Efeito PMDB ‘apaga’ alta de 5% da Petrobras e leva Vale para queda; CSN cai 5%

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta terça-feira

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa perdeu força nesta terça-feira (29) após a tão aguardada reunião do PMDB nesta tarde, que oficializou o rompimento do partido com o governo. Depois do anúncio, por volta das 15h10 (horário de Brasília), o índice mergulhou 600 pontos, mas ainda conseguiu encerrar em alta de 0,62%, a 51.155 pontos, com investidores animados com o discurso da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, que adotou abordagem cautelosa para novos aumentos nas taxas de juros nos Estados Unidos.

O movimento de correção foi visto nos ativos de peso do Ibovespa, como as ações da Petrobras, que caíram 3,8% após o anúncio do PMDB. Os papéis, que chegaram a subir 5% na máxima do dia, fecharam em leve alta de 0,6%. Segundo o trader da H.Commcor, Ari Santos, a Bolsa realizou um pouco porque já era um fator amplamente esperado o desembarque do partido, seguindo o famoso ditado do mercado “sobe no boato, cai no fato”. 

Na ponta positiva do índice, figuraram as ações da Rumo, Localiza e Cesp, ambas com altas acima de 3%. Os bancos também conseguiram segurar os ganhos nesta sessão. Por outro lado, os papéis da CSN, que conseguiram até virar para o positivo hoje, encerraram em queda de 5%, em meio ao balanço desanimador do 4° trimestre. Os papéis da Vale e siderúrgicas também perderam força, enquanto Suzano seguiu em forte queda em meio à desvalorização dos preços de celulose. 

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Confira abaixo os principais destaques de ações da Bovespa:

Petrobras (PETR3, R$ 10,79, +1,51%, PETR4, R$ 8,72, +3,32%)
As ações da Petrobras ‘ignoraram’ a forte queda dos preços do petróleo lá fora, chegando a subir 5% na máxima do dia. Os ganhos, no entanto, foram praticamente apagados após anúncio do PMDB, com os papéis mergulhando quase 4% das 15h15 até o fechamento. No mercado internacional, o petróleo brent encerrou a US$ 39,34 o barril, queda de 2,31%. 

No noticiário da empresa, segundo a Folha de S. Paulo, desde o início da Operação Lava Jato, a companhia e suas subsidiárias já demitiram 169,7 mil pessoas. O corte já representa o equivalente a 61% da equipe atual, que estava em 276,6 mil em fevereiro de 2016. Os cortes começaram ainda em 2014, na gestão Graça Foster, quando 74,3 mil perderam o emprego, e se intensificaram sob comando de Aldemir Bendine, que cortou 95,4 mil até fevereiro deste ano, destaca a publicação.  Ainda o noticiário da estatal, a Petrobras informou que o governo federal, seu acionista controlador, indicou para presidente do Conselho de Administração o economista Luiz Nelson Guedes de Carvalho.

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Vale (VALE3, R$ 15,09, -0,53%;VALE5, R$ 11,31, -0,70%)
As ações da Vale tiveram pregão extremamente volátil hoje. Depois de subirem 2%, os papéis chegaram a cair até 5%, mas encerraram em leves perdas. Durante boa parte da sessão, os papéis seguiram descolados do preço do minério de ferro, que fechou em queda de 1,17% no porto de Qingdao, na China, a US$ 55,11. Não acompanharam o desempenho os papéis da Bradespar (BRAP4, R$ 6,17, +2,49%), holding que detém participação na mineradora, que fecharam em forte alta.  

CSN (CSNA3, R$ 7,40, -5,13%)
As ações da CSN intensificaram as perdas no final do pregão, pressionadas pelo movimento de correção do Ibovespa, mas descoladas do restante do setor. Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 2,24, +1,82%) teve a maior alta, enquanto Gerdau (GGBR4, R$ 6,08, -1,78%) e Usiminas (USIM5, R$ 1,82, -2,15%) viraram para queda nas últimas horas de sessão. 

Na noite de ontem, a CSN informou que encerrou o 4° trimestre com lucro líquido de R$ 2,37 bilhões, devido a ganhos registrados pela combinação de negócios de mineração, ante resultado líquido de R$ 66,99 milhões um ano antes. Depois dos números, o Bank of America Merrill Lynch reiterou recomendação neutra para a ação.  

A empresa teve geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de R$ 686 milhões nos três meses encerrados em dezembro, queda de 20% sobre o terceiro trimestre. 

