É o fim do romance de Steinbruch com a Usiminas? Relembre toda a história

Após adquirir as ações da concorrente em 2011, presidente da CSN passou anos tentando ganhar com um tag along, o que não aconteceu

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Foram anos de briga, mas parece que a novela entre o presidente da CSN (CSNA3), Benjamin Steinbruch, e a Usiminas (USIM5) finalmente está chegando ao fim. Na última semana, o executivo, após mais de 4 anos, afirmou que irá vender sua participação na siderúrgica concorrente. Mas você sabe de onde surgiu toda essa confusão envolvendo o controle e as ações da Usiminas?

Em 2011, cinco empresas do grupo italiano Techint compraram ações da Usiminas, entrando assim no controle da companhia. Porém, Steinbruch acha que neste momento deveria ter ocorrido uma oferta pública para aquisição das ações dos acionistas minoritários, o que não ocorreu.

Esse mecanismo, chamado de tag along, consta na Lei das Sociedades Anônimas e prevê que, diante da alienação do controle de uma companhia aberta, o comprador terá de fazer, obrigatoriamente, uma oferta pública de aquisição de ações com direito a voto dos demais acionistas, garantindo um preço mínimo de 80% do valor pago por ação do integrante do bloco de controle.

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Se isso tivesse ocorrido, considerando o preço recente das ações, Steinbruch ganharia R$ 1,7 bilhão na diferença com os R$ 36,00 da época em que comprou os papéis.

Tudo piorou quando o Cade, em abril de 2014, obrigou a CSN a vender sua participação, na época de 14%, no capital da Usiminas, em virtude da concentração de mercado. Além disso, no final de março deste ano, o mesmo Cade rejeitou pedido da CSN para ter representante no Conselho de Administração da Usiminas.

A partir de então, o presidente da CSN entrou com uma representação contra a argentina Ternium – que faz parte do grupo Techint e hoje divide o controle da Usiminas com a japonesa Nippon Steel – para que ela faça essa oferta pública e compre as ações ao preço que estavam em 2011. O que não deu certo. 

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Para entrar na Usiminas, a Ternium, adquiriu as ações que pertenciam aos grupos Votorantim e Camargo Corrêa, que detinham uma participação de 43,31% no capital.

Agora vai?
No último dia 13, Steinbruch, confirmou que poderá vender sua fatia da Usiminas em um programa de desinvestimentos e que, com certeza, espera vender outros ativos este ano, o que derrubou as ações ordinárias da Usiminas no dia.

“Temos que olhar para uma realidade de juros em alta e temos que ter cuidado com o nível de endividamento”, disse Steinbruch, completando que uma eventual venda da fatia da empresa na Usiminas “vai depender das oportunidades”.

Segundo ele, o processo de desinvestimentos será “devagarzinho”. A companhia buscará vender ativos não estratégicos e pouco rentáveis, disse a jornalistas, antes de participar do 26º Congresso do Aço. 

As declarações de Steinbruch vão em linha com uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo do mesmo dia, que apontava que a companhia estaria em conversas com bancos para vender ativos em meio ao seu elevado endividamento.

Com atuação em cinco áreas (siderurgia, mineração, cimento, logística e energia), a ideia seria se desfazer de negócios considerados não estratégicos, mas não descartaria a entrada de sócios em divisões importantes, como mineração, e venda de ativos de siderurgia da companhia no exterior.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.