Elétricas disparam em dia de reunião e Cielo lidera perdas; veja destaques

Sessão foi volátil e contou com diversas referências corporativas: Brasil Foods, HRT, Localiza, Docas Imbituba e Americanas estiveram entre as que chamaram atenção

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – Em um dia volátil na BM&FBovespa, o Ibovespa terminou a quarta-feira (9) com alta de 0,74%, aos 61.578 pontos. As ações da Cielo (CIEL3) lideraram as perdas nessa sessão com queda de 3,36%, aos R$ 56,15, enquanto os da Cesp (CESP6) tiveram alta de 6,72%, terminando aos R$ 18,90, puxando o rali positivo das empresas do setor elétrico.

As ações das elétricas foram novamente destaque da bolsa, desta vez positivamente – se recuperando das fortes quedas das sessões anteriores. Logo atrás dos ativos da Cesp estiveram os da Cemig (CMIG4), que fecharam em alta de 5,58%, aos R$ 21,76. Embora a Cesp tenha se destacado durante toda a sessão, a Cemig disparou apenas nos minutos finais do pregão.

Os papéis preferenciais da Eletrobras (ELET6) subiram 4,33%, aos R$ 10,11, enquanto os ordinários, ELET3, registram alta de 2,81%, aos R$ 6,58. Light (LIGT3) se destacou com alta de 4,56%, aos R$ 20,88, ao passo que Copel (CPLE6) teve ganhos de 2,83%, aos R$ 29,80 e CPFL Energia (CPFE3) teve ganhos de 2,23%, aos R$ 20,60. 

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Essas empresas se recuperam das fortes quedas das últimas sessões: mesmo com a recuperação, os papéis da Cesp ainda acumulam queda de 4,64% na semana, enquanto ELET6 apresenta queda de 10,78% no período e ELET3 recua 6,92% no período. Já CMIG4 apresenta queda de 0,73%, enquanto os da Light virou para o positivo na semana: alta de 0,38%. 

É possível que os papéis estejam apenas repicando das fortes quedas da véspera – movimento comum após fortes movimentações. O cenário gráfico, que mostra o sentimento do mercado em relação às perspectivas das ações, ainda aponta para mais fortes quedas para a Eletrobras, o que deve afetar todo o setor em bolsa. 

É possível, porém, que o sentimento mude: a reunião com Dilma, que foi iniciada as 14h30, deve produzir resultados muito importantes para determinar a situação das empresas. Embora a razão da crise seja o baixo nível nos reservatórios, resultado de uma fraca temporada de chuvas no fim do ano, os investimentos futuros em geração devem ser pauta da reunião, o que pode determinar uma queda menor nos custos de energia do que já havia sido previsto na MP 579 (Medida Provisória), no final do ano.

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Parte do mercado já estima que o corte será de 11%. A palavra “racionamento” também estará em pauta – o que é o principal temor do mercado. O JPMorgan, porém, estima que a possibilidade de um novo racionamento deverá ser de apenas 10%. Os efeitos disso seriam devastadores para a economia, acredita o Bank of America Merill Lynch: desaceleração de 0,9% no PIB (Produto Interno Bruto) de 2013, ou seja, o equivalente a todo o crescimento de 2012. 

Brasil Foods sobe com possível entrada de Abílio no conselho
Uma possível entrada do Abílio Diniz, sócio fundador e presidente do conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar (PCAR4), para o presidência do conselho de administração da Brasil Foods (BRFS3) acionou a arrancada das ações da empresa. Os papéis BRFS3 subiram 3,22%, aos R$ 45,25 – patamar próximo a máxima de valorização de 4,58% nesta sessão.

Segundo a coluna de Lauro Jardim, o empresário estaria negociando um acordo para assumir o conselho de administração da Brasil Foods, empresa resultante da fusão entre Sadia e Perdigão. Abílio entraria no lugar de Nildemar Secches, responsável pelo crescimento da Perdigão e que costurou a sua fusão com a concorrente.

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“Um movimento como esse é surpresa para o mercado, mas é visto como positivo, já que Abílio tem boa aceitação entre os investidores mesmo depois dos últimos atritos com o grupo francês Casino e Pão de Açúcar”, explica o analista da Leme Investimentos, João Pedro Brugger. 

Recomendações impulsionaram Americanas e B2W…
As ações das Lojas Americanas (LAME4) e da B2W Varejo (BTOW3) figuraram entre as maiores altas do Ibovespa, depois que o Santander elevou a recomendação para a empresa controladora nesta sessão, passando-a de neutra para compra. Os papéis LAME4 subiram 4,44%, atingindo os R$ 18,33, enquanto a B2W Varejo avançaram 3,06%, operando aos R$ 15,50.