Segundo o BTG Pactual, o resultado foi fraco como esperado, com os destaques negativos ficando para a queda dos volumes de aço. A alavancagem seguiu subindo, de 6,6 vezes para 8,2 vezes. “Continuamos esperando que demanda caia 10% na comparação anual esse ano e trabalhamos com correção de preços de minério dos atuais US$ 55 a tonelada. Vemos 15-20% de risco de downside para números de consenso, e vemos papel caro negociando a 10 vezes o Ebitda”, destacam os analistas do banco.

Além do balanço, a CSN reage a rumores de que estaria em conversa com potenciais compradores para a fatia de participação na operação do terminal Sepetiba Tecon, disseram duas pessoas com conhecimento sobre o assunto à Bloomberg. Os potenciais parceiros incluiriam a PSA, de Singapura, e as brasileiras Wilson Sons e LOGZ. Ao invés de vender a unidade inteira, a CSN provavelmente venderá fatia e/ou formará parceria, disseram as fontes. Em agosto, uma pessoa familiar ao assunto disse que a CSN buscava arrecadar cerca de R$ 1 bilhão com a venda do Sepetiba Tecon.

Rumo (RUMO3, R$ 3,59, +7,16%) 
As ações da Rumo dispararam nesta sessão de euforia da Bolsa. Na máxima do dia, os papéis atingiram alta de 17,01%, a R$ 3,92. Ontem, o conselho de administração da companhia aprovou a contratação de instituições para reestruturação de dívidas e oferta pública de até 1,5 bilhão de ações ordinárias, para levantar no mínimo R$ 2 bilhões, informou a companhia em comunicado ao mercado. A empresa também poderá contar com apoio do BNDES. 

A companhia celebrou com Bradesco, Banco Itaú, Banco do Brasil e HSBC acordo para reestruturação de parte das dívidas com vencimento em 2016, 2017 e 2018 através de liquidação antecipada, que será feita com duas emissões de debêntures simples no valor de R$ 2,38 bilhões, com prazo de sete anos. O comitê do BNDES indicou, em 22 de março, um possível apoio financeiro à companhia, diz o comunicado. O apoio pode vir por participação na oferta restrita, financiamento de até R$ 1,5 bilhão e participação de até R$ 300 milhões em emissão de debêntures conversíveis

Papel e celulose
As ações do setor de papel e celulose apareceram entre as maiores quedas do Ibovespa, com Suzano (SUZB5, R$ 13,35, -2,70%), enquanto Klabin (KLBN11, R$ 21,38, -0,47%) e Fibria (FIBR3, R$ 32,19, -0,34%) tiveram desvalorizações menos expressiva. O movimento acompanhou os preços 
da celulose na China, que caíram 2% na comparação semanal, indo para US$ 517,03 a tonelada, mas com estabilidade na Europa em US$ 736,79 a tonelada. “Acreditamos que essa queda nos preços deve continuar nas próximas semanas, podendo pressionar os papéis”, destacou o Credit Suisse em relatório.

Por sua vez, o BTG Pactual ressaltou, mais uma vez, que acredita que os preços da celulose estejam próximos do fundo e que uma recuperação já poderia ser considerada. Apesar disso, os analistas lembram que o call político ainda deve seguir provocando volatilidade nessas ações, por conta dos efeitos no câmbio. Ainda assim, eles reiteraram recomendação de compra para Suzano e Fibria, embora tenham comentado que os investidores ainda precisam ver sinais de reversão dos preços antes de voltarem a reinvestir nos papéis. 

Educacionais
Depois da derrocada da véspera, os papéis do setor de educação tiveram dia misto hoje. Kroton (KROT3, R$ 11,35, +1,43%) e Estácio (ESTC3, R$ 11,57, +2,94%) registraram ganhos, enquanto Ser Educacional (SEER3, R$ 10,40, -2,80%) e Anima (ANIM3, R$ 10,17, -2,68%) seguiram movimento negativo. 

A queda da véspera deve-se à expectativa de transição política de um governo Dilma Rousseff para Michel Temer. Isso porque, em reportagem ontem de O Estado de S. Paulo, falava-se em ampliação do programa do PMDB “Uma ponte para o Futuro”, que incluiria cortes em gastos públicos com programas sociais. Entre os ajustes, estariam restrições ao Fies (Fundo de Financiamento Estudantil). 

