Dono da Manguinhos entra na lista de Interpol; Petrobras, Oi e mais 9 empresas no radar

Confira os destaques corporativos desta segunda-feira (27)

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário desta segunda-feira (27), além de seguir a recupercussão com o Brexit, deve acompanhar o noticiário corporativo com notícias sobre Oi, Petrobras e mais notícias. Confira os destaques: 

Petrobras 
A Petrobras (PETR3;PETR4) vai adotar o modelo de gestão compartilhada na venda de parte da BR Distribuidora, de acordo com a Folha de S. Paulo. A ideia é manter o controle da empresa, mas atrair sócios que possam ter autonomia na gestão de áreas da subsidiária da estatal.

A operação será semelhante à modelagem adotada pelo governo na venda de ações do BB Seguridade, braço de seguros do Banco do Brasil.

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Oi  
De acordo com a Folha, a Oi (OIBR4), que tem dois meses para apresentar seu plano de recuperação judicial, já definiu as diretrizes da proposta aos credores. No cenário mais otimista, a companhia espera a entrada de um grupo de investidores, o que garantiria descontos menores aos credores – cerca de 50%. 

Nas negociações anteriores, que não prosperaram forçando a companhia a negociar na Justiça, os credores aceitaram descontos de, no máximo, 70%, o que levaria os acionistas atuais a uma diluição tão grande que perderiam seus assentos no conselho de administração. Desta forma, eles deixariam o comando da tele.

Refinaria Manguinhos
Ricardo Andrade Magro, dono do grupo que controla a Refinaria Manguinhos (RPMG3) e uma rede de distribuidoras de combustíveis, é considerado foragido da Justiça e está na lista da Interpol, segundo informações do jornal O Globo. Ele comanda um dos maiores esquemas de sonegação fiscal do país, acreditam as autoridades que já o investigaram e por onde passou, deixou dívidas milionárias em tributos. Manteve conexões com o PMDB, o PT e o PCdoB, provavelmente em busca de blindagem. E agora aparece ligado a fraudes nos fundos de pensão de estatais.

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A 5ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro autorizou a prisão do empresário, junto com outras seis pessoas, por desvio de R$ 90 milhões em recursos dos fundos de pensão Petros, da Petrobras, e Postalis, dos Correios, na aquisição de debêntures (títulos mobiliários) do Grupo Galileo. Dos sete, quatro ainda não foram presos. Dois deles, Ricardo Magro e Márcio André Mendes Costa, ambos do Galileo, tiveram os nomes lançados na difusão vermelha da Interpol por suspeita de estarem no exterior — Magro, nos Estados Unidos; e Márcio, em Portugal.

Gerdau
Um relatório da Polícia Federal na Operação Zelotes aponta que o senador e ex-ministro do Planejamento Romero Jucá (PMDB-RR) alterou o conteúdo da Medida Provisória 627 de 2013 para favorecer o Grupo Gerdau (GGBR4), segundo o jornal Folha de S. Paulo.A MP trazia mudanças em regras de tributação de lucros de empresas no exterior e Jucá era o relatpr. Segundo a matéria, o projeto foi aprovado com pelo menos uma alteração sugerida pela Gerdau. Também estariam envolvidos os deputados Alfredo Kaefer (PSL-PR) e Jorge Côrte Real (PTB-PE).

Segundo a PF, houve uma troca de e-mails entre Jucá e Gerdau dois meses antes de a MP ser aprovada pelo Congresso. Naquela data, o gabinete do senador enviou a Gerdau uma mensagem com um trecho da MP. O executivo encaminhou o e-mail ao seu consultor jurídico e recebeu o que seria a minuta da resposta a Jucá. Nela, o assessor acrescentou outro parágrafo e disse que o texto do senador, como foi enviado, “não atende plenamente”, já que apenas uma das emendas de interesse do grupo havia sido incluída. O parágrafo acrescido pelo consultor jurídico da Gerdau consta na versão final do texto da lei.

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Para a PF, o material “indica possíveis práticas consubstanciadas na negociação ilegal de emendas a medidas provisórias […], tendo como contraprestação doações eleitorais, com elementos que apontam para a participação de condutas (em tese, criminosas)” de Jucá e dos deputados Alfredo Kaefer (PSL-PR) e Jorge Côrte Real (PTB-PE). Ambos negaram quaisquer irregularidades.

