Eletrobras cai mais de 8%, enquanto Gol sobe 4,5%; veja mais destaques

Ações do setor elétrico foram pressionadas pela indenização menor que a esperada; papéis da BM&FBovespa recuam após Nyse fechar parceria para chegar ao mercado de ações brasileiro

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – Na volta do feriado, o Ibovespa voltou a apresentar queda, fechando esta segunda-feira (5) com perdas de 0,30%, aos 58.209 pontos. Como era esperado, as ações das elétricas se destacaram na ponta negativa, com os papéis preferenciais classe B da Eletrobras (ELET6) liderando as quedas do índice com desvalorização de 8,21%, aos R$ 15,42. Na outra ponta, os ativos da Gol (GOLL4) tiveram alta de 4,56%, terminando o dia valendo R$ 10,55.

As companhias do setor elétrico foram afetadas pela Medida Provisória 579, após o governo anunciar que deve pagar R$ 20 bilhões às elétricas em indenização, valor abaixo do esperado pelas companhias. Os papéis ordinários da Eletrobras (ELET3) caíram 4,66% aos R$ 11,04, enquanto os da Cesp (CESP6) recuaram 5,76%, aos R$ 17,19. Já a Transmissão Paulista (TRPL4) perdeu 4,22% de valor de mercado, aos R$ 31,56 e a Cemig (CMIG4) teve desvalorização de 2,85%, aos R$ 24,21.

“O recuo do valor das indenização sobre o que era esperado por essas empresas e a expectativa de que aconteça uma redução de 70% nas receitas das elétricas deve acirrar a briga das elétricas com o governo”, explica o analista Luis Gustavo Pereira, da Futura Investimentos. “Em suma, tais valores devem fomentar ainda mais as discussões e críticas por parte do setor privado”, completa a equipe de análise da XP Investimentos em relatório.

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Desta forma, para os analistas Marco Saravalle e Bruno Piagentini, da Coinvalores, o momento é de cautela para as ações de empresas do setor elétrico. “Até que dezembro, prazo que as empresas têm para assinar os novos contratos, o mercado deve acompanhar forte volatilidade para as ações do setor”, afirmam.

Os analistas da XP Investimentos pontuam os principais fatores negativos do anúncio para cada uma das empresas que aparecem entre as mais prejudicadas. No caso da Cesp, ganha evidência o baixo valor oferecido  pela sua geração de energia (R$ 28,60 MW/h) e ao valor de indenização por Ilha Solteira.

Gol decola com Delta no Brasil
Um dos motivos para a forte movimentação das ações da Gol pode estar relacionada com a instalação de um escritório da Delta Air Lines no Brasil. “Quem está esperando pela confirmação do boato de compra da Gol pode ter se animado com a notícia, embora essa mudança da Delta possa ser apenas operacional”, disse o analista Carlos Müller, da Geral Investimentos. 

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Em abril, o mercado especulava a negociação da venda de mais de 17% das ações da brasileira para a empresa norte-americana. Atualmente, a Delta possui uma fatia de 3% na companhia aérea, obtida depois de um aporte de US$ 100 milhões anunciados em dezembro do ano passado. 

Segundo reportado na Exame, além de se aproximar da Gol, a Delta vai aproveitar o escritório na capital paulista para afinar parcerias com empresas como Aeroméxico e Aerolíneas Argentinas, e também vai controlar de perto um acordo de joint-venture com a Air France-KLM, no México. 

Nos últimos cinco anos, a empresa acumulou um crescimento de 56% na receita e um aumento de 62% no número de passageiros no Brasil. Atualmente, a Delta tem 35 voos semanais entre Brasil e Estados Unidos e a parceria com a Gol possibilita que a companhia abocanhe 40% do mercado brasileiro, operando em 21 cidades.

BM&FBovespa cai com Nyse no Brasil
As ações da BM&FBovespa (BVMF3) registraram queda de 2,22% aos R$ 13,20, acentuando a queda após a notícia de que a Nyse Euronext e a brasileira ATG selaram parceria para a criação de uma plataforma de negociação de ações em bolsa no Brasil.

A joint venture dará início a ATS Brasil e terá como objetivo desenvolver uma central de liquidez para o mercado doméstico. Segundo o analista-chefe da corretora SLW, Pedro Galdi, os papéis repercutem a possibilidade de quebra de monopólio da BM&FBovespa no mercado acionário brasileiro. Ele acrescenta, no entanto, que ainda é difícil mensurar o impacto da entrada de uma nova plataforma no País.

O resultado, porém, só poderá ser visto a médio prazo, pois, conforme diz o analista, o volume de ações negociado no mercado brasileiro – de cerca de R$ 6 bilhões por dia – ainda é bem fraco. Por conta do montante pífio transacionado diariamente, ele adiciona que não vê motivo para a  existência de duas bolsas no Brasil.

“A tendência, claro, é o volume na negociação de ações aumentar, já que a rentabilidade da renda fixa deve continuar em baixa. Ainda assim, nosso mercado não é tão grande para ter duas bolsas”, avalia o analista.

Financiamento do BNDES fortalece MMX
As ações da MMX Mineração (MMXM3) ganharam força nesta segunda, após a companhia conseguir aprovação de um pedido de financiamento ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para obras na mina Serra Azul. Com isso, os papéis da empresa subiram 1,72%, atingindo os R$ 4,14. 

A MMX não informou o valor do pedido ao BNDES, mas na quinta-feira (1) o presidente da empresa, Guilherme Escalhão, disse que espera obter até meados de 2013 aprovação para financiamento de R$ 3,2 bilhões junto ao banco de fomento.

Além do novo financiamento, o analista Roberto Altenhofen, da casa de research Empiricus, aponta que a movimentação dos papéis deve-se a correção dos últimos dias. Somente no mês de outubro, a empresa perdeu R$ 590 milhões em valor de mercado, representando uma queda das ações de 19,11%

Dufry: após cair 7,3%, BDR se recuperou
Apesar da forte alta no lucro líquido, os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) da Dufry (DAGB11) foram fortemente penalizadas no início do pregão desta segunda-feira, mas logo se recuperaram. Depois de chegar a cair 7,28%, os papéis ganharam forças e fecharam com perdas de apenas 1,51%, aos R$ 261,00. 

Entre julho e setembro deste ano a empresa lucrou CHF 63,1 milhões (R$ 133,2 milhões), frente aos CHF 38,6 milhões (R$ 75 milhões) do mesmo período no ano anterior, conforme números não-auditados.

Do mesmo modo, as principais linhas do balanço também mostraram evolução: a receita líquida passou de CHF 697,7 milhões para CHF 846,5 milhões, enquanto o Ebitda (geração operacional de caixa) avançou de CHF 108,1 milhões para CHF 140,1 milhões.