decolar com a chegada do novo CEO, Wilson Ferreira Jr”, avalia a casa.

O Morgan Stanley, por sua vez, vê o aumento de provisões até com certo viés positivo. “Vemos a Eletrobras maximizando retornos, mitigando riscos e crescendo com sabedoria e esperamos que a companhia siga esse manual de criação de valor, que sustenta nossa tese de excesso de peso”, pontuam.

O Goldman Sachs destaca que provavelmente o mercado se concentrará nas próximas propostas da nova administração em um futuro próximo.

“Ressaltamos que este foi o primeiro resultado trimestral anunciado após a privatização da Eletrobras, mas não houve impactos neste trimestre, pois a capitalização só foi realizada em meados de junho. No dia 5 de agosto, a Eletrobras anunciou seu novo conselho de administração e presidente, Wilson Ferreira Jr, que tomará posse no dia 20 de setembro. Esperamos que o mercado esteja focado agora nos anúncios dos próximos passos após o processo de capitalização”, avalia.

Por volta das 12h40, as ações ordinárias da Eletrobras subia 3,30%, a R$ 48,45. As preferenciais classe B (ELET6) avançavam 1,61%, a R$ 49,84. O Morgan Stanley tem recomendação overweight para as preferenciais, com preço-alvo de R$ 67. O Bradesco BBI tem classificação outperform, com alvo de R$ 70. O BBA tem recomendação outperform para os ordinárias, com alvo em R$ 61,6. O Goldman Sachs manteve sua recomendação de compra para os dois papéis, com preços-alvos de, R$ 61 para as ordinárias e R$ 67 para as preferenciais.

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