Elétricas amenizam perdas; Oi dispara 5%; imobiliárias seguem em alta

Ainda entre os destaques, CPFL Renováveis estreia em queda na bolsa; CCR recua mais de 2% com suspeita de ganhos indevidos

Paula Barra

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SÃO PAULO – Após uma semana promissora, o Ibovespa cai nesta sexta-feira (19), diminuindo o ritmo de ganhos semanal, mas ainda acumulando alta nos últimos 4 pregões (+3,97%). A desaceleração da inflação brasileira, medida pelo IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15) já era em parte esperada pelo mercado e não anima os investidores. Na cotação das 13h17 (horário de Brasília), o benchmark da bolsa brasileira caía 0,64%, a 47.350 pontos, operando em queda por todo o pregão.

Chama atenção neste pregão as ações das elétricas, com destaque para Eletrobras (ELET3, -3,38%, R$ 4,57; ELET6, -2,94%, R$ 8,91), Transmissão Paulista (TRBL4, -1,35%, R$ 32,90) e Cemig (CMIG4, 0,0%, R$ 20,75). O movimento, entretanto, é mais ameno do visto nesta manhã. Nas mínimas do dia, os papéis atingiram desvalorizações de 6,13%, 8,5%, 6,0% e 2,55%, respectivamente.   

Pesou nas ações a notícia de que o TCU (Tribunal de Contas da União) encontrou um sobrepreço bilionário nas contas que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) fez dos cálculos residuais para determinar o reembolso para as companhias que renovaram as concessões antecipadamente.

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Relatório do ministro do TCU, José Maurício Monteiro, com base numa amostra de linhas de transmissão que tiveram o contrato de concessão prorrogado, encontrou discrepâncias superiores a 350% entre as avaliações feitas pela Aneel sobre o custo de construção e as realizadas pelo órgão de controle. 

Oi dispara cerca de 5%
Por outro lado, as ações da Oi (OIBR3; OIBR4) seguem em fortes ganhos neste pregão, após subirem cerca de 5% na véspera. Os papéis ordinários registram valorização de 4,76%, a R$ 4,18, enquanto as preferenciais sobem 6,30%, a R$ 3,88.

No pregão de ontem, a agência de classificação de risco Moody’s destacou que a venda de R$ 2,4 bilhões em ativos pela companhia são positivas. Isso porque reforça o saldo de caixa da empresa e reduz a alavancagem.

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Imobiliárias seguem em alta
No mesmo sentido, as ações das imobiliárias seguem em valorização neste pregão, com destaque para Gafisa (GFSA3), Brookfield (BISA3), PDG Realty (PDGR3) e Rossi (RSID3), que avançam 4,86%, 1,72%, 1,55% e 1,10%, respectivamente, a R$ 3,02, R$ 1,77, R$ 1,96 e R$ 2,76. Na semana, os papéis acumulam ganhos de 9,42%, 17,11%, 15,38% e 10,44%, nesta ordem.

CPFL Renováveis estreia na bolsa em queda
No dia de estreia na bolsa, as ações da CPFL Renováveis (CPRE3) registram queda de 3,84%, sendo cotadas a R$ 12,03. O papel acompanha o desempenho negativo de outras elétricas, que caem forte após o TCU encontrar diferenças bilionárias em indenizações. 

Na quarta-feira, a companhia precificou o papel em R$ 12,51 por ação em seu IPO (Inicial Public Offering) – menor valor dentro da faixa indicativa da operação -, movimentando R$ 1,035 bilhão, com a venda de 82,7 milhões de ações. As ações da companhia fazem parte do Novo Mercado da BM&FBovespa.

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Com suspeita de ganhos indevidos, CCR cai mais de 2%
Em meio à realização de auditorias pela Artesp (Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo) concluindo que as concessionárias teriam um ganho indevido de R$ 2 bilhões em São Paulo com a cobrança de pedágios, as ações das empresas do setor registram queda na bolsa. 

Em destaque, estão as ações da CCR (CCRO3), com queda de 2,08%, a R$ 16,94, que, segundo a equipe de análise da Planner Corretora, seriam as mais afetadas. De acordo com a corretora, o montante total em discussão representa 6,6% do valor de mercado da companhia (R$ 30,5 bilhões) e um trimestre inteiro de arrecadação de pedágio.

Outras ações do setor de concessões rodoviárias, como a Ecorodovias (ECOR3, -0,85%, R$ 15,17) e Arteris (ARTS3, -0,98%, R$ 20,20), também registram baixas nesta sessão, mas menos expressivas.

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Ação do Bradesco gera ansiedade antes do balanço
Uma das maiores e mais sólidas empresas do mercado brasileiro, o Bradesco tem vivido momentos conturbados na Bovespa, bem diferentes daqueles vistos há pouco, quando em 22 de maio sua ação preferencial (BBDC4) atingiu seu maior patamar da história (R$ 34,73, considerando o ajuste de dividendos pagos).

Dois motivos ajudam a explicar esta turbulência: além da cada vez mais forte expectativa de perdas milionárias em operações de tesouraria, devendo impactar o resultado do 2º trimestre – que, aliás, será divulgado na manhã da próxima segunda-feira (22) –, o mercado tem visto o “descolamento” entre as ações ordinárias (BBDC3) e preferenciais do banco atingir os menores níveis dos últimos 15 anos, embora o motivo para isso ainda seja desconhecido.

A explicação para a queda vem da chamada “marcação a mercado” que os títulos de renda fixa sofrem quando há uma mudança de cenário na política monetária. Basicamente, a marcação a mercado consiste na readequação dos preços de um determinado título de renda fixa ao novo fluxo de caixa. Com as altas nos juros anunciadas pelo Copom, houve um aumento na taxa de desconto utilizada para trazer este fluxo de caixa para o valor presente, diminuindo o valor de face do título – resumindo: a Selic subiu, o preço do título caiu.

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Nesta sessão, as ações ordinárias do banco registram queda de 1,85%, a R$ 31,27, enquanto as preferenciais caem 1,49%, a R$ 27,79.

Agrenco sobe 4% após esclarecer plano de recuperação judicial
As ações da Agrenco (AGEN11) sobem 4,0%, a R$ 0,52, após atingirem valorização máxima de 8,0%, a R$ 0,54. Na noite da véspera, a empresa anunciou que apresentou uma petição à Justiça em complemento ao plano de recuperação judicial, para esclarecer informações sobre o critério de cálculo de remuneração adicional aos credores. Vale mencionar que no pregão anterior ao anuncio os papéis da companhia subiram 23,81%.

A empresa esclarece que há previsão de uma remuneração adicional – chamada Warrant – para os credores classe II e os credores extraconcursais aderentes. A remuneração será calculada caso o plano seja aprovada.