“Duelo de IPOs”, delação premiada na JHSF, acordo próximo na Petrobras e mais 10 notícias no radar

Confira os destaques do noticiário corporativo desta sexta-feira (20)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Apesar de o noticiário ser dominado pela repercussão da morte do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki e dos reflexos na tramitação dos processos da Operação Lava Jato na Corte, além da posse de Donald Trump nos EUA, fatos relevantes e comunicados também movimentam o noticiário corporativo na manhã desta sexta-feira (20). Veja os destaques abaixo:

Movidas e Unidas
Depois de a locadora de automóveis Movida anunciar a abertura de capital na BM&FBovespa no início desta semana, o mercado acreditava que a concorrente direta Unidas iria “segurar” a intenção de fazer o IPO. No entanto, a empresa decidiu acelerar os planos para não ficar descapitalizada em relação à rival. Caso as duas operações saiam do papel pelo teto máximo de valor proposto, as ofertas poderão passar da marca de R$ 2 bilhões.

A Unidas informou que pretende captar em sua oferta inicial de ações até R$ 1,055 bilhão, considerando o teto da faixa indicativa de R$ 15,15 a R$ 18,71. A precificação da oferta está prevista para o dia 9 de fevereiro. Já na Movida, a faixa de preço indicativo foi estabelecida entre R$ 8,90 e R$ 11,30. Assim, com a colocação de todos os lotes e considerando ainda o teto do intervalo proposto, o IPO poderá movimentar R$ 1,184 bilhão. A precificação das ações no âmbito da oferta está marcada para o dia 6 do próximo mês.

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A última vez que duas ofertas de empresas do mesmo setor ocorreu de forma concomitante foi em 2013, quando Anima e Ser Educacional abriram o capital. “Em 2013, o mercado estava muito positivo e houve demanda por ambas as ofertas”, disse uma fonte de um banco de investimento. Agora, a situação é outra: no ano passado, a BM&FBovespa viu uma única abertura de capital, a da empresa de medicina diagnóstica Alliar. Uma segunda operação, da Tenda, braço de baixa renda da construtora Gafisa, acabou não se materializando por falta de demanda por investidores.

Já existem duas locadoras de veículos – Localiza e Locamérica – com ações em Bolsa. Como já há empresas do mesmo segmento listadas, os múltiplos das quatro empresas devem balizar as decisões do investidor.

JHSF (JHSF3)
O presidente do Conselho de Administração da JHSF, José Auriemo Neto, fechou um acordo de delação premiada no âmbito da Operação Acrônimo. Em fato relevante enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliados) a companhia informa que o acordo homologado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) garante antecipadamente a suspensão de um eventual futuro processo. “Assumi a exclusiva responsabilidade por contribuição ilegal de campanha, em que nem a JHSF Participações S.A., nem suas controladas, tiveram envolvimento, e que consubstanciou ilícito de menor potencial ofensivo, sem qualquer conotação de corrupção”, diz o texto assinado por Neto. O acordo prevê ainda a doação de um milhão de reais ao Hospital do Câncer de Barretos.

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Nesta sexta-feira (20), a incorporadora informou que o conselho de administração da companhia aprovou em reunião nesta sexta-feira encerrar a investigação interna para apuração de alegações de pagamentos ilícitos que deram origem a um mandado de busca e apreensão de documentos em agosto do ano passado. Em comunicado ao mercado, a empresa afirma que a decisão dos membros do colegiado ocorre tendo em vista que, “após aproximadamente seis meses dos trabalhos investigatórios, não foram encontrados indícios para concluir que a companhia ou suas controladas tenham realizado pagamentos ilícitos”.

BRF (BRFS3)
A BRF diz estar explorando alternativas para capitalizar a OneFoods. Segundo a companhia, no entanto, n
ão há decisão no momento sobre a forma de obtenção de recursos para a capitalização da empresa. Segundo informa a Bloomberg, a empresa pode seguir um dos 2 caminhos: a colocação privada de ações, inclusive realizando reuniões com potenciais investidores, ou fazer um IPO (Oferta Pública Inicial) de ações na bolsa de valores de Londres. “Seja qual for a forma de eventual capitalização, a BRF continuará a ser acionista controladora da OneFoods”, disse a empresa em comunicado.

Construtoras
A nova regulamentação sobre distratos de contratos de compra de imóveis novos esbarra no critério para a devolução dos valores pagos. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, entidades de defesa do consumidor argumentam que o critério seja o valor pago pelos compradores, enquanto as empresas advogam que a devolução leve em consideração o valor total do imóvel. O tema é importante porque a regulamentação dos distratos pode impulsionar o setor da construção civil.

Usiminas (USIM5)
O grupo siderúrgico Ternium informou nesta quinta-feira que vai se reunir com a rival Nippon Steel no início de fevereiro para discutir propostas para solução da disputa que travam desde 2014 pelo comando da Usiminas. “A Ternium tem total interesse em resolver o conflito na Usiminas (…) A Ternium e a Nippon irão se reunir na primeira quinzena de fevereiro. Nós já oferecemos uma proposta clara e prática e vamos ouvir na reunião as propostas da Nippon para a cláusula de resolução de conflitos.” A proposta da Ternium, entregue à Nippon Steel em dezembro, propõe a criação de uma “cláusula de saída” para os sócios controladores da Usiminas em situações como a atual de falta de consenso entre os dois grupos. O mecanismo proposto pela Ternium seria uma espécie de leilão, em que o grupo que oferecer a maior quantia pela participação do outro fica com a fatia.

Ainda sobre a siderúrgica, o jornal Valor Econômico, informa que a empresa vai iniciar um processo de arbitragem contra a Sumitomo Corporation, sua sócia na Mineração Usiminas. O motivo da disputa seria o fato de os japoneses terem votado contra a redução de capital de R$ 1 bilhão, que resultaria na destinação de R$ 700 milhões à Usiminas, dona de 70% da Musa, e R$ 300 milhões à Sumitomo, que detém 30%.  

Gafisa (GFSA3)
A Gafisa lançou R$ 299,4 milhões em projetos no 4º trimestre de 2016, uma queda de 21% na comparação com o ano anterior. Segundo prévia operacional divulgada nesta quinta-feira, no entanto, as vendas líquidas avançaram 45% na base anual para R$ 355,8 milhões, enquanto os cancelamentos ficaram em R$ 99,9 milhões. O documento informa ainda que os novos projetos da Tenda cresceram 24% no último trimestre do ano passado em relação a igual período de 2015 para R$ 379,9 milhões, com alta de 31% nas vendas líquidas para R$ 311,7 milhões e cancelamentos de R$ 91,8 milhões.

Com isso, as vendas consolidadas somaram R$ 667,5 milhões, uma alta de 38%. Segundo o Itaú BBA, os números apresentados são “sólidos devido aos lançamentos mais fortes e a velocidade saudável de vendas, apesar do aumento dos cancelamentos na comparação trimestral”. O banco de investimento espera uma reação levemente positiva das ações nesta sexta-feira (20).

Sabesp (SBSP3)
A Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) iniciou 2ª revisão tarifária ordinária da Sabesp em 19 de janeiro, segundo comunicado. O cronograma aprovado pela agência prevê que Tarifa Média Máxima Preliminar (Po Preliminar) será autorizada até 10 de junho de 2017 e a Tarifa Média Máxima Final (Po Final) será divulgada e autorizada até 10 de abril de 2018. 

“Será aplicada na etapa inicial da revisão tarifária da Sabesp a mesma metodologia já utilizada e aprovada por ocasião da 1ª Revisão Tarifária Ordinária”. “As diferenças de receitas apuradas em decorrência dos valores tarifários autorizados em 10 de junho de 2017 (Po Preliminar) e os valores tarifários apurados após complementação da revisão tarifária (Po Final) serão devidamente compensadas, aplicando-se às tarifas do serviço público de abastecimento de água e esgotamento sanitário, por ocasião do reajuste.

Oi (OIBR4)
Diante da insatisfação de credores da Oi com o atual plano de reestruturação da tele, que está em recuperação judicial, vários grupos têm surgido para propor alternativas ao desenho atual da renegociação das dívidas da empresa. Em meio a tanta disputa para assumir o negócio, um consórcio de investidores está sentando à mesa de negociações para unir forças com concorrentes e garantir a preferência dos credores da Oi.

Esse grupo – formado por João Cox, ex-presidente da Claro; Mario Cesar de Araújo, ex-presidente da TIM; Renato Franco, fundador da Íntegra, consultoria de reestruturação em empresas; e o banco de investimentos americano ACGM, especializado em companhias em crise – está em conversas com o fundo americano Elliott e o empresário egípcio Naguib Sawiris para uma possível associação com um deles na reestruturação alternativa para a Oi, apurou o jornal O Estado de S. Paulo. No ano passado, esse mesmo consórcio demonstrou interesse em se tornar um dos principais acionistas da operadora brasileira, que tem dívidas de R$ 65,4 bilhões. Agora, a ideia é se unir a um desses dois potenciais investidores para ajudar a reestruturar a operação da companhia, informou uma fonte a par do assunto.

Executivos do fundo Elliott virão ao Brasil nos próximos dias para conversar com credores da tele antes de apresentar sua proposta oficial para reestruturar a companhia, segundo fontes de mercado. “Acredito que o Elliott vai precisar de investidores locais que conheçam questões regulatórias e possam ajudar na reestruturação. O caso de Sawiris é diferente, uma vez que ele já tem mais experiência nesse setor, embora não seja no mercado brasileiro”, diz outra pessoa familiarizada com o assunto. Com dois executivos egressos do mercado de telecom – Cox e Araújo -, o consórcio de investidores quer se apresentar como candidato a ajudar na recuperação da companhia.

Há pelo menos três investidores interessados em apresentar um plano alternativo para a Oi: além do fundo Elliott e de Sawiris, o americano Cerberus também está no páreo. Todos eles já entraram em contato com a Oi, mas somente Elliott e Ceberus assinaram contrato para trocar informações confidenciais com a empresa. Já Sawiris apresentou, em dezembro, uma proposta informal que prevê um aumento de capital de US$ 1,25 bilhão. O Elliott estaria disposto a injetar até R$ 9 bilhões na Oi. Já o Cerberus, representado pela RK Partners, teria mais US$ 3 bilhões. Segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, uma eventual parceria do consórcio com o Cerberus está descartada.

Renova (RNEW11)
Após venda de parque eólico para a AES Tietê, empresa de energias renováveis Renova desenha reestruturação, segundo uma pessoa diretamente relacionada ao assunto ouvida pela Bloomberg.

O plano tem três pilares: desalavancagem, reestruturação de portfólio e segregação de negócios. Com o possível acordo final para venda do parque, dívida da Renova cairá em cerca de R$ 1,6 bilhões, do total de R$ 2,7 bilhões. A AES assumirá dívida de R$ 1,2 bilhão do parque eólico comprado, sendo a maior parte do BNDES. Com recursos da venda, a Renova deve reduzir a dívida de R$ 530 mi da holding com o Banco do Brasil. A Renova deverá utilizar parte dos recursos da venda para reduzir seu passivo com credores e parte dos recursos para acelerar a conclusão do projeto Alto Sertão III, segundo assessoria de imprensa, em e-mail com repostas à Bloomberg. A assessoria de imprensa não quis comentar os detalhes do plano estratégico.

A estratégia da empresa para se reerguer passa também por uma reestruturação de portfólio, com a descontratação de 100 MW em projetos solares e 250 MW em eólicos

“A revisão do plano de negócios consiste em otimizar e reduzir a necessidade de investimentos no curto prazo, melhorando a posição de liquidez da companhia”, disse a empresa, na nota distribuída pela assessoria.

Petrobras (PETR3; PETR4)
Segundo a Bloomberg, a FUP (Federação Única dos Petroleiras) indicou que aceitará a proposta de reajuste feita pela estatal. Na quarta-feira, a Petrobras havia afirmado que considerava “equilibrada” a proposta dos sindicatos. Apesar da sinalização favorável quanto às negociações salariais, os representantes da categoria indicaram estado de greve contra possíveis privatizações no setor.

Ambev (ABEV3)
O Bradesco BBI destaca ver o lucro por ação da Ambev crescendo 15% por ano em 3 anos. Embora seja esperado que a AmBev cresça organicamente 10% ao ano, os analistas projetam que cresça 15% ao ano nos próximos 3 anos. O crescimento orgânico “acima da média” pode ser explicado, segundo o relatório, pela expansão da margem bruta em 2017 baseada no alívio de custo, investimentos recentes em distribuição – levando a companhia a recuperar participação de mercado, que está no nível mais baixo em 8 anos – e com a “proprietária” garrafa de vidro retornável (RGB) de 300ml previstos para 2018-19. Segundo eles, a estratégia RGB “está sendo mal interpretada e subestimada”. A “implementação da estratégia RGB é prejudicial no curto prazo, mas os ganhos a longo prazo são significativos”.

Os analistas veem a ação retornando 20% para seus acionistas nos próximos 3 anos, através de um crescimento de 15% no lucro por ação, mais um dividendo de 5%”.

“Dado este perfil defensivo, temos a Ambev como a nossa top pick no universo de bebidas”, apontam. “Embora a estratégia RGB não seja nova, acreditamos que está sendo subestimada, já que o mercado parece estar mais focado em sua implementação dolorosa”.

Papel e celulose
O ano de 2017 será “decisivo (e volátil)” para as companhias de papel e celulose, afirmam os analistas do Bradesco BBI, que citam o câmbio e os preços da celulose como os dois maiores fatores de choques. O cenário-base do relatório vê câmbio a R$ 3,50/dólar e celulose a US$ 100 a tonelada. As companhias do setor devem tomar decisões importantes. A Suzano (SUZB5) poderá decidir por unificar as classes de ações. Já a Klabin (KLBN11) pode anunciar sua próxima máquina de papel. Enquanto isso, a Fibria (FIBR3) pode avaliar as próximas etapas estratégicas após o início da expansão de celulose em Três Lagoas.

“Apesar de pensarmos que a consolidação do setor está nos cartões, lutamos para identificar os gatilhos para que isso aconteça este ano”. A Klabin (outperform) “é a top pick, já que está mais protegida contra o cenário de volatilidade câmbio/preços de commodities, além de oferecer crescimento nos próximos anos”. A Suzano continua com recomendação neutra e “segue negociada com um desconto injustificado de 18% vezes a Fibria (underperform) e vemos gatilhos para ele estreitar”, afirmam os analistas.

Já o Credit Suisse assumiu a cobertura do setor de Papel e Celulose, com a Suzano top pick do setor com preço-alvo de R$ 17 por ação e rating neutro para Fibria, com preço-alvo de R$ 33,00 por ação e Klabin, com preço-alvo de R$ 18,00.

Transmissão Paulista (TRPL4)
A Transmissão Paulista pediu à Anbima registro de 5ª emissão de debêntures, de R$ 300 milhões. A oferta foi aprovada pelo conselho em 19 de dezembro do ano passado.

(Com Bloomberg, Agência Estado e Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.