Eletrobras cai 7%; 7 empresas reagem a resultados e 2 small caps estendem ganhos

Enquanto Estácio e PDG subiram forte após balanço, ações da BM&FBovespa fecham no negativo com resultado fraco

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Apesar de uma nova pesquisa eleitoral, o pregão desta sexta-feira (9) não foi positivo, diante de um dia bastante volátil da Petrobras (PETR3; PETR4), que acabou fechando em queda. Com isso, a temporada de resultados voltou a dar o tom dos negócios. No geral foram 12 das 71 ações do índice fechando com queda de mais de 2%, enquanto 4 papéis subiram mais de 2%.

Com a maior alta do dia, a PDG Realty (PDGR3) viu suas ações subirem 7,69%, para R$ 1,68. A companhia conseguiu reverter o prejuízo de R$ 73,8 milhões apresentado um ano atrás para um lucro líquido de R$ 2,8 milhões, com sua dívida líquida caindo 77%, para R$ 75 milhões. Apesar da melhora, a receita operacional líquida caiu 15,5%, passando de R$ 1,32 bilhão para R$ 1,12 bilhão.

Apesar do otimismo do mercado, os analistas da Citi Corretora mantiveram sua recomendação de venda das ações da companhia, afirmando que seguem preocupados com o ambiente apresentado por ela, projetando grandes dificuldades para a PDG. Enquanto isso, a equipe do Credit Suisse viu o resultado como misto, com muitos positivos, mas destacaram que a companhia ainda não conseguiu se recuperar totalmente.

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Eletrobras
Saindo do ambiente dos resultados, chamaram atenção as ações da Eletrobras (ELET3, R$ 6,95, -7,58%; ELET6, R$ 10,11, -5,34%) que lideraram as perdas do dia. A companhia não conseguiu arrematar nenhum lote no leilão de transmissão de energia ocorrido nesta manhã, que teve a Copel (CPLE6) e a Alupar (ALUP11) entre as principais vencedoras.

Além disso, pesa para a companhia a notícia de que o Tesouro Nacional não vai mais aportar recursos para ajudar distribuidoras de energia elétrica. “A princípio, não existe recurso do Tesouro… O que o Tesouro tinha que aportar de recurso já aportou”, disse o diretor da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Reive Barros, ao acrescentar que teria que ser pensada uma alternativa para cobrir a exposição residual das distribuidoras.

Estácio
Outra companhia que conseguiu fortes ganhos após seu balanço foi a Estácio (ESTC3), que fechou entre as maiores altas do Ibovespa, registrando ganhos de 2,04%, cotada a R$ 25,51. A companhia registrou alta de 89% em seu lucro líquido no primeiro trimestre – ficando acima das expectativas do mercado, com nova captação recorde de alunos. O lucro entre janeiro e março foi de R$ 125,8 milhões, ante R$ 66,6 milhões um ano antes, enquanto a média das estimativas de analistas obtidas pela Reuters apontava para lucro de R$ 103,7 milhões.

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A empresa contabilizou 134,7 mil novos alunos matriculados em seus cursos de graduação presencial e à distância no trimestre. A base total de alunos em instalações que operam há pelo menos um ano cresceu 19,3% contra o ano anterior. A receita líquida da companhia foi de R$ 538,2 milhões, alta de 30,2% sobre o ano anterior. As despesas gerais e administrativas, por outro lado, subiram 23,4%, para R$ 64,4 milhões.

BM&FBovespa
Por outro lado, a BM&FBovespa (BVMF3, R$ 11,66, -0,60%) viu suas ações fecharem no negativo após um balanço considerado fraco pelos analistas. Na mínima do dia, os papéis chegaram a cair 2,73%, a R$ 11,41 . As receitas do segmento BM&F cresceram 2,1% sobre o primeiro trimestre de 2013, enquanto o segmento Bovespa mostrou queda de 14,1% no volume médio diário negociado. Com isso, o lucro líquido ajustado caiu 4,9% entre os dois trimestres, para R$ 375,3 milhões, embora a margem líquida ainda se mantenha acima de 50% – ela subiu de 51,2% para 52,3%. A receita líquida caiu 6,0%, para R$ 489,7 milhões.

Para os analistas do Itaú BBA, os números foram moderados, com algumas linhas melhores do que o esperado. O analista Alexandre Spada  lembra que a empresa atuou ativamente na recompra das ações – 54,2 milhões no acumulado do ano, totalizando R$ 557 milhões – o que fez o crescimento do lucro líquido divergir da expansão do Lucro por ação.

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Eztec
Fora do Ibovespa, diversas ações tiveram forte oscilação após os resultados trimestrais. É o caso da Eztec (EZTC3), que registrou perda de 3,56%, a R$ 24,64 – chegando a recuar 4,46% na mínima do dia -, após a companhia ver seu lucro líquido cair 36,7% e fechar o primeiro trimestre em R$ 95,457 milhões. Já Ebitda atingiu R$ 88,037 milhões, o que representa uma queda de 41,4% na comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto a margem Ebitda caiu 4,7 pontos porcentuais, para 41,8%. A receita líquida totalizou R$ 210,755 milhões, recuo de 34,8% e o resultado financeiro líquido ficou positivo em R$ 14,534 milhões, crescimento de 65,5%.

