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Após chegar a superar os R$ 5,34 na máxima da sessão desta sexta-feira (24) com o retorno da aversão a risco no exterior e o aumento das tensões entre o governo brasileiro e o Banco Central, o dólar fechou em queda. A divisa americana comercial teve baixa de 0,73%, a R$ 5,250 na compra e R$ 5,251 na venda.
Mais cedo, chegou a predominar no mercado o sentimento global frágil depois que a turbulência nos setores bancários de Estados Unidos e Europa nas últimas duas semanas relembrou a crise financeira global de 2008.
O fato de vários bancos centrais de países desenvolvidos terem subido os juros nos últimos dias mesmo diante dos riscos financeiros colaborava para a cautela, disse a XP em nota matinal, citando ainda decepção do mercado com leituras de PMIs na Europa.
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Além disso, um novo fator de estresse ganhou força na sessão, com Deutsche Bank e UBS Group afetados por preocupações de que os piores problemas no setor desde a crise financeira de 2008 ainda não foram contidos.
Enquanto isso, os ruídos institucionais entre o governo Lula e o Banco Central ajudaram na busca por proteção na divisa norte-americana. Na quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Banco Central deve pagar o preço pelos juros do país, voltando a criticar o atual patamar da Selic um dia após o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidir manter a taxa em 13,75% ao ano.
O BC não apresentou sinal concreto sobre um eventual afrouxamento monetário à frente, adotando um tom mais duro do que esperado, contrariando expectativas no mercado e no governo por uma indicação sobre o momento em que poderia iniciar os cortes na taxa básica de juros.
Mas, durante a sessão, o dólar devolveu ganhos iniciais, em movimento atribuído por profissionais do mercado a ajustes técnicos após o salto recente provocado em grande parte pelo aumento das tensões entre governo e BC.
A virada no sinal da moeda para negativo é “um ajuste após a alta dos últimos dias”, disse à Reuters Denilson Alencastro, economista-chefe da Geral Asset. É normal, depois de movimentos acentuados da divisa norte-americana, haver correções pontuais no sentido oposto conforme agentes financeiros realizam lucros. Na véspera, o dólar comercial subiu cerca de 1%.
Segundo Alencastro, “o mercado ainda está tentando entender até onde vai essa queda de braço entre Lula e o BC”.
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Na semana, o dólar fechou em queda de 0,37%.
(com Reuters)