Cemig e Copasa
A equipe do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, já admite que avalia se desfazer de alguns ativos para ajudar no pagamento da dívida com a União. A afirmação foi feita pelo secretário de Governo, Odair Cunha ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. “Isso é uma possibilidade, estamos estudando”, disse ele.  

Minas Gerais é dono ou principal acionista de empresas como a Cemig (CMIG4), da empresa de gás Gasmig, e da Copasa (CSMG3). E também de hotéis e de uma jazida de onde sai a maior produção de nióbio do mundo, entre outros ativos.

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CSN
A CSN (CSNA3) questionou a administração da Usiminas, em anúncio publicado na edição de hoje do jornal Valor, com críticas direcionadas aos dois principais controladores, Nippon Steel & Sumitomo Metal e Ternium-Techint. No aviso, a CSN diz ter um “compromisso irrevogável” com o sucesso da empresa mineira. 

M. Dias Branco
O empresário Ivens Dias Branco (presidente do Conselho da M.Dias Branco MDIA3) faleceu no último final de semana, aos 81 anos. De acordo com o BTG, Mesmo não estando mais como CEO (seu filho assumiu esta posição há 2 anos), ele ainda era bastante presente no dia-a-dia da companhia e nas tomadas de decisão mais estratégicas. A sucessão propriamente dita já foi encaminhada quando ele saiu do posto de CEO e seu filho assumiu em 2014. Segundo o BTG, o falecimento dele não deve significar nenhuma ruptura imediata para a companhia.

“Mesmo com ele bastante presente, o processo de ‘profissionalização’ já estava encaminhado, com toda a diretoria formada por profissionais de fora da família. Os filhos ocupam cargos de vice-presidência mas sempre entendemos que tem sido mais uma questão burocrática do que executiva propriamente dita. Dito isso, alguns pontos ainda importantes e questões pendentes: (i) o fundo Dibra que detém 63% das ações da Mdias e de outras empresas da família ainda era controlado por ele diretamente – importante ainda entender como fica a questão da herança (outros membros da família em conjunto tem os outros 12%); (ii) quem assumirá o conselho ainda é incógnita; (iii) a real intenção dos filhos em tocar o negócio daqui em diante precisa ser 100% esclarecida; (iv) o real grau de consonância dos filhos também é incógnita – há sempre o risco de algum tipo de dispersão. Em suma, achamos que não há ruptura, mas acreditamos que o risco de uma eventual venda do negócio a médio prazo aumenta. Achamos que o mercado pode caminhar nessa direção”, afirma o BTG. 

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Cyrela
A construtora e incorporadora Cyrela (CYRE3) deverá se tornar a segunda maior acionista da Tecnisa após a conclusão do processo de aumento de capital da empresa concorrente, além de ganhar o direito de indicar um membro para o conselho de administração.

De acordo com estimativa da equipe de análise de construção do banco JP Morgan, a Cyrela deve alcançar uma fatia de 13% a 18% do capital da Tecnisa. Já a equipe do Credit Suisse projeta uma participação na faixa de 13,4% a 19,3%. Em qualquer um dos casos, será a segunda maior fatia, atrás apenas do fundador e controlador da Tecnisa, Meyer Joseph Nigri, que ocupa o posto de diretor-presidente. 

O Conselho de Administração da Tecnisa aprovou acordo de subscrição pelo qual fará um aumento de capital de R$ 200 milhões, com emissão de 100 milhões de ações. Pelo acordo, a Cyrela se comprometeu com um aporte mínimo de R$ 73,3 milhões e máximo de R$ 100 milhões, ou seja, entre 36,6% e 50% do total. 

O compromisso é maior que o do próprio controlador. Pelo acordo, Nigri fará um aporte mínimo de R$ 51,3 milhões e máximo R$ 70 milhões, o equivalente a 25,6% a 35,0% do total. O executivo tem participação na incorporadora como acionista direto e por meio da sociedade JAR Participações. 