Para os analistas da Planner, o resultado da companhia foi bem abaixo das expectativas e mesmo com as explicações passadas no release está cada vez mais claro que o mercado imobiliário está se ajustando para um patamar bem abaixo daquele anunciado em períodos anteriores.

Randon
Outra companhia que registrou queda após seu resultado foi a Randon (RAPT4, R$ 6,72, -2,47%) que reportou lucro líquido de R$ 62,2 milhões no primeiro trimestre, alta de 56,8% na comparação anual. A receita líquida, por sua vez, caiu 0,9% na mesma base de comparação, e encerrou o trimestre em cerca de R$ 966 milhões. No trimestre, a produção de caminhões caiu 1,5% na comparação anual, enquanto a de veículos rebocados diminuiu 5,4%. O Ebtida atingiu R$ 150,3 milhões, crescimento ano a ano de 25,8%.

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Para a equipe da XP Investimentos, apesar de um cenário bem mais desafiador nesse começo de ano, mesmo com uma queda de receita e de volume, principalmente na parte de implementos rodoviários, os ganhos com eficiência nos custos mais que compensaram no resultado. Porém, eles ressaltam as projeções para os próximos meses, com o segundo trimestre devendo ser bem mais complicado. “O curto prazo pode ser um pouco mais difícil, mas no médio/longo prazo a ação deve se valorizar de forma a refletir melhor os fundamentos da empresa”, concluíram em relatório.

Positivo
A Positivo (POSI3, R$ 2,35, -6,37%) chegou a cair 9,1% nos minutos iniciais do pregão após a fabricante de computadores mostrar mais uma queda de 90,3% no lucro líquido em relação ao 1º trimestre de 2013, para R$ 1,1 milhão. O resultado operacional mostrou fraco crescimento, ao contrário das despesas e do endividamento da companhia.

As despesas financeiras da companhia somaram R$ 17,8 milhões, alta de 252,5%, enquanto a dívida líquida de R$ 389 milhões, crescimento de 32,8% em um ano. No lado operacional, a receita líquida teve queda de 2,2%, para R$ 613,4 milhões, ao passo que o Ebitda (lucro antes dos juros impostos, depreciação e amortização) totalizou R$ 29,1 milhões no primeiro trimestre, alta de 4,4% na comparação anual. 

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Multiplus
Uma das poucas empresas que conseguiu agradar os investidores com seus números do 1º trimestre foi a Multiplus (MPLU3, R$ 32,48, +6,84%), que viu suas ações dispararem para o maior patamar desde junho do ano passado. A expectativa era de resultados favoráveis, já que os papéis da empresa de programas de fidelidade da TAM já subiram 6% nos 3 pregões pré-divulgação.

A Multiplus teve lucro líquido de R$ 74,6 milhões no primeiro trimestre, alta de 59,2% na comparação anual, com aumento da receita e melhora do resultado financeiro. A receita líquida de janeiro a março atingiu R$ 440,7 milhões, alta de 18%. Os custos dos serviços e resgate de pontos somou R$ 317,1 milhões no período, alta de pouco mais de 15% ano a ano, resultante do aumento da quantidade de pontos resgatados, enquanto as despesas operacionais subiram de R$ 34,4 para R$ 36,7 milhões. A empresa encerrou o primeiro trimestre com 12,5 milhões de participantes, avanço de 10,7% na comparação anual. Os pontos emitidos subiram 1% e os pontos resgatados, 10,3%.

O resultado reportado pela Multiplus retoma “o caminho evolutivo e com um bom desempenho financeiro”, aponta o analista Nataniel Cezimbra, do BB Investimentos, que acredita que aa ação deverá diminuir a distância em relação a Smiles (SMLE3) – empresa do programa de fidelidade da Gol (GOLL4). A mencionar: a Smiles já subiu 100% desde sua abertura de capital, em abril do ano passado; no mesmo período, a ação da Multiplus subiu cerca de 5%.

Outras small caps
Duas ações de baixíssima liquidez que já haviam disparado no pregão anterior após seus balanços seguiram em trajetória ascendente nesta sexta-feira: CSU Card System (CARD3, R$ 2,15, +10,82%) e Locamérica (LCAM3, R$ 3,21, +5,59%). A CSU registrou lucro líquido de R$ 1,4 milhão entre os meses de janeiro e março deste ano, com expressiva recuperação em relação ao resultado líquido do mesmo período de 2013, quando apresentou prejuízo líquido de R$ 3,5 milhões. Segundo a empresa, o número foi impactado positivamente pelo benefício fiscal concedido em função do desenvolvimento de atividades de pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica. No ano passado, o benefício impactou positivamente o lucro líquido do quarto trimestre em R$ 700 mil.

Já a Locamérica registrou queda de 47,9% em seu lucro trimestral, que atingiu R$ 4,9 milhões. Enquanto isso, sua receita líquida de locação ficou em R$ 84,3 milhões, leve avanço de 2,7% na comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo os analistas Mário Bernardes e Gabriela Cortez, do BB Investimentos, o balanço mostrou que a companhia está trilhando um bom caminho para recuperação de suas margens operacionais, com alta de 6,8% da frota alugada, manutenção da política de redução de estoques e aumento da eficiência operacional.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.