Veja mais: Novo plano econômico do PMDB pode desagradar 6 ações na Bolsa

Em relatório desta terça-feira, analistas do BTG Pactual comentaram que os efeitos devem ser limitados, dado que, com o forte corte (cerca de 60%) realizado em 2015 para o número de vagas disponíveis no Fies e com a revisão completa das condições oferecidas a partir do 2° semestre, o programa já se tornou muito mais sustentável. Para eles, o que poderia mudar no curto prazo seria a taxa de contribuição do FGEDUC para cobrir eventual aumento de inadimplência do programa. Os analistas reiteraram visão positiva para Kroton, por conta da boa exposição ao segmento de ensino à distância a mercados competitivos, melhor eficiência no “ensalamento” e potenciais sinergias com a Anhanguera.  

Braskem (BRKM5, R$ 23,54, +0,73%)
A Braskem registra perdas em meio à informação de que o DoJ (Departamento de Justiça) americano, órgão dos EUA, está investigando a Odebrecht e a Braskem por suspeita de corrupção envolvendo contratos com a Petrobras, informa o jornal Valor Econômico. No caso da Braskem, braço petroquímico da Odebrecht, a investigação mira contratos de nafta firmados com a estatal brasileira a partir de 2009.

As informações sobre as investigações constam, segundo o jornal, no despacho do juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato.  A Odebrecht informou ao Valorque não tem conhecimento sobre o caso, além da apuração em curso do Doj sobre os contratos da Braskem.

Bancos
Os bancos seguiram as altas da véspera, mas com menor intensidade. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 31,95, +0,60%), Bradesco (BBDC4, R$ 28,02, +1,74%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 20,70, +2,99%) encerram o pregão em leves ganhos. Sobre o Itaú, vale destacar que ele foi rebaixado de neutro para venda pelo Goldman Sachs. 

O banco também elevou a recomendação para as ações da Cielo (CIEL3, R$ 35,56, +1,83%) de venda para neutra, enquanto a Porto Seguro (PSSA3, R$ 28,39, +4,61%) foi elevada de neutra para compra. 

Embraer (EMBR3, R$ 24,06, +2,34%)
A Embraer prevê demanda na América Latina por 720 jatos de 70 a 130 assentos nos próximos 20 anos, segundo comunicado, por email, que cita projeções apresentadas pela Embraer Aviação Comercial durante Feria del Aire y del Espacio, realizada no Chile. “Nos últimos cinco anos, o crescimento anual da procura por transporte aéreo na América Latina tem estado em torno de 7%, consistentemente acima da média mundial, de cerca de 5%”, diz o comunicado.  

Brasil Insurance (BRIN3, R$ 23,09, -2,16%) 
A Brasil Insurance registrou prejuízo líquido atribuível aos sócios da empresa controladora de R$ 73,3 milhões no quarto trimestre de 2015, alta de 171% sobre o prejuízo líquido de R$ 27 milhões de igual período de 2014. Já a receita líquida atingiu R$ 42,1 milhões no período, queda de 23,5% quando comparada ao mesmo período do ano anterior. 

Light (LIGT3, R$ 10,10, -1,08%) 
A Light reverteu o lucro de R$ 520 milhões registrado no quarto trimestre de 2014 para um prejuízo de R$ 66 milhões no mesmo intervalo de 2015. No acumulado do ano, no entanto, o resultado ficou positivo em R$ 42 milhões, mas representou uma queda de 93,6% ante 2014.

O Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado recuou 72,8% de outubro a dezembro de 2015 ante o ano anterior, para R$ 224 milhões, com margem Ebitda passando de 25% para 8,7%. No total de janeiro a dezembro do ano passado, o Ebitda caiu 25,2% contra 2014, para R$ 1,272 bilhão, com margem Ebitda de 18,5% para 11,9%. A receita líquida no quarto trimestre de 2015 recuou 21,1% contra o mesmo período de 2014, para R$ 2,353 bilhões. No total do ano, a receita subiu 17,6% na comparação com 2014, para R$ 9,710 bilhões.

Aliansce (ALSC3, R$ 12,81, +3,81%)  
A Aliansce teve lucro líquido atribuível aos sócios controladores de R$ 17 milhões no quarto trimestre de 2015, 63,3% abaixo dos R$ 46,4 milhões de igual período de 2014. No ano de 2015, o lucro líquido somou R$ 145,4 milhões, 16,5% abaixo que os R$ 174 milhões de 2014. O Ebitda foi de R$ 114,4 milhões nos últimos três meses de 2015, 6,3% acima dos R$ 107,6 milhões em igual período de 2014. Já a receita líquida foi de R$ 153,6 milhões no período, 7% superior ao mesmo período do ano anterior. 

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