Efeitos do abismo fiscal podem ser sentidos até 2014, diz CEO do BofA

Executivo se mostra preocupado com economia dos EUA, e estima que efeitos negativos do "fiscal cliff" serão sentidos por um longo prazo

Paula Barra

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SÃO PAULO – As negociações para a resolução do chamado abismo fiscal nos Estados Unidos continuam em ponto morto. O presidente norte-americano Barack Obama e os líderes republicanos enfretam uma corrida contra o tempo para evitar um conjunto automático de aumento de impostos e corte de gastos, que entram em vigor em janeiro. Mas o CEO (Chief Executive Officer) do Bank of America Merrill Lynch, Brian Moynihan, ainda se mostra preocupado com o futuro do país, e estima que o problema pode se estender até 2014.

O cenário incerto já machuca as projeções dos gastos dos negócios para o próximo ano, e segundo Moynihan, a falha em encontrar uma solução até o final desse ano não coloca somente um risco de recessão de médio prazo, mas traz uma possibilidade de efeitos negativos por um longo prazo. 

“Estou mais preocupado com a desaceleração do comportamento empresarial do que sobre o comportamento dos consumidores”, disse Moynihan, em entrevista ao “Squawk Box”, da rede norte-americana CNBC. “Penso que estamos em perigo se essa questão ultrapassar o limite do próximo ano, o que poderia levar a maiores problemas em 2014”, disse. 

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A falha num acordo representa como impacto uma recessão de médio prazo, segundo o CEO do BofA. “(Os níveis de estoque no mercado) estão em boa forma e o consumo e economia estão crescendo. A questão é o que vai acontecer que pode levá-los a caminhar mais devagar?”, comenta.

Na véspera, os representantes republicanos enviaram sua primeira contraproposta ao governo dos EUA nas negociações sobre a redução do déficit no Orçamento. A primeira diferença em relação ao plano do governo é um aumento de impostos de US$ 800 bilhões, bem inferior ao US$ 1,6 trilhão em 10 anos.

“Eu prefiro ter um elevado aumento de impostos, porque isso significa que a economia vai continuar crescendo. Se a economia está crescendo, então nós faremos melhor como uma indústria”, disse Moynihan, que segue a mesma linha dos demais CEOs dos grandes bancos locais.