“Esse movimento se acentuou depois do meio dia, é fluxo de gente comprando por conta dessa recomendação”, acredita Luis Gustavo Pereira, estrategista da Futura Corretora. Ele ressalta que recomendações como essa ajudam diversos investidores, estrangeiros ou nacionais, a determinar o que comprar, sobretudo em dias em que a bolsa está de lado – o chamado buy-side de gestoras e corretoras, como a própria Futura.

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A recomendação chama a atenção também de Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos. Diferentemente de Pereira, ele não acredita que o movimento seja apenas por conta do relatório – sobretudo por não ter tido acesso à análise do Santander. Mas ele explica: uma melhora no panorama de Lojas Americanas ajuda a puxar também a sua controlada, principalmente caso o motivo da elevação seja uma melhora da B2W.

…assim como derrubaram Cielo
Em relatório datado de terça, o Credit Suisse estabeleceu um ambiente menos positivo e mais nebuloso para a Cielo (CIEL3), apesar de ter mantido a recomendação neutra para os papéis e de ter rolado o preço-alvo para 2013 para R$ 67,00 – ante R$ 66,00. Com isso, as ações da companhia registraram queda de 3,36%, aos R$ 56,15.

Os analistas do banco avaliam que, após a recente recuperação, com ganhos de 47,67% em 2012, os papéis CIEL3 devem ter ganhos mais modestos. Com isso, a equipe de análise acredita em um potencial de alta de 17,54% até o final de 2013.

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De acordo com os analistas Victor Schabbel, Marcelo Telles e Daniel Sasson, a fraca dinâmica de curto prazo e ganhos potencialmente mais baixos poderiam eliminar alguns dos catalisadores positivos vistos nas últimas semanas para os papéis. Entretanto, os bons fundamentos da companhia fazem o banco suíço manter a avaliação neutra para os papéis. 

Uma piora do ambiente macroeconômico e as maiores despesas operacionais fizeram os analistas revisar as estimativas de lucro de R$ 610 milhões para o quarto trimestre, 3% abaixo do consenso de mercado. Assim, no ano, as expectativas de lucro para 2012 foram cortadas em 3%, para R$ 2,3 bilhões. Para o ano corrente, as projeções se reduziram em 4%, para R$ 2,55 bilhões. 

Além disso, em decorrência do novo cenário competitivo, a adquirente pode tomar a difícil decisão de reduzir o seu nível de divulgação de produtos, o que pode se traduzir em algo positivo no curto prazo, mas bastante negativo mais à frente. 

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Entretanto, avaliam Schabbel, Telles e Sasson, as perspectivas para a companhia não estão em questão. Apesar de ter registrado desaceleração econômica no segundo semestre com reflexos negativos sobre o volume de transações, os fundamentos continuam saudáveis. Assim, só depois de 2017 as expectativas são de um crescimento menos acelerado, de 10% a 15% ao ano, ante expectativa de crescimento de 19% neste ano.

PDG intensifica perdas em dia de saída de Diretor
A saída de Milton Goldfarb da diretoria de incorporação da PDG Realty (PDGR3) deve ser anunciada em breve, mas o que preocupa o mercado principalmente é a lenta recuperação da companhia e o baixo retorno sobre patrimônio líquido.

Embora o analista Eduardo Silveira, do Banco Espírito Santo, não considere a troca de Goldfarb como questão crucial, as ações da companhia tiveram queda de 3,25%, aos R$ 3,27, enquanto as demais do setor respondiam bem na bolsa.

Os papéis de suas princpais rivais avançaram: Cyrela (CYRE3+3,42%, R$ 18,14), Gafisa (GFSA3+3,44%, R$ 4,81), Even (EVEN3+4,14%, R$ 9,55), MRV Engenharia (MRVE3+1,43%, R$ 11,31), Rossi (RSID3+1,08%, R$ 4,68) registravam valorizações. 

Conforme o Valor apurou, o executivo deve ser substituído por Eduardo Machado, diretor-presidente de incorporação da Viver (VIVR3), que deve ser escolhido pelo head hunter que a companhia contratou para selecionar um novo nome para o cargo no final de 2012. 

Goldfarb, no entanto, deve virar consultor da PDG em 2013 e 2014. Segundo Silveira, essa troca já era esperada pelo mercado. “Isso é um processo natural e a empresa já está se preparando para contratar um novo executivo”, disse o analista após reunião com o diretor vice-presidente e diretor financeiro da companhia, Marco Kheirallah. 

Com isso, Goldfarb ficaria na área de negócios em São Paulo, enquanto na incorporação os executivos da empresa devem trazer alguém com experiência para o cargo. Essa troca, contudo, não é surpresa, já que a companhia vem trocando todo o seu time, disse o analista.  

Nos último meses, toda a parte administrativa da PDG foi integrada. Cerca de 200 pessoas foram desligadas da empresa, e os escritórios Agre e Goldfarb passaram a funcionar no mesmo local, em São Paulo.  Uma das características de Goldfarb era seu expertise no segmento de baixa renda, mas que, segundo Silveira, não deve impactar a companhia, já que as construtoras começaram a ver que não era tão “fácil” trabalhar com programas voltados a essa classe, como o “Minha Casa, Minha Vida”.

As companhias, no geral, diminuíram um pouco suas exposições a esse segmento – como Rossi (RSID3), Cyrela (CYRE3) e Gafisa (GFSA3) -, comenta o analista. A própria PDG possui menos de 15% dos lançamentos voltados para baixa renda. 

Localiza cai com a saída dos fundadores
As ações da Localiza (RENT3) registraram queda de 1,46% nesta quinta, terminando aos R$ 37,05. Esse movimento pode ser justificado pelo anúncio feito na noite anterior de que os fundadores da empresa diminuíram sua participação no capital entre os dias 29 de outubro de 2010 e 26 de dezembro de 2012 – nesse período, a companhia ganhou 36,8% de valor de mercado.

Segundo comunicado ao mercado enviado na terça, após o fechamento do pregão, os fundadores da Localiza venderam em pouco mais de dois anos um total de 7.227.267 ações da empresa – o equivalente a 3,58% do total de ativos emitidos pela companhia, reduzindo a participação deles para 30,7%. Considerando também as ações que eles deixaram disponíveis para empréstimo nese período, a fatia deles na empresa está atualmente em 28,86%, mostra o comunicado.

Dentre os fundadores que vederam ações, aparece o presidente da empresa, José Salim Mattar Júnior, que alienou 2.353.024 ações e comprou 235.409 no período, reduzindo sua fatia na companhia para 17.205.079 papéis – o equivalente a 8,53% do capital. Considerando as ações sob empréstimo, a participação do presidente é ainda menor: 8,07%. Antônio Cláudio Brandão Resende (vice-presidente do Conselho de Administração) e Flávio Brandão Resende (membro do conselho) venderam no período 3.025.620 e 2.120.000 ações, respectivamente, e possuem agora 9,00% e 6,05%, nesta ordem.

O único acionista fundador que não vendeu ações nesses pouco mais de dois anos foi o membro do conselho de administração Eugênio Pacelli Mattar. Ao longo desse período, ele comprou 35.968 papéis RENT3, passando a deter 14.361.711 ações – ou 7,12% do capital. Contudo, por possuir 2.778.386 ações sob empréstimo, sua participação atual representa 5,74% do capital da Localiza.

HRT  é impulsionado com confirmação de gás
A divulgação de comunicado confirmando a existência de gás em dois blocos da Bacia de Solimões impulsionou as ações da HRT (HRTP3), que subiram 1,19%, a R$ 5,12. 

Para Roberto Altenhofen, da Empiricus Research, a confirmação diminuiu o risco das previsões feitas antes da perfuração estarem equivocadas. “Os últimos testes garantiram a existência de gás em maior extensão da Bacia de Solimões, o que já havia sido analisado antes dos testes de formação”, disse o analista.

Os resultados dos testes, aliados a outros já realizados, comprovam a extensão para sul do potencial gaseífero dos blocos SOL-T-191 e SOL-T-192 e abrem uma grande perspectiva exploratória para os blocos SOL-T-214, SOL-T-215 e SOL-T-216, segundo o comunicado da empresa. 

Altenhofen ressalta ainda que a alta pode estar relacionada às recentes quedas que os ativos HRTP3 têm sofrido. Desde o início de 2012, as ações da companhia despencaram 53%.

Docas Imbituba: suspensão, queda de 8% e fechamento estável
Partindo para as small caps, destaque para a Docas Imbituba (DOCA4). A companhia não conseguiu realizar a assembleia geral extraordinária marcada para acontecer dia 28 de dezembro, devido ao fato de que o governo de Santa Catarina ter assumido o controle do Porto de Imbituba dois dias antes – local onde estava instalado a sede da companhia e local onde seria realizada a assembleia.  Com isso, os negócios com as ações da companhia ficaram suspensos por boa parte da sessão, antes de reabrirem por volta das 15h15 (horário de Brasília).

Com forte pressão vendedora, os papéis da companhia – que voltaram a ser negociados somente 30 minutos depois do que foi determinado pela BM&FBovespa – chegaram a registrar queda de 8,05%, aos R$ 0,80. Contudo, eles logo se recuperaram e terminaram o dia estáveis a R$ 0,87.