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SÃO PAULO – Para quem anunciou em fevereiro o término da recessão, é difícil de engolir o noticiário econômico. Sobretudo quando aponta o “pânico publicado pela imprensa” como um dos impactos mais danosos da crise à economia brasileira. É um “erro falar em crise”, na opinião de Stephen Kanitz.
“O Brasil está bem, estamos bem com os automóveis. E somos o País que mais mostrou competência política de gerar reservas”, disse o mestre em Administração de Empresas pela Harvard University, após exposição para abertura de evento de comemoração dos sete anos da consultoria Witrisk nesta quarta-feira (27).
Para o consultor de empresas e conferencista, as vendas de veículos, mesmo sem a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), serão muito fortes no segundo semestre, pois há uma demanda reprimida de pessoas cautelosas com a manutenção do emprego. “O setor de autopeças vai crescer 15%. Deveriam estar investindo, mas estão retraídos”, comentou em tom crítico ao clima de tensão gerado, segundo ele, pelos veículos de comunicação.
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Selic e PIB
Muito da confiança de Kanitz reside na tendência de queda do juro básico brasileiro, que deve cair para um dígito na próxima reunião de 9 de junho. Atualmente, está em 10,25% anuais. E sobram elogios ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. “Pela primeira vez temos um administrador no BC e não um economista”.
Crítico das constantes mudanças de projeções dos economistas, o consultor enfatizou: “Aposto em uma recuperação em V da economia. A partir de agosto o clima vai estar muito melhor. Teremos vendas melhores no segundo semestre”. A previsão dele é de crescimento de 1,8% do PIB brasileiro em 2009.
Crise
Stephen Kanitz dedicou grande parte da palestra a apresentar sua visão sobre a crise. Segundo ele, a origem da crise nos EUA está em incentivos fiscais, sob inspiração neo-keynesiana. “Há um estímulo fiscal que permite a todo norte-americano deduzir da renda tributável os juros da compra da casa própria, da casa de campo e até de um veleiro. Até o limite de US$ 1 milhão de dívida”.
Ou seja, o impulso obrigaria as pessoas a se endividarem. Não há benefício para quem compra à vista. “Faz sentido emprestar para o ninja – o mutuário subprime, com histórico ruim de pagamento -, quem está pagando a casa é o governo. Não é ganância dos bancos, é burrada dos keynesianos”, criticou.
Voltando ao Brasil, o administrador reiterou a vantagem de usufruir de um melhor arcabouço regulatório. Além dos bancos serem pouco alavancados, “até porque são grupos familiares”. E a Bovespa? “A bolsa vai subir seis vezes nos próximos dez anos. O mundo tem problemas mais sérios que o Brasil”, disse ele, que é autor do blog O Brasil Que Dá Certo.