Eletrobras (ELET3): BBA vê riscos limitados e aponta oportunidade de compra para ação após liquidação recente

Itaú BBA mantém classificação outperform e preço-alvo de R$ 61,60, um potencial de valorização de 47,6% frente a cotação de fechamento da véspera

Felipe Moreira

(Eletrobras)

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Em resposta a questionamentos de investidores sobre o que o novo governo eleito poderia fazer para reverter a privatização ou prejudicar a Eletrobras (ELET3;ELET6), o Itaú BBA comentou que enxerga riscos limitados. Isso porque mudanças na lei das estatais não teriam implicações para a Eletrobras, uma vez que a companhia foi privatizada em junho de 2022. A Eletrobras é agora uma empresa privada e uma verdadeira corporation, pois o poder de voto de qualquer acionista, incluindo o governo federal, é limitado a 10% .

Nesse sentido, segundo analistas, uma reversão da privatização é improvável, dado o custo da poison pill (mecanismo de proteção contra aquisição hostil). O governo federal teria que fazer uma oferta pública (OPA) para comprar todas as ações dos acionistas minoritários com um prêmio de 200% sobre o preço mais alto da ação nos 504 pregões anteriores.

Assim, dada a recente queda da ação da Eletrobras (os papéis caíram mais de 13% desde o segundo turno da eleição), o BBA diz enxergar uma grande oportunidade de compra e reitera recomendação outperform (equivalente à compra) para ações ordinárias da elétrica, com preço-alvo de R$ 61,60, o que representa um potencial de valorização de 47,6% em relação a cotação de fechamento de R$ 41,74.

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Catalisadores positivos

Analistas enxergam catalisadores positivos de curto prazo para a ação: “i) a contratação de gestores qualificados para posições-chave, como o negócio de comercialização de energia; ii) eventual liquidação de contingências em valor inferior ao registrado em seu balanço; iii) venda de ativos; e iv) simplificação da estrutura acionária, resultando em menor custo e maior agilidade na utilização dos créditos tributários”.

O time de research do BBA destaca que como empresa privada, a Eletrobras não está sujeita a nenhuma restrição na contratação ou demissão de empregados.

O banco destaca que o programa de desligamento voluntário contou com a adesão de 2.462 empregados nesta primeira fase (90% dos empregados elegíveis). O custo do primeiro programa é de R$ 1 bilhão, com retorno do investimento (payback) de 1 ano.

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A empresa tem hoje 10.500 funcionários, mas o número cairá para 8.000 quando a primeira etapa for concluída. “A Eletrobras deve lançar outro programa de desligamento voluntário no próximo ano, o que pode representar uma redução adicional de 20% no quadro de funcionários”, apontam analistas.

Itaú BBA também destaca o fato da diretoria eleita estar protegida de tentativas de mudança na estratégia da empresa. A nova diretoria tem mandato até 2025 e foi eleita por maioria de votos, em 5 de agosto. “Portanto, o governo federal eleito não tem poderes para alterar a diretoria nos próximos anos”, explicam analistas. “Terminado o mandato, nova eleição será realizada, mas o governo federal participará da discussão da nova diretoria, com apenas 10% dos votos. Os acionistas minoritários terão, portanto, mais poder do que o governo federal para escolher a nova diretoria.”

Por outro lado, o maior risco, na opinião do BBA, é como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), autoridade antitruste, poderia analisar potenciais fusões e aquisições feitas pela companhia. Analistas acreditam que a Eletrobras enfrentará dificuldades para obter aprovação para grandes aquisições, dado seu poder de mercado.

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Diante disso, eles não enxergam como um grande ponto negativo porque o foco deve estar no processo de recuperação e não no crescimento. “Vemos a Eletrobras como um player de dividendos no médio prazo.”