Na opinião dos analistas do JP Morgan, o movimento não é positivo para a Cyrela, uma vez que a Tecnisa tem apresentado resultados ruins devido ao endividamento elevado. “Não acreditamos que essa é a estratégia correta para a Cyrela devido à baixa lucratividade da Tecnisa”, afirmam os analistas em relatório. “Além disso, os investidores de Cyrela estão mais propensos a obter dividendos maiores. Já essa decisão indica um desejo da administração da Cyrela em investir em fusões e aquisições, reduzindo o potencial dos dividendos neste momento.”

 A Tecnisa é uma das empresas de construção listadas na bolsa mais endividadas. Sua alavancagem (relação entre dívida e patrimônio líquido) estava em 77,5% ao fim do primeiro trimestre. No período, a companhia contava com R$ 188 milhões no caixa. A incorporadora tem pela frente neste ano R$ 205 milhões em vencimento de dívidas corporativas e R$ 433 milhões de recebíveis de clientes.

Questionado sobre o investimento, o diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Cyrela, Eric Alencar, afirmou que companhias mantêm cordialidade e uma relação grande entre seus controladores. “A Tecnisa nos informou que gostaria de readequar o seu fluxo de caixa e nos convidou a avaliar. Nós entendemos que, com a readequação, seria interessante”, explicou Alencar. “Gostamos das pessoas que trabalham lá e suas competências, olhamos os números e enxergamos um bom valuation. É puramente uma operação de oportunidade”, complementa.

Alencar projeta um aporte próximo do piso anunciado, em R$ 73,3 milhões, mas ressaltou que há disposição em atingir o teto de R$ 100 milhões caso os demais acionistas não acompanhem a subscrição. No entanto, a compra de ações da Tecnisa vai parar por aí, disse o diretor. O estatuto da concorrente tem uma cláusula (poison pill) que obriga os acionistas que chegarem a uma participação de 20% a fazer uma oferta pelo controle da companhia, a um preço diferenciado.

O executivo ponderou que o aporte não representa uma iniciativa para consolidação do setor. “Não é uma aquisição, não é uma consolidação. Seremos minoritários com assento no conselho. O papel será de ajudar, e não mudar a agenda da Tecnisa”, disse Alencar.

Eneva
A Eneva (ENEV3) informou que Parnaíba II estendeu prazo de empréstimos com

bancos para 15 de janeiro de 2017.

Estácio
Segunda maior acionista da Estácio (ESTC3), com aproximadamente 13% de participação, a família Zaher não vai deixar a rede de ensino fluminense ser vendida à gigante Kroton sem tentar suas últimas cartadas, de acordo com informações da Folha de S. Paulo. A família tem conversado com bancos e pretende oferecer cerca de R$ 2 bilhões aos fundos que são acionistas da Estácio em troca de elevar a participação familiar para 51% e impedir a venda à Kroton, de acordo com apurado pelo jornal. 

A Kroton elevou o número para 1,25 ação de sua emissão por papel da rival, mas ainda ficou longe do 1,6 que a família gostaria de alcançar ou do 1,4 que poderia ser considerado meio-termo. 

Ser Educacional
A Ser Educacional (SEER3) informou que a notícia de nova proposta por Estácio(ESTC3)  é mera especulação em comunicado de esclarecimento a questões da CVM. “Apesar das tratativas com a Estácio Participações para a combinação dos negócios das duas companhias continuarem, não há até o momento qualquer definição a respeito de eventual modificação da combinação de negócios proposta”, disse a Ser no comunicado. A Ser Educacional fará nova proposta por Estácio até 2ª feira, segundo pessoa que falou sob anonimato em 22 de junho. O Grupo Ser fará nova proposta pela Estácio, disse o Estado de S. Paulo em 23 de junho.  

Minerva
A Minerva (BEEF3) vê o Brexit como oportunidade para exportadores de carne. O Reino Unido deve adotar regras de acesso mais flexíveis, abrindo espaço para fornecedores diferentes, disse Fernando Galletti de Queiroz, presidente da Minerva, em entrevista por telefone para a Bloomberg.

O Reino Unido está entre os 3 principais mercados na Europa para a carne brasileira. O Reino Unido é importador líquido de alimentos, tende a ser menos protecionista que a União Europeia. A saída do Reino Unido do bloco pode enfraquecer a indústria daquele país, afetar investimentos. O Reino Unido pode eventualmente adotar mesmos protocolos sanitários da União Europeia, automaticamente liberando unidades brasileiras para exportação.

(Com Agência Estado e Bloomberg